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Teatro na II Semana Nacional de Arquivos: entrevista com diretor de "E o mar já não existe"
Dentro das atividades do Arquivo Nacional na II Semana Nacional de Arquivos foi realizada, em 05 de junho, uma apresentação da peça “E o mar já não existe”, do Grupo Cia Bagagem Ilimitada. Em “E o mar já não existe” é apresentada a história de duas mulheres aprisionadas e um soldado, que representam arquétipos unidos em um momento extremo de suas vidas. Eles lutam por sua sobrevivência na ausência das suas humanidades. A Assessoria de Comunicação do Arquivo Nacional, com colaboração da Coordenação de Pesquisa, Educação e Difusão do Acervo, entrevistou Paulo Victor Israel, diretor da peça.
Arquivo Nacional: Qual a expectativa quando recebeu o convite para se apresentar no Arquivo Nacional?
Paulo Victor Israel: Foi muito boa. Pra nós da Cia. Bagagem Ilimitada, apresentar no Arquivo Nacional, é muito interessante. Primeiro porque acreditamos que o espaço tem tudo a ver com a proposta do espetáculo. É uma peça documental, que mesmo baseada numa ficção, remete a um fato real da nossa sociedade. E em segundo tem a ver com a nossa filosofia de trabalho que é ocupar outros espaços públicos levando arte e promovendo o teatro para um maior público.
AN: Quais os efeitos dessa iniciativa para a difusão do teatro e da cultura?
PVI: Quando bem elaborado, o melhor possível! Digo isso, pois eu acredito muitos nessas iniciativas. O Teatro é um objeto transformador para nossa sociedade e movimentos como esse ajudam a criar novos públicos e a fortalecer essa arte. O Teatro, na nossa cidade, fica muito restrito a uma parcela da população. Precisamos democratizar mais os espaços públicos, pois só assim teremos bons resultados e um alcance melhor de plateia.
AN: Como foi a experiência de dirigir uma peça no Arquivo Nacional?
PVI: Foi interessantíssimo. O espaço me abriu para novas possibilidades e fiquei com muita vontade de fazer uma temporada nele.
AN: Pode falar um pouco da sua carreira e da Companhia Bagagem Ilimitada?
PVI: Eu me formei em 2012 na Casa das Artes de Laranjeiras e desde então vivo do Teatro. De lá pra cá foram muitas experiência atuando, escrevendo e dirigindo. Em 2012 levei um projeto que idealizei e produzi para o FRINGE, em Curitiba, chamado "Desculpe o Pó". Fui convidado em 2013 para atuar em "120 de Sodoma" com direção do Luiz Furlaneto. Daí em 2014 eu conheci a minha sócia Jacyara de Carvalho e em 2015 fundamos a Cia Bagagem Ilimitada. A companhia Bagagem Ilimitada, formada no ano de 2015, nasce de um desejo mútuo de construir um espaço na cena teatral brasileira baseado na criação de dramaturgia própria e pesquisa de linguagem.
AN: A Semana Nacional de Arquivos é uma temporada de eventos em arquivos e centros de memórias, com o objetivo de difundir os arquivos junto à sociedade. Como foi participar desse evento?
PVI : Foi uma honra! Acho que as artes em geral precisam estar mais integradas com a agenda da cidade. Levar teatro, música e dança para eventos como esse só ajudam a valorizar mais a nossa história. Aumenta a visibilidade e atrai um público mais diversificado.
AN: O que você acha de iniciativas como a Semana de Arquivos, que visam aproximar o cidadão dos arquivos por meio da cultura e das artes?
PVI: Eu acho necessário! Iniciativas como essa ajudam na resistência cultural e na valorização de nossa arte e história.
Além do espetáculo "E o mar já não existe" (2017), fazem parte do repertório da Cia. Bagagem Ilimitada a peça “Cotidianas” (2015), a web série “Jurema Home House” (2015), o espetáculo “Chilenos ou Franceses” (2016) e diversas contações de histórias a convite de editoras como a Companhia das Letrinhas.