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Cartas de Arquivo - confira a 5ª edição
A quinta edição do projeto “Cartas de Arquivo”, uma parceria do Arquivo Nacional com a Definitiva Cia. de Teatro e a Via 78, traz ao público a carta do jornalista José Alberto Gueiros ao colega de profissão José Amádio. Na correspondência ele comunica sua viagem aos Estados Unidos da América para assistir a uma explosão atômica. A carta pertence ao fundo de natureza privada José Amádio (BR RJANRIO J9 caixa 2, dossiê 17), que foi doado ao Arquivo Nacional por Vicky Adler Amádio, viúva do jornalista, em 2013. Correspondências; entrevistas; reportagens e matérias jornalísticas referentes às atividades de José Amádio na revista O Cruzeiro , Revista do Globo e Revista Capixaba ; exemplares de periódicos e recortes de jornais e de revistas, além de registros pessoais do escritor e jornalista são alguns dos documentos textuais que compõem o fundo. Assista à leitura dramatizada dessa carta no YouTube do Arquivo Nacional clicando aqui .
Conheça o contexto histórico da carta :
De maio a outubro de 1957, o deserto de Nevada (EUA) foi palco de uma série de 29 testes nucleares gerenciados pelo governo norte-americano, que ficou conhecida como operação Plumbbob . Representantes de 47 países aliados, incluindo o Brasil, puderam observar explosões atômicas como aquelas que destruíram as cidades de Hiroshima e Nagasaki ao final da Segunda Guerra Mundial.
Os embates políticos, econômicos e militares que se seguiram durante a Guerra Fria (1947–1991) fizeram do desenvolvimento científico e tecnológico baluarte da disputa polarizada entre EUA e URSS. A corrida pela posse de armas nucleares com toda engenharia relacionada tornou-se fundamental para assegurar o lugar de domínio no sistema mundial. Assim, experiências atômicas foram realizadas, numa competição implacável entre as principais potências pelo controle e posse de um grande arsenal nuclear, sob a égide da segurança nacional.
Além de demonstrar o poderio militar norte-americano para o resto do mundo, operações como a Plumbbob buscavam testar a nova tecnologia de forma controlada (o que nem sempre ocorria), buscando dissipar temores provocados na opinião pública, pávidos dos efeitos de uma guerra nuclear que poderia por fim a nações inteiras.
Discussões sobre o uso pacífico da energia nuclear, a bomba atômica e a exploração das reservas nacionais de minerais radioativos foram traduzidas em pautas jornalísticas fortemente ideologizadas pelos principais periódicos brasileiros e tiveram grande repercussão, mesmo entre jornais e revistas não especializados.
Os testes realizados em 1957 ocuparam as páginas dos grandes jornais ao longo do ano. A revista O Cruzeiro traria, em 6 de julho, uma reportagem especial A bomba atômica foi domada , com textos e fotos do jornalista José Alberto Gueiros (1932-2015), presente no campo de provas de Nevada, onde descreve sua experiência:
Em Yucca Flat, região deserta que fica a pouco mais de 100 quilômetros de cidade de Las Vegas, a Comissão de Energia Atômica começou a preparar, no dia 13 de maio passado essa gigantesca operação (...). Vimos, na distância, na companhia de cientistas e generais de Washington, a torre de quinhentos pés de altura no topo da qual se encontrava a bomba. O pessoal técnico nos ensinava, a nós jornalistas inexperientes, o que deveríamos fazer no instante precedente à detonação. Virar as costas e proteger os olhos com óculos escuros. O relâmpago resultante da explosão é 100 vezes mais forte que a luz do sol e pode cegar um observador descuidado. ( http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=003581&PagFis=112752&Pesq =)
Durante sua viagem, escreveria ao seu colega de profissão, José Falkenbach Amádio (1923-1992), relatando suas expectativas acerca dos eventos que presenciaria e que se tornariam matéria da revista. Também jornalista de O Cruzeiro , Amádio foi secretário de redação e responsável por uma das principais transformações do design editorial da publicação. Trabalhava ao lado de Antônio Accioly Neto (1906-2001), diretor da revista ilustrada de maior circulação nacional na década de 1950 .
A carta pertence ao fundo de natureza privada José Amádio (J9), doado ao Arquivo Nacional pela viúva Vicky Adler Amádio em 2013. Dentre os documentos textuais que compõem o fundo destacam-se: correspondências; entrevistas; reportagens e matérias jornalísticas referentes às atividades do titular na revista O Cruzeiro , Revista do Globo e Revista Capixaba ; exemplares de periódicos e recortes de jornais e de revistas, além de registros pessoais do escritor e jornalista.
Confira a imagem da carta:
Fonte: Equipe de Produção Cultural do Arquivo Nacional / Coordenação de Pesquisa, Educação e Difusão do Acervo (COPED)
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