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Projeto de educação em arquivos do Arquivo Nacional otimiza a preservação arquivística
O projeto O Papel da Liberdade, realizado pelo Arquivo Nacional, é composto por um conjunto de ações direcionadas à educação técnica e ressocialização de pessoas em cumprimento de pena, no regime aberto e semi-aberto, capacitando-os para a inserção no mercado de trabalho. A iniciativa começou, embrionariamente, em 1997, com cursos de itens reciclados para escritório. Em 1999 o projeto tornou-se oficial pelo Ministério da Justiça. No Arquivo Nacional, a parceria começou em novembro de 2017, com o início da primeira turma. Na ocasião, quatro pessoas participaram da capacitação. O Programa de Educação em Arquivos conta atualmente com 16 colaboradores distribuídos em várias frentes de trabalho, e hoje começa a sexta turma com mais 6 alunos no módulo teórico.
É com grande satisfação que o líder do setor da Preservação da Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal, Isaías Santana, comemora a finalização do tratamento de 292 caixas arquivos do Serviço de Polícia Marítima e Aérea de Fronteiras (SPMAF) do estado do Pará, além dos 88 metros de fichas que foram conservados e digitalizados de imigrantes que chegaram pelas regiões norte, nordeste e centro-oeste. O motivo do contentamento deve-se ao fato de que anteriormente trabalhos como este eram realizados num período de cinco anos. “Sempre fomos muito poucos, além deste trabalho temos muitos outros como a restauração de livros, quadros e parcerias com instituições como APAE”, comentou a servidora Suely Jardim, que também participa do projeto como instrutora dos egressos.
O Projeto de Educação em Arquivos no âmbito do Papel da Liberdade tornou-se um programa robusto de instrução em quatro etapas. A primeira trata-se de uma capacitação com duas semanas de aula teórica. São abordados temas como: O que é o Arquivo Nacional (finalidade, visão, história, acervos); Patrimônio Documental, Fundo Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras (SPMAF); Documentos de Arquivo; Preservação de Acervos; Manuseio e Cuidados com Acervos; Controle Biológico.
A segunda etapa do projeto consiste em uma vivência de quatro meses em que os egressos trabalham diretamente com documentos arquivísticos, fazendo a conservação preventiva dos documentos (higienização, retirada de elementos metálicos, limpeza mecânica do acervo, entre outras atividades). A capacitação ensina também a confecção de itens de escritório, como cadernos, bloco de notas, porta-lápis e pastas. Este módulo de itens de escritório é ministrado pelo Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Na terceira etapa são mais quatro meses de vivência e os participantes fazem acondicionamentos diversos, organizam o conjunto documental para que não haja dissociação, realizam pequenos reparos, digitalizam e preparam a documentação para o seu acondicionamento definitivo. A quarta e última etapa do ciclo é a monitoria. É a administração da Educação em Arquivos. '‘Mas não é só questão de tempo e de conhecimento técnico não. Tem que ter perfil, comprometimento e liderança”, explica Isaías Santana.
O projeto conta com colaboradores em todas as etapas. Atualmente a monitoria está com Eduardo Cuella Canudas, de nacionalidade catalã. Ele se apaixonou por acervos, e sempre que pode, lê os itens aos quais está trabalhando. Em umas destas encontrou, por acaso, as fichas de entrada do filósofo existencialista, escritor e dramaturgo Jean-Paul Sartre e da sua companheira, a escritora Simone de Beauvoir, ícone do movimento feminista. Tesouros que só um arquivo pode guardar.
Fonte: Coordenação-Geral no Distrito Federal/ Fotos: Eline Caldas.