Notícias
Arquivo Nacional lança a Biblioteca Digital em tarde de homenagem a Maria Beatriz Nascimento
O Arquivo Nacional realizou, na última terça-feira (21/11), o lançamento de sua biblioteca digital, em uma tarde de homenagem à historiadora, ativista e intelectual do movimento negro Maria Beatriz Nascimento. Participaram do evento a filha e a sobrinha da historiadora, Bethania Nascimento Freitas Gomes (em vídeo) e Luena Nascimento Nunes Pereira, também professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); a diretora-geral do AN, Ana Flávia Magalhães Pinto; a diretora de Processamento Técnico do AN, Diana Santos Souza; a historiadora Mariléa de Almeida; e as bibliotecárias Raíssa Félix Meirelles e Isabel Cristina da Rocha Guimarães, responsáveis pelo projeto da biblioteca digital.
As participantes destacaram aspectos da vida de Beatriz e de sua trajetória política e intelectual, além do legado construído pela historiadora. Ressaltaram, ainda, a importância da preservação de seu acervo para que “alcance o maior número de pessoas de diferentes gerações e localidades do país, dando a verdadeira dimensão da finalidade desse Arquivo”, como destacou Diana Santos Souza em sua fala de abertura.
A professora Luena, em sua apresentação, enfatizou a importância da preservação do acervo de Maria Beatriz Nascimento como meio também de justiça. “A preservação da memória, da imagem e do relato resultam de um trabalho coletivo incessante, permitindo que a justiça vença a iniquidade e que a vida vença a morte". A sobrinha de Beatriz Nascimento acrescentou, ainda, que o acervo preservado da historiadora permite, portanto, que "suas ideias possam vir a ser recuperadas, relidas, revisitadas e valorizadas".
Na sequência, Bethânia Nascimento, filha da intelectual, se disse aliviada em saber que a obra de sua mãe está preservada. “Eu tenho orgulho enorme de dizer que o acervo, o legado de minha mãe está em um lugar seguro e que, com a digitalização, está em um lugar mais seguro ainda”, comemorou.
A professora Mariléa de Almeida afirmou que os textos de Beatriz "nos tiram do lugar, porque são textos que reivindicam constantemente essa noção de reparação”. De acordo com a historiadora e psicanalista, “os arquivos como território de vida dizem respeito a esta possibilidade constante da gente fazer não só reparação da memória, mas também da justiça”.
Durante o evento, também foi apresentado o projeto da biblioteca digital, pelas bibliotecárias e servidoras do Arquivo Nacional, Raíssa Félix Meirelles e Isabel Cristina da Rocha Guimarães, que explicaram em detalhes o processo de construção da ferramenta, sublinhando a importância de cada um/a dos/as servidores/as envolvidos/as. "É muito gratificante poder entregar esse projeto, fruto da dedicação de toda equipe ao longo de vários anos. Agradeço a todos, pois esse trabalho em grupo é fundamental", destacou Raíssa.
A biblioteca do AN possui 111 mil exemplares de publicações diversas, incluindo obras raras e especiais. Agora, parte do acervo está reunido e disponibilizado de forma on-line, especialmente as obras históricas produzidas pelo Arquivo Nacional. Também é possível acessar um catálogo com todas as obras disponíveis na biblioteca, para fins de consulta presencial.
Finalizando o evento, a diretora-geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães Pinto, destacou a importância desta homenagem a Beatriz Nascimento. “No momento em que o nome de Beatriz passa a identificar o nome da biblioteca do Arquivo Nacional, é importante que a gente reflita sobre o potencial dessa ação. A gente tem discutido quão importante é promover um letramento antissexista e antirracista dessa sociedade, de modo que a gente não naturalize as matrizes que estão legitimando práticas de violência vergonhosas para nossa sociedade", ressalta.
A Biblioteca Digital do Arquivo Nacional (BDAN) é uma plataforma voltada para a preservação, indexação e acesso aos documentos bibliográficos digitais publicados e produzidos pela instituição. A BDAN abrange também obras que tenham o Arquivo Nacional (AN) como tema, acervos que dialogam com a sua memória e estejam disponíveis em domínio público.
Em 2016, por meio de uma votação nas mídias sociais, Maria Beatriz Nascimento foi escolhida para dar nome à biblioteca. A historiadora , que foi estagiária do Arquivo Nacional, teve seu acervo arquivístico doado à instituição, em 1999, e pode ser consultado por meio do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (Sian).
A íntegra do evento está disponível no canal do Arquivo Nacional no YouTube.