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Oficina sobre ensino de História afro-brasileira com acervo do AN
O projeto Arquivo nas Escolas trouxe, na última sexta-feira (7 de maio), a oficina on-line “Movimento Negro, mulheres negras, acervos e escolas”, que abordou a proposta em torno de uma pedagogia voltada para um ensino antirracista, com apoio do acervo sob a guarda do Arquivo Nacional.
Assista aqui à oficina na íntegra.
Resultado da parceria entre a área de Educação em Arquivos da instituição e a Gerência de Relações Étnico-raciais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, a oficina foi ministrada pela professora Carla Lopes, servidora aposentada do AN que atua na Coordenação das Áreas do Conhecimento da Secretaria de Estado de Educação.
Em sua fala, Lopes mencionou a importância das leis n.º 10.639/2003 e n.º 11.645/2008, que alteraram as diretrizes e bases da educação brasileira, e instituíram a obrigatoriedade da presença da temática "História e cultura afro-brasileira e indígena".
A oficina analisou aspectos da educação antirracista, que pressupõe a existência de um projeto político-pedagógico, com estratégias bem definidas, e um currículo que corresponda a esses objetivos. A professora voltou na história do próprio Movimento Negro – dos movimentos que o antecederam, como as corporações de ofício e irmandades negras – para legitimar seu reconhecimento como propulsor de mudanças sociais. “O Movimento Negro como um movimento educador”, afirmou.
Lopes apresentou aos participantes, dentre eles dezenas de professores, os recursos que o AN oferece para o trabalho pedagógico a partir do acervo sob sua guarda, como as fotos do jornal “Correio da Manhã” . Reconhecido como o principal jornal brasileiro entre as décadas de 1930 e 1950, seu acervo iconográfico encontra-se custodiado na instituição, e possui diversos registros fotográficos da participação dos negros, em especial na cultura , até a década de 1970. Por meio do Sistema de Informações do AN (Sian) , é possível encontrar também documentos do Serviço Nacional de Informação do regime militar (1964-1985) que demonstram a perseguição política a membros do Movimento Negro.
A professora destacou, ainda, o volume 22 da revista Acervo, intitulado “O negro na sociedade contemporânea” , como um marco na forma como o próprio AN, que edita a publicação, se posicionava como guardião de parte da história do negro no Brasil. Além de ser a entidade custodiadora de importantes documentos que relatam a escravização negra e seu término, como a Lei Áurea , a instituição também disponibiliza registros da luta da população negra por sua liberdade e pelo exercício de sua plena cidadania. A partir desse novo olhar impresso pela revista Acervo , deu-se mais atenção a acervos como o da professora e ativista Maria Beatriz Nascimento, sob custódia do AN, que nomeou sua biblioteca em homenagem à titular do fundo .
O projeto Arquivo nas Escolas tem como principal objetivo a difusão do acervo sob a guarda do AN e estimular seu uso por professores em sala de aula. Ele foi inaugurado com a oficina “Aprendendo com conteúdo confiável – os sites do Arquivo Nacional e a sala de aula”, com o professor Thiago Mourelle .