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Veja a homenagem no encerramento do Arquivo em Cartaz
Nesta quarta-feira, 2 de dezembro, o Arquivo Nacional promoveu uma live sobre a cineasta Suzana Amaral, que foi escolhida como a homenageada da edição de 2020 do festival.
O evento contou com a participação de Myrna Brandão, presidenta do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB) e diretora cultural da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ); Nicole Allgranti, documentarista, fotógrafa e professora de cinema; e Mauro Domingues, arquivista, com experiência no Centro Técnico Audiovisual (CTAV) e servidor do Arquivo Nacional. A mediação foi realizada por Antonio Laurindo, coordenador de documentos audiovisuais e cartográficos do AN, e curador das edições de 2015, 2016, 2017 e 2018 do Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo.
Suzana Amaral (1932-2020) foi uma importante cineasta e roteirista brasileira. Sua trajetória teve início quando ela ingressou no curso de cinema da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em 1968. No início da década de 1970, trabalhou na TV Cultura como produtora e diretora de diversos curtas-metragens para o programa Câmera Aberta, além de ministrar aulas de fotografia e roteiro na ECA. Decidida a fazer ficção, Suzana obteve uma bolsa de mestrado em cinema na New York University, e durante o período em que morou nos Estados Unidos, desenvolveu o projeto para o documentário participativo "Minha vida, nossa luta", sobre a organização das mulheres na periferia paulistana.
Sua estreia no cinema de ficção aconteceu em 1985, com a adaptação cinematográfica da obra-prima literária de Clarice Lispector "A hora da estrela". O longa-metragem homônimo, exibido em mais de 25 países, foi sucesso de crítica e ganhou vários prêmios nacionais e internacionais – no Festival de Brasília, em Havana e no Festival de Berlim, onde recebeu o prêmio da crítica para Suzana Amaral e o Urso de Prata de melhor atriz para Marcélia Cartaxo.
Sua obra é marcada pelo encontro da literatura com o cinema. Seus dois últimos longas, "Uma vida em segredo" (2001) e "Hotel Atlântico" (2009), foram “transmutações” – conceito desenvolvido pela própria cineasta para explicar a recriação de livros em filmes – dos romances de Autran Dourado e João Gilberto Noll, respectivamente.
Em 2009, o CPCB restaurou o filme "A hora da estrela", que se encontrava em estado de deterioração. O projeto para recuperação do material fílmico, patrocinado pela Petrobras BR e incentivado pelo Ministério da Cultura, dispôs de uma equipe coordenada pelo restaurador Francisco Sérgio Moreira (1952-2016). A restauração contribuiu, sobremaneira, para a preservação da nossa cinematografia, e o filme pôde, finalmente, voltar às telas. Uma cópia restaurada integra o acervo do Arquivo Nacional e foi exibida durante a programação do Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo 2020.
Suzana Amaral faleceu em junho de 2020, aos 88 anos, deixando um grande legado fílmico produzido ao longo de mais de cinquenta anos de carreira.