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Arquivo Nacional homenageia líderes da cultura afro-brasileira
Ocorreu neste sábado, 12 de maio, o último dia de atividades do evento "130 anos da Abolição da Escravatura", realizado pelo Arquivo Nacional para marcar os 130 anos da Lei Áurea, que extinguiu legalmente a escravidão no Brasil e faz parte do acervo da instituição. A programação do dia contou com a mostra "130 anos da Abolição da Escravatura", venda de comidas e bebidas, feira de artesanato e shows do Afoxé Filhos de Gandhi, b loco afro Lemi Ayó, apresentação de danças populares com a Companhia de Aruanda, Jongo de Pinheiral e encerramento com o Cordão da Bola Preta.
Foi realizada também uma homenagem à mestres e mestras da cultura afro-brasileira, com transmissão ao vivo na página do Arquivo Nacional no Facebook. Foram entregues pelos mestres de cerimônia uma pasta, confeccionada pelo Arquivo Nacional, com um fac-símile da Lei Áurea e uma reprodução da imagem “Caminho da Roça” e também uma boneca “Ahosis – Instituto Onikojá”. Trabalho realizado pelas artesãs idosas assistidas pela Casa da Matriz Africana Humpame Kuban Bewa Lemin. Foram homenageados Floripes Correia da Silva Gomes (Mam'etu Mabeji), Yalorixá Torody de Ogum, Yalorixá Dezinha de Oxum, Yalorixá Vanda, Gaiaku Margarida de Yemanjá, Humbono Rogério de Olissa, Yalorixá Regina Lúcia, Mãe Meninazinha de Oxum, Babalorixá Adailton Moreira, Pai Dário de Ossain, Mãe Edelzuita de Oxaguian, Rubem confete (compositor, jornalista, radialista, roteirista, teatrólogo e cantor), Tia Ira, Wilson Moreira (cantor e compositor de samba), Fatinha (do Jongo do Pinheral) e Ogan Cotoquinho.
Durante os agradecimentos, os convidados ressaltaram a importância do evento realizado pelo Arquivo Nacional para a valorização institucional da cultura afrodescendente no Brasil. Foi falado também sobre a necessidade de olhar a cultura e religiosidade de matriz africana, e sua influencia no formação da sociedade brasileira, com respeito. Para o babalorixá Adailton Moreira: "a carne mais barata do mercado não deve ser a carne negra. As tradições de matriz africana não podem ser vítimas de intolerância, de desrespeito, de racismo religioso. Nossa tradição, e religiosidade, chegou em solo brasileiro numa situação deplorável e resistiu. Nossa cultura não trouxe somente um folclore. Nós trouxemos uma cosmologia, uma filosofia própria. Nossa tradição trouxe agricultura, tecnologia, jongo, capoeira, maracatu, mas também ética, honestidade, resiliência e o sentimento de luta contra violação de direitos". Ao final da cerimônia, Leandro Santanna declamou um texto do jornalista e escritor Lima Barreto.
O evento fez parte do calendário de comemoração dos 180 anos do Arquivo Nacional. A mostra "130 anos de Abolição da Escravatura", com reproduções e originais de documentos do período escravocrata, segue aberta ao público até junho de 2018, com entrada franca.