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Registro de entrada de Pierre Verger no Brasil sob a guarda do Arquivo Nacional
O acervo do Serviço de Polícia Marítima e de Fronteira (SPMAF), sob a guarda da Coordenação Regional do Arquivo Nacional em Brasília, guarda o registro de entrada no Brasil, em 1946, do fotógrafo, etnólogo e babalaô francês, Pierre Edouard Léopold Verger.
Pierre Verger nasceu em Paris, em 1902, em uma típica família burguesa. Com seu pai, Leopold Verger, empresário belga das artes gráficas, sua mãe, Marie Adéle Samuel, e mais dois irmãos, residiam no luxuoso distrito 16. Em 1932, com a morte da mãe, tornou-se o único descendente da família, pois os seus irmãos faleceram prematuramente, e o pai, no ano de 1915. Assim, aos 30 anos de idade, Verger abandonaria o destino traçado por seus pais e se reinventa, seguindo para as Ilhas do Pacífico e encontrando uma nova profissão: a de fotógrafo. Verger foi um dos associados da famosa agência Alliance Photo , fundada em Paris, em 1934. Viajou por diferentes regiões do mundo durante muitos anos, reunindo uma vasta documentação e realizando um importante trabalho fotográfico, desde o registro de paisagens, tipos humanos das mais distintas origens, hábitos, costumes e rituais religiosos.
Segundo os documentos do Arquivo Nacional, em pleno pós-guerra, em 13 de abril de 1946, Verger desembarcou na cidade de Corumbá. Três dias depois, estava em São Paulo para encontrar o professor francês Roger Batiste, ocupante da cátedra de Sociologia no Departamento de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo - USP, vaga ocupada anteriormente pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss. Batiste e Verger realizaram numerosos trabalhos em parceria. Ao estabelecer residência no Rio de Janeiro, Verger foi contratado pela maior revista do país à época, O Cruzeiro, sendo designado para a sua sucursal em Salvador, uma vez que, no Rio de Janeiro, já atuava o fotógrafo frânces Jean Mazon, que trabalhava com o jornalista David Nasser. O ofício na revista permitiu a Verger obter sua permanência definitiva no Brasil, em 5 de junho de 1946, obtendo assim a carteira de residente estrangeiro.
Pierre Verger se apaixonou pela Bahia e realizou viagens pela costa ocidental da África, principalmente Daomé e Nigéria, intensificando suas pesquisas sobre a influência e a relação entre a cultura africana e a baiana. Seus estudos o levaram a envolver-se com o candomblé, exercendo funções no ritual religioso. Na Bahia, foi Ogã no Opô Afonjá da Mãe Senhora e no Opô de Aganju de Balbino. No Daomé, foi iniciado como babalaô, quando estudava a arte adivinhatória de Ifá, recebendo o nome de Fatumbi – renascido pelo Ifá.
Pierre Fatumbi Verger, como ficou conhecido, faleceu em 1996, deixando à Fundação Pierre Verger a tarefa de prosseguir com o seu legado.
Referência dos documentos; SPMAF, prontuário nº 1360, caixas 74 e 527.
Fonte: Coordenação-Geral Regional no Distrito Federal - COREG.