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Arquivo em Cartaz 2020 homenageia cineasta Suzana Amaral
A sexta edição do Arquivo em Cartaz - Festival Internacional de Cinema de Arquivo, evento anual promovido pelo Arquivo Nacional, terá como homenageada a cineasta e roteirista Suzana Amaral (1932-2020).
Sua trajetória teve início ao ingressar no curso de cinema da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) em 1968. No início da década de 1970, trabalhou na TV Cultura como produtora e diretora de diversos curtas-metragens para o programa Câmera Aberta, além de ministrar aulas de Fotografia e Roteiro na ECA. Decidida a fazer ficção, Suzana obteve uma bolsa de mestrado em cinema na New York University. Durante o período em que morou no Estados Unidos, desenvolveu o projeto para o documentário participativo Minha Vida Nossa Luta, sobre a organização das mulheres na periferia paulistana. Vencedor do prêmio de melhor média-metragem no Festival de Cinema de Brasília, o filme