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Samba de enredo é tema de debate no Arquivo Nacional
Foi realizado na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, na tarde desta quarta-feira, 19 de setembro, o debate “Samba de enredo, a porta de entrada”. A mesa foi composta por grandes nomes do samba de enredo do país como o professor Luiz Antonio Simas, o musicólogo Ricardo Cravo Albin e pelos compositores Tiãozinho da Mocidade e Claudio Russo. A mediação foi feita pelo jornalista Fred Soares.
O debate teve como tema a origem, a perspectiva e o futuro do samba de enredo. Foi ressaltada, ainda, a importância de toda sua conquista com muita luta para ganhar um espaço dentro da música popular brasileira, apesar de ter sido um estilo musical gestado e mantido ao longo dos anos basicamente por compositores populares, diferentemente da maioria dos outros gêneros musicais que se destacaram no Brasil.
O professor e historiador brasileiro Luiz Antonio Simas afirma que o samba de enredo recebeu várias contribuições ao longo dos anos e que são a partir destas influências que ele vai se codificando como gênero. Para o professor, buscar um marco para explicar a origem do samba não faz sentido. É interessante entender como um processo que vai se constituindo como gênero de samba muito específico. Em suas palavras: “O samba de enredo é um gênero muito particular do samba, é um gênero épico da musica urbana, é um samba que foi se codificando a partir de diversas contribuições de grandes compositores e que, por fim, teve a capacidade de dialogar com seu tempo. E com todos os percalços, o samba de enredo continua como um gênero vivo”
Ricardo Cravo Albin, musicólogo responsável pelo maior dicionário da música popular brasileira do mundo - Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, acrescenta em sua fala que o samba de enredo é um samba de encomenda, que precisa ser feito para contar uma determinada história, para uma escola de samba, porém há sambas que por sua força, ficam e se tornam inesquecíveis.
Tiãozinho da Mocidade, nascido na Vila Vintém, contou sua trajetória no samba como morador de sua comunidade e componente da GRES Mocidade Independente de Padre Miguel. “A escola de samba era onde você podia mostrar que sabia fazer alguma coisa. Começo a escrever na Mocidade e tenho a felicidade de fazer grandes parcerias e colocar para fora tudo o que estava guardado dentro de mim. Eu, um moleque de favela, comecei a fazer samba de enredo. Fomos campeões em 1983 ,1985, 1986,1990 e 1991. Foi maravilhoso poder cantar a minha comunidade, falar da minha vida.”
Por fim, o compositor Claudio Russo contou sua trajetória e ressaltou a dificuldade que encontrou para entrar neste meio do samba e que chegou a ser aconselhado a “tocar rock na esquina”. Hoje, com mais de 120 sambas ganhos, além de ter vencido em várias agremiações de diversos carnavais, o compositor afirma que “Fazer samba é um vício”.
O debate teve transmissão ao vivo na página do Facebook e pode ser assistido na íntegra aqui.