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Encerramento
A cerimônia de encerramento da I Semana Nacional de Arquivos, nesta sexta-feira, 09/06, foi uma homenagem a Maria Beatriz Nascimento, pesquisadora e ativista do movimento negro. Maria Beatriz Nascimento dá nome à biblioteca do Arquivo Nacional e seu acervo pessoal foi doado à instituição.
Estavam presentes, representando a família da homenageada, suas sobrinhas Luena e Evorah Nascimento; e as militantes do movimento negro Ivanete da Silva (Movimento Negro Unificado, Fórum das Mulheres de Caxias e Marcha das Mulheres Negras) e Maria Eldeane Sobral de Sena (Educafro Rio). A mediação foi feita por Clóvis Molinari do Arquivo Nacional.
O evento teve início com a exibição do filme Orí, o trabalho mais conhecido de Maria Beatriz Nascimento, que apresenta sua trajetória pessoal como forma de abordar a comunidade negra. O filme, dirigido por Raquel Gerber, é narrado pela própria Beatriz.
O coletivo artístico Confraria do Impossível apresentou uma performance abordando o tema da resistência negra.
Em seguida, a mesa de debates relembrou a história da homenageada e as causas que Maria Beatriz defendeu. Luena Nascimento falou sobre a importância do Arquivo Nacional na preservação da memória de Maria Beatriz, por promover a guarda e o acesso ao acervo pessoal da pesquisadora. "É preciso resgatar a história e fazer dela o nosso fortalecimento. Beatriz deixou um legado de luta e resistência", ressaltou Ivanete da Silva, do Movimento Negro Unificado.
Ao fim da cerimônia, o diretor-geral interino do Arquivo Nacional, Diego Babosa da Silva, entregou às sobrinhas de Maria Beatriz Nascimento menção honrosa em sua homenagem.
Conheça a trajetória de Maria Beatriz Nascimento
Intelectual, pesquisadora e ativista, Beatriz Nascimento nasceu em Aracaju. Filha de dona de casa e pedreiro, ela e seus dez irmãos migraram para o Rio de Janeiro na década de 1950. Com 28 anos de idade iniciou o curso de graduação em História, na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, formando-se em 1971. Durante a graduação fez estágio no Arquivo Nacional com o historiador José Honório Rodrigues. Formada, passou a trabalhar como professora de História, articulando ensino e pesquisa. Nessa mesma época, passaria a exercer sua militância intelectual através de temáticas ligadas à cultura negra, estudiosa das questões relacionadas ao racismo e aos quilombos. Seus artigos foram publicados, deu inúmeras entrevistas, tornou-se uma referência de inteligência e lutas.
Sua trajetória foi interrompida quando estava fazendo mestrado em Comunicação Social. Beatriz foi assassinada ao defender uma amiga de seu companheiro violento. Faleceu em 28 de janeiro de 1995, no Rio de Janeiro, aos 53 anos de idade.
Em 2016, foi realizado um concurso para dar nome à Biblioteca do Arquivo Nacional. Maria Beatriz foi vencedora com 85% dos votos.
Ascom
09/junho/2017