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Mário Carneiro e Rachel Sisson
Mostra Homenagem
ASSISTA AQUI AOS FILMES.
A cada edição do festival Arquivo em Cartaz, a mostra Homenagem presta um tributo a um ou mais expoentes do cinema brasileiro. Em 2021, o tema Arquitetura: cenário, imaginação e personagem do cinema foi norteador na escolha dos homenageados: Mário Carneiro (1930-2007) e Rachel Sisson (1928).
Mário Carneiro foi arquiteto, artista plástico e diretor de fotografia, atividade pela qual se notabilizou. Cinéfilo erudito, iniciou sua carreira cinematográfica envolvido nos projetos do Cinema Novo, movimento que encontrou, na cidade do Rio de Janeiro, um lugar privilegiado de experimentação e expressão.
Fotógrafo de vários filmes considerados clássicos do Cinema Novo, Mário Carneiro pôde estabelecer as bases do movimento no que diz respeito à direção de fotografia. A proposta por ele desenvolvida para o filme Porto das Caixas (1962), de Paulo César Saraceni, é reconhecida como um marco do cinema brasileiro, singularizada pela sua oposição a padrões estéticos consagrados nas obras cinematográficas estrangeiras da época.
Suas experiências com xilogravura e pintura marcaram profundamente o repertório imagético da sua obra, premiada no Brasil e no exterior. Sua filmografia é extensa e engloba mais de 130 filmes.
Rachel Esther Figner Sisson estudou xilogravura e ilustração, formando-se pelo Departamento de Artes da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e em arquitetura na então Universidade do Brasil, em época em que a presença feminina nesse curso era rara.
Trabalhou como arquiteta para o Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro, direcionando seu olhar para as questões urbanas e de preservação do patrimônio construído. Premiada por vários de seus projetos, Rachel também foi conferencista, autora de artigos e livros, e integrante de associações nacionais e internacionais. Destacam-se ainda seus trabalhos como cenógrafa e documentarista.
Seu avô, Frederico Figner, foi fundador da Casa Edison, empresa de gravação de músicas que dá nome a um dos acervos custodiados pelo Arquivo Nacional.
A Mostra Homenagem exibiu filmes representativos da carreira dos homenageados em diálogo com o tema do festival, que ficaram disponíveis em plataforma de streaming durante todo período do festival Arquivo em Cartaz, de 8 a 20 de novembro de 2021. Confira a seleção de filmes:
Poluição. De Rachel Sisson e Renato Neumann. Brasil, 1971. 9min
Produção: Instituto Nacional do Cinema – INC
Acervo CTAv
As modalidades diversas de poluição do ar e da água na Guanabara, os agentes causadores e os respectivos serviços de controle, vistos sob o prisma das funções urbanas e dos serviços urbanos.
A paixão segundo Aleijadinho. De Rachel Sisson e Renato Neumann. Brasil, 1971. 8min
Produção: Renato Neumann Produções Cinematográficas
Acervo CTAv
As esculturas policromas dos Passos da Paixão, parte do conjunto arquitetônico, escultórico e paisagístico de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais. A importância do conjunto deriva, principalmente, dos trabalhos aí existentes de Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho –, expoente máximo de nossa arte colonial, incluindo os Passos da Paixão, bem como os famosos profetas em pedra-sabão do adro da igreja, executados logo após as esculturas dos Passos. As 66 figuras dos Passos foram esculpidas em madeira pelo artista em? seu ateliê entre 1796 e 1799. Elas se distribuem pelas sete cenas da Paixão representadas nos Passos: a Ceia, a Vigília no Horto, a Prisão, a Flagelação, a Coroação com Espinhos, a Subida ao Calvário e a Colocação na Cruz. A narrativa, obedecendo essa mesma ordem, aborda os aspectos mais relevantes para a compreensão de cada cena em separado, bem como da obra monumental em seu conjunto, mencionando a origem do santuário, o tema de cada cena, o partido plástico adotado – em termos de expressividade, policromia, escala, atitudes e disposição das figuras –, sua autoria, a importância da obra no contexto tanto da arte brasileira como no da arte religiosa do ocidente cristão e, finalmente, o seu significado face ao Aleijadinho como indivíduo e como intérprete do momento histórico e social das Minas Gerais do final do Setecentos.
