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Exposição “Os primeiros brasileiros” aberta ao público
Na última quarta-feira, 2 de outubro, foi realizada a solenidade de abertura da exposição “Os primeiros brasileiros". A mostra é composta pelas únicas peças da coleção do acervo antropológico do Museu Nacional que sobreviveram ao incêndio ocorrido em setembro de 2018, e traz registros sobre os povos indígenas da região Nordeste do Brasil.
A exposição, que estava em cartaz no Distrito Federal na ocasião da tragédia, retrata a colonização, as narrativas indígenas e os desafios atuais. As imagens e documentos expostos proporcionam aos visitantes uma viagem pela história dos povos indígenas do Brasil.
A cerimônia de abertura contou com a presença da diretora-geral do Arquivo Nacional, Neide De Sordi; do diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner; do curador da exposição, João Pacheco de Oliveira; do vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Frederico Leão Rocha; e do coordenador da Articulação dos Povos de Comunidades Indígenas do Nordeste, Espírito Santo e Minas Gerais (Apoinme), Paulo Tupiniquim. Durante a comemoração, a banda do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro entoou o Hino Nacional Brasileiro e músicas do repertório popular brasileiro, como "Carinhoso", de Pixinguinha.
Para o curador João Pacheco de Oliveira, a mostra está inserida na prática do Museu Nacional de elaborar exposições marcadas pela proximidade com os povos indígenas e que estão atentas aos “valores das populações e estratégias reais de luta e mobilizações”. Oliveira destacou que as peças exprimem algo vivo, associado aos povos indígenas que produziram os materiais e que reproduzem e atualizam sua cultura nas práticas cotidianas. O curador falou sobre a realização da mostra no prédio do Arquivo Nacional e destacou que a beleza da sede da instituição, com seus vitrais e escadaria, integrou-se ao processo de elaboração, constituindo também o contexto da mostra.
O coordenador da Apoinme, Paulo Tupiniquim, destacou a importância da exposição para contar parte da história dos povos indígenas do Nordeste brasileiro, um fato que é desconhecido por muitas pessoas. Tupiniquim ressaltou a diversidade e a força da cultura dos cerca de 70 povos indígenas que habitam uma região que vai da Bahia ao Piauí.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, frisou que a realização da mostra na sede do Arquivo Nacional faz parte de um amplo movimento, nacional e internacional, em apoio à recuperação da instituição. Para Kellner, a exposição, assim como a presença do público, demonstra que o Museu Nacional está vivo.
Para a diretora do Arquivo Nacional, Neide De Sordi, o evento é uma grande oportunidade para que a instituição atue em apoio ao Museu Nacional, informando que a mostra está integrada a um conjunto amplo de ações, como apoio técnico, guarda de acervo e doação de mobiliário. Neide De Sordi informou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), ao qual o Arquivo Nacional está subordinado, é sensível à tragédia ocorrida no Museu Nacional, e atuou para a liberação de recursos para obras que visam salvaguardar o acervo do Arquivo nacional. Enfatizou também que é muito oportuna a realização de uma exposição com temática indígena na instituição, em um momento em que o MJSP recebeu de volta a Fundação Nacional do Índio (Funai) em sua estrutura.
Carlos Frederico Leão Rocha, vice-reitor da UFRJ, enfatizou que o Museu Nacional não é apenas um espaço expositivo, mas uma unidade de pesquisa e ensino. Rocha louvou a iniciativa do Arquivo Nacional em receber a exposição, o que permite compreender que não há como falar em Brasil sem falar de suas populações indígenas. Para o vice-reitor, “não há como se sentir brasileiro sem se sentir indígena”.
Durante a solenidade, a diretora do Arquivo Nacional e o diretor do Museu Nacional assinaram protocolo de intenções entre as duas instituições.
A realização da exposição está integrada a uma série de ações do Arquivo Nacional em apoio ao Museu Nacional, que envolve também guarda de acervo, doação de mobiliário e auxílio técnico.
O público pode conferir a mostra, das 9h às 18h, de segunda a sexta, na sede do AN (Praça da República, 173 - Centro do Rio de Janeiro).