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Arquivos latino-americanos reúnem-se para dar início à 8ª Semana Nacional de Arquivos
Uma mesa com gestoras/es das principais instituições arquivísticas do Brasil, Equador, Peru e Uruguai inaugurou a programação oficial da 8ª Semana Nacional de Arquivos (SNA), promovida pelo Arquivo Nacional.
Com o tema “Arquivos acessíveis”, a versão brasileira da International Archives Week (IAW) inicia-se hoje e vai até 9 de junho, quando se comemora a Dia Internacional dos Arquivos. Em articulação com o Conselho Internacional de Arquivos (ICA) e com a Associação Latino-Americana de Arquivos (ALA), a SNA integra também a programação em escala global, com eventos até 28 de junho em diversos países.
Em encontro virtual, a diretora-geral do AN, Ana Flávia Magalhães Pinto, deu as boas-vindas a suas contrapartes sul-americanas, e destacou os desafios que as temáticas da SNA e da IAW – “Arquivos acessíveis” e “Ciberarquivos”, respectivamente – apresentam às instituições de memória, em especial às do sul global, que experenciam com maior severidade a exclusão digital.
Ricardo Moreau, chefe do Archivo General de la Nación do Peru, detalhou esses desafios no contexto da retomada de atividades pós-pandemia de Covid-19 em seu país. Processos de obsolescência da infraestrutura de Tecnologia da Informação, bem como o esvaziamento momentâneo do papel estratégico dos arquivos, tiveram que ser enfrentados com ações e esforços de capacitação em nível nacional, alianças e melhorias nos equipamentos.
O diretor do Archivo General de la Nación do Uruguai, Alberto Umpiérrez, também discorreu sobre desafios de reestruturação da instituição, e destacou a necessidade de requalificação e recomposição dos profissionais. Em sua fala, fez uma reflexão crítica sobre a ideia de que a digitalização do acervo deve ser realizada com o pressuposto de que todos os documentos devem ser mantidos, e propôs que uma ênfase maior na gestão de documentos desde sua produção seria uma ação mais efetiva.
Alejandra Salazar Ruiz, diretora do Arquivo Histórico Nacional do Equador e vice-presidenta da Associação Latino-americana de Arquivos (ALA), falou sobre o contexto jurídico-institucional em que se inserem os arquivos do país. Ela também ressaltou a contribuição que um plano de comunicação tem prestado à difusão do acervo e dos serviços junto aos diversos públicos, com ações nas redes sociais focadas para cada tipo de cidadão ou instituição.
Em sua fala de encerramento da mesa, Ana Flávia Magalhães Pinto chamou atenção para as semelhanças entre os cenários apresentados pelas/os dirigentes presentes. “De diferentes perspectivas, temos não só o compartilhamento das nossas agruras, mas também das soluções que temos criado”, comentou. Ela aproveitou a ocasião para explicar mais sobre o papel do AN como órgão executor da Política Nacional de Arquivos, em articulação com o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), e como o reposicionamento promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) em 2023 significou uma oportunidade de superação, ainda não definitiva, dos desafios que permanecem.
Dentre as ações propiciadas pela articulação com o MGI, a diretora-geral citou o Acelera Siga, programa de aceleração do Sistema de Gestão de Documentos e Arquivos, cuja coordenação é do AN. Além disso, o órgão, enquanto secretaria do MGI, firmou parcerias com a Secretaria de Serviços Compartilhados, no âmbito do ColaboraGov, e com a Dataprev, essa última voltada para o desenvolvimento do Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos (Sigad) para a administração federal, e para a execução de um plano para a digitalização sustentável de documentos do acervo sob a guarda do AN.
Por fim, Ana Flávia falou da estratégia da atual gestão do AN de fortalecer a SNA, que atingiu recorde de inscritos no ano passado. “Ao fortalecer toda a comunidade de arquivos, o Arquivo Nacional, por certo, também sairá fortalecido, pois a sociedade tende a entender melhor suas atividades”, pontuou.
Acessibilidade
A segunda mesa do dia debateu a acessibilidade, em seus múltiplos sentidos, como está colocado no centro dos objetivos das discussões da 8ª SNA, em todo o país. O debate contou com a participação de Daniela Francescutti Martins Hott, arquivista e Coordenação de Acessibilidade na Diretoria-Geral da Câmara dos Deputados; Brenda Couto de Brito Rocco, diretora substituta da Escola de Arquivologia da UniRio; Viviane Sarraf, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa de Acessibilidade em Museus (Gepam); e Patrícia Dornelles, coordenadora do I Curso de Pós-Graduação em Acessibilidade Cultural para pessoas com deficiência com o apoio do Ministério da Cultura.
A mesa ainda contou com a moderação de Letícia Grativol, coordenadora-geral de Acesso e Difusão de Acervos do Arquivo Nacional, e com a fala inaugural proferida pela diretora-geral adjunta do AN, Gecilda Esteves.
“Este ano trazemos a acessibilidade ao cerne da discussão. Queremos pensar como Arquivos podem ser disponíveis a todas as pessoas, independente de sua condição. A ampla disponibilidade de arquivos contribui para a preservação da memória individual e coletiva, fortalecendo a democracia e ampliando a cidadania”, destacou a diretora, ressaltando que uma das abordagens centrais do debate sobre Arquivos Acessíveis é o impacto das tecnologias digitais no campo arquivístico. “O que nos une ao tema CiberArquivos, da Semana Internacional de Arquivos, promovido pelo ICA”, completou.
As debatedoras apresentaram as experiências e discussões em seus campos de atuação, em uma reflexão sobre a importância da acessibilidade nos arquivos e em espaços culturais. A íntegra do debate está disponível no canal do Arquivo Nacional no Youtube.
Confira a programação completa da 8ª Semana Nacional de Arquivos no site ou nas redes sociais do AN!