Arraial do Cabo. De Paulo Cezar Saraceni. Brasil, 1959. 17min
Produção: Saga Filmes
Acervo CTAv
Com fotografia deslumbrante de Mário Carneiro, que codirige o filme, e texto do jornalista Claudio Mello Souza, o documentário mostra as transformações sociais e as interferências nas formas primitivas de vida de pescadores do vilarejo do Arraial do Cabo, no litoral do estado do Rio de Janeiro. A Fábrica Nacional de Álcalis, que se instalou no local, causa a morte dos peixes, o que faz com que muitos integrantes da comunidade partam em busca de trabalho. Os modos tradicionais de produção se chocam com os problemas da industrialização. Gravuras de Oswaldo Goeldi abrem o filme.
O padre e a moça. De Joaquim Pedro de Andrade. Fotografia de Mário Carneiro. Brasil, 1966. 1h33min
Produção: Difilm – Distribuição e Produção de Filmes Brasileiros Ltda., Filmes do Serro Ltda., Filmes do Triângulo
Acervo Joaquim Pedro de Andrade
Um padre, recém-ordenado, envolve-se com uma moça bonita da cidadezinha onde cumprirá sua missão sacerdotal. O homem mais rico do lugar, enciumado como todos os habitantes, propõe casamento à moça. Enfrentando a raiva da população local, o padre foge com a moça, mas, ao concretizar seu desejo, retorna à cidade para receber o castigo.
***Este filme estará disponível na plataforma de streaming apenas no dia 17 de novembro de 2021, durante doze horas, das 9h às 21h.
Gordos e magros. De Mário Carneiro. Brasil, 1977. 1h45min
Produção: Jodaf e Filmes do Serro Ltda.
Acervo Mário Carneiro
Após passar o dia malhando, comendo e bebendo, Carlos, um homem gordo, desce as escadas da mansão para encontrar os pais, Helena e Jorge, na festa que estavam promovendo. Carlos está bêbado e acaba brigando com seus pais. Insulta um dos convidados e fica descontrolado, machuca a mão em uma garrafa quebrada e foge da casa. Helena sai à sua procura. Na manhã seguinte, Carlos caminha pelas ruas do Rio de Janeiro, fugindo da mãe. Sai de um bueiro e entra num salão onde se exibe o faquir Sakhan. Carlos se debruça sobre o esquife e narra o que lhe havia acontecido na noite anterior. Decide comprar o faquir e efetua a operação com Benedito, o empresário do artista. Carlos resolve que fará de Sakhan o Recordista Mundial de Fome, convoca a imprensa e desfila na rua com o esquife. No meio do desfile, faz um discurso em prol dos gordos e é vaiado. Foge num helicóptero, junto com Benedito e Sakhan, para a casa. Lá, Das Graças, a empregada, está na piscina. Ela se junta ao trio no quarto de Carlos, onde, enquanto Benedito troca carícias com a doméstica, Carlos conta que foi um bebê rejeitado pelos pais, e uma criança desesperada por comida. Na adolescência, é rechaçado pelos amigos e pelas mulheres devido à sua gordura. Benedito narra como Sakhan veio do Nordeste para o Rio e como se conheceram. Deprimido, Carlos liga para seu médico, e ele lhe diz que a cura para seu problema é uma hibernação. Carlos decide viajar. Ele e Sakhan embarcam num avião para Nova Iorque, planejando passar antes pela Disneylândia, a fim de terem uma nova infância. Carlos desembarca, pensando estar nos EUA. Uma ambulância o espera, ele diz que já está pronto para entrar num sono profundo. As portas da ambulância se fecham e o carro parte.