Notícias
Doação de documentos revela atividades do serviço de informações no regime militar
Membros da família do oficial da Marinha Carlos Henrique Brack estiveram na sede do Arquivo Nacional, em 18 de janeiro, para assinar o termo de entrega do acervo do militar para custódia na Instituição.
Os filhos do oficial - Cláudia, Fernanda, Ingrid e Marcelo - decidiram fazer a doação após breve contato com os documentos deixados pelo pai, falecido em 2016. Com a análise de técnicos do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil - Memórias Reveladas (1964-1985), foram encontrados documentos que relacionavam Brack com as atividades do serviço de inteligência da ditadura militar nos anos 1970. Segundo a própria família, ele lecionou na Escola de Guerra Naval no período, e os documentos - alguns deles, sigilosos na época - oferecem um recorte da formação dos oficiais destinados a esse tipo de trabalho, como apostilas, relatórios e até mesmo um exemplar do "Minimanual do Guerrilheiro Urbano", de Carlos Marighela, acumulado possivelmente como amostragem das publicações que circulavam entre os potenciais "terroristas".
O acervo conta, ainda, com um documento assinado por Emílio Garrastazu Médico, antes de o general do Exército se tornar presidente. "A doação contribui para o preenchimento de uma lacuna", afirmou Mauro Domingues, Coordenador-Geral de Processamento e Preservação do Acervo do AN. "Ajuda a entender melhor a atuação da Marinha no período, sobre a qual dispomos de poucos documentos, em comparação com as demais forças armadas". Por meio do recolhimento do acervo da Comissão Nacional da Verdade, informou Domingues, já foram recebidas mais de doze milhões de páginas sobre o regime militar.
O acervo de Brack será processado como um fundo privado. O AN trata e dá acesso a fundos privados de interesse público, como os do Presidente João Goulart, de Luís Carlos Prestes, Apolônio de Carvalho, Mário Lago e do extinto jornal "Correio da Manhã".
--------------------------
Equipe da ASCOM
19 de janeiro de 2017.