“É um recurso educacional incrível. Você está vendo o documento, a caligrafia. Essa cultura de compartilhamento de conhecimento consegue estabelecer uma relação de vitória de todos os lados”, comemora João Alexandre Peschanski, que coordena a iniciativa com os editores da Wikipédia e viabiliza também o acesso ao acervo de imagens de museus da USP como a Matemateca e o Museu de Anatomia Veterinária.
A iniciativa
Glam
(sigla em inglês para “Galerias, Bibliotecas, Arquivos e Museus”), da Wikipédia, já publicou itens de mais de 100 instituições em todos os continentes. No Brasil, passaram a ilustrar verbetes da enciclopédia virtual mais de 500 imagens e documentos do Arquivo Nacional, como a Lei Áurea, as Constituições do País e os Atos Institucionais da ditadura militar. “Isso muda completamente a relação do cidadão com a documentação”, diz o diretor-geral substituto do órgão, Diego Barbosa.
Entre alguns dos itens mais curiosos estão o passaporte de Santos Dumont, uma ilustração de um eclipse solar registrado em 7 de setembro de 1858 por uma comissão astronômica instituída por d. Pedro II, um documento censurando a novela
Roque Santeiro
e uma declaração do Barão de Caxias encerrando a Revolução Farroupilha.
Nicolas Maia é um dos editores voluntários da Wikipédia e acredita na difusão de cultura como principal motivação: “É excelente tanto para os leitores quanto para as instituições. De que adianta arte e conhecimento se estão longe do público?”.
Peschanski, informa que a licença com a qual o Glam trabalha permite o remix das obras. “Há um universo rico de apropriação desse conteúdo. Uma coisa é ter um quadro protegido por barreiras econômicas e simbólicas, e outra é permitir que se faça dentro do limite da lei o que se quiser com a obra de arte.”
Em fevereiro, o Metropolitan, de Nova York, tornou disponível sua coleção digitalizada que estava em domínio público, cerca de 375 mil imagens. O Museu do Ipiranga cedeu quase 200 pinturas de Benedito Calixto, Tarsila do Amaral, Pedro Américo e outros. O
Château de Versailles
, na França; o
Museo Galileo
, na Itália; o
National Museum
de Nova Délhi, na Índia; a
National Library
, de Israel; e o
Museu de Arte Popular
, do México são alguns dos que aderiram ao Glam. Já houve conversas com o Itaú Cultural e o Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de SP, segundo Peschanski. Mas existe o interesse de ampliar esse rol: “Quanto mais instituições, melhor”.
“Estamos numa era em que as plataformas digitais permitem e exigem isso”, reflete a professora Solange. “Disponibilizar essas imagens chama o público, desperta uma curiosidade, porque nada substitui a vivência olhar uma pintura de grandes dimensões ao vivo”, pondera ela, lembrando que as obras já estão na internet, mas agora estarão em melhor qualidade e com metadados, o que impede que sejam descontextualizadas. “A tendência é que haja mais apropriações benéficas, que tragam reflexões, do que mau uso dessas imagens”, prevê a diretora.
"A indústria cultural tem dificuldade de absorver, mas há uma tendência de se disponibilizar os acervos digitalmente”, avalia Peschanski. “A questão que se coloca no Brasil é a escassez de acervos digitalizados, pois o processo envolve custos. No mundo desenvolvido, até coleções privadas estão sendo liberadas. Ainda estamos atrasados, mas as instituições públicas passam por uma discussão ampla de transparência”, conclui.
Fonte:
Estadão
Publicado por:
ASCOM-Assessoria de Comunicação Social
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