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Revista Arquivo em Cartaz aborda arquitetura no cinema e nos acervos
No dia 18 de novembro, o Arquivo em Cartaz promoveu o lançamento de sua revista, que é produzida pelo festival desde a primeira edição. A deste ano traz como tema "Arquitetura: cenário, imaginação e personagem do cinema", com o objetivo de divulgar reflexões acerca da preservação audiovisual e do cinema de arquivos.
Acesse aqui a Revista Arquivo em Cartaz 2021.
Na mesa de debate que lançou a publicação, participaram os articulistas Marcelo Nogueira de Siqueira, Suély C. Góes Balo, Luciana Savaget, Walter Couto, José Luiz Macedo de Faria Santos e Joel Pizzini. A mediação foi realizada por Antonio Laurindo, arquivista e servidor do Arquivo Nacional.
Professor-adjunto do Departamento de Arquivologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Marcelo Nogueira abriu o debate, destacando a importância da revista, que “surge com uma proposta muito interessante de dar outros olhares para os acervos audiovisuais”. Na sequência, Marcelo falou sobre seu artigo “O acervo audiovisual de Max Stahl, e a independência de Timor-Leste: patrimônio e identidade, história e memória”, no qual ressalta a importância do acervo audiovisual no processo de independência do Timor-Leste, pois foi a partir das filmagens do jornalista britânico Max Stahl que o mundo tomou conhecimento do país.
Relatou, ainda, que mesmo após a independência, com reportagens e documentários, o acervo audiovisual promoveu, também, a memória e o patrimônio cultural local, em um processo de construção de identidades e memórias. A Unesco declarou, posteriormente, que o Timor-Leste foi a primeira nação da história a alcançar sua independência por meio do poder das imagens em movimento.
Em seguida, Suély C. Góes Balo, analista técnica do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv) da Secretaria Nacional do Audiovisual, tratou do papel essencial da arquitetura para a salvaguarda do vasto acervo que chega ao órgão onde trabalha. Com seu artigo, “Relato de experiência: reserva técnica do Centro Técnico do Audiovisual”, a analista reafirmou que os responsáveis pelos arquivos audiovisuais precisam trocar conhecimento e experiências, para que se possa trabalhar com a aprendizagem gerada.
A jornalista e escritora Luciana Savaget trouxe ao debate a reflexão sobre as formas de reprodução e armazenamento dos arquivos, e o perigo da obsolescência da tecnologia. Como autora do artigo “O resgate da memória na televisão”, Luciana, que se diz apaixonada pela memória, mostrou-se angustiada com o futuro desses documentos. “A memória não pode se perder”, manifestou.
Já Walter Couto, doutorando em Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo, apresentou seu artigo "Digitalizar, preservar, pesquisar: direitos culturais como limitações aos direitos autorais”. No texto, o pesquisador debateu a dificuldade representada pelos direitos autorais no processo de digitalização para fins de preservação.
José Luiz Macedo de Faria Santos, graduado em Geografia pela Universidade Federal Fluminense e supervisor da Equipe de Processamento Técnico de Documentos Cartográficos do AN, demonstrou, em seu artigo “A arquitetura nas gavetas do Arquivo Nacional: memória preservada”, a diferença entre plantas de arquitetura e cartografia, e o motivo pelo qual ambas estão no setor de cartografia, embora sejam elementos distintos.
Por fim, Joel Pizzin, autor de filmes como "500 almas", "Olho nu" e "Mr. Sganzerla", e curador da restauração da obra de Glauber Rocha, contou a história por trás do seu artigo “Arquitetura do transe: a influência das sobras”. O autor narrou que, ao realizar um filme chamado “Glauces - estudo de um rosto”, decidiu que seria interessante, do ponto de vista cinematográfico, trabalhar a partir das imagens de arquivos. Então foi ao CTAv e encontrou uma caixa que estava fechada havia anos, com sobras do material não utilizado no filme “Terra em transe”, principal filme da atriz Glauce Rocha.
Ao final de sua fala, o cineasta exaltou a importância da preservação da memória: “A memória só faz sentido ser preservada em relação às pessoas (...) a história de um país precisa ser preservada e compartilhada”.