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20 de outubro
Seminário homenageia arquivistas no dia da categoria
Para celebrar o Dia do Arquivista, colaboradores e usuárias/os do Arquivo Nacional (AN) participaram do Seminário Maria Odila Fonseca, realizado na sede da instituição, no Rio de Janeiro, neste 20 de outubro de 2023.
A efeméride remete à data da proposta de criação, há exatos 200 anos, do Arquivo Público do Império – que deu origem ao Arquivo Nacional –, quando da Assembleia Constituinte em 1823. A comemoração remonta, também, à fundação da Associação de Arquivistas Brasileiros, em 1971.
Na abertura do evento, a diretora-geral do AN, Ana Flávia Magalhães Pinto, observou que a compreensão do que é "ser arquivista" foi sendo moldada ao longo do tempo, e a profissão, como hoje é entendida, somente foi regulamentada em 1978. "Agradecemos sinceramente a cada arquivista que tem se dedicado a construir, reconstruir e fortalecer essa profissão", disse Ana Flávia. A gestora, em sua fala, enfatizou o reconhecimento e a valorização do comprometimento de “cada profissional da Arquivologia que faz do seu ofício um instrumento para assegurar a cidadania".
Durante a mesa de debates “Partilhando saberes e boas práticas arquivísticas”, profissionais de instituições com diferentes naturezas jurídicas relataram suas experiências no trabalho junto ao patrimônio documental, nas esferas pública e privada.
A arquivista Adriana Mattos Rodrigues, que também é ialorixá do ilê Omi Olodo Tolá, trouxe a perspectiva dos registros das religiões e da cultura de matriz africana no Brasil, que não atendem aos requisitos tradicionais dos documentos de arquivo. Ela ressaltou, por exemplo, a importância de se preservar a oralidade, uma vez que parte significativa da população de origem africana foi privada, em diversos momentos, do acesso pleno à educação formal e à escrita. “Guardar falares dos nossos velhos é basilar para que não nos percamos nos moldes ocidentais”, destacou.
Já Rebeca Patrício, gestora do Arquivo Público do Estado da Paraíba, falou de suas vivências numa instituição de guarda de acervo governamental. Segundo ela, como o arquivo estadual foi criado oficialmente na Paraíba só em 2018, ele já nasceu com um olhar voltado para os desafios da documentação digital. Com a implementação do sistema de tramitação de processos em meio digital nos órgãos da administração estadual, apontou Rebeca, a produção de documentos digitais aumentou exponencialmente.
Luciana Dourado e Sandro Gomes, da Gerência de Administração de Arquivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apresentaram a estrutura, inciativas e desafios de uma empresa pública que produz, gerencia e mantém os registros de suas atividades. O advento de uma política corporativa de arquivos no BNDES, explicaram os técnicos, contribuiu para uma série de ações que fizeram a gestão dos documentos da instituição financeira avançar. Como exemplos, citaram a elaboração e aprovação de instrumentos de gestão (código de classificação e tabela de temporalidade e destinação dos documentos das atividades-fim), e o estudo de conceito para a aquisição de um Sigad (Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos, de acordo com os requisitos do e-ARQ Brasil).
Lançamentos
Após as perguntas colocadas pela plateia, que assistia presencialmente e on-line, foi realizado o debate de lançamento das publicações que venceram a edição de 2021 do Prêmio Nacional de Arquivologia Maria Odila Fonseca, promovido pelo AN com o objetivo de apoiar o desenvolvimento da área de arquivos no país. Em 2017, o AN retomou a ideia de uma premiação voltada exclusivamente para o setor, iniciada pela extinta Associação dos Arquivistas Brasileiros, cujo acervo está sob custódia da instituição, para tratamento, preservação e acesso ao público. O concurso de monografias também representou uma oportunidade de homenagear Maria Odila Fonseca, renomada professora de Arquivologia da Universidade Federal Fluminense e servidora do AN.
Os vencedores da 3ª edição (2021), que foram premiados com a publicação impressa de suas obras, participaram da cerimônia remotamente, e puderam falar mais sobre seus trabalhos. Veja como adquirir os lançamentos aqui. São eles:
- Categoria Monografia de Graduação: Lívia Oliveira Job, bacharel em Arquivologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Título: "Projetos finais de engenharia rodoviária: uma análise tipológica".
- Categoria Dissertação de Mestrado: Paulo José Viana de Alencar, mestre em Ciências da Informação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Título: "A Primeira Reunião Interamericana de Arquivos e sua influência no desenvolvimento teórico-prático da Arquivologia brasileira".
- Categoria Tese de Doutorado: Francisco Alcides Cougo Júnior, doutor em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Título: "A patrimonialização cultural de arquivos no Brasil".
As mesas de debate do Seminário Maria Odila Fonseca estão disponíveis, na íntegra, no canal do AN no YouTube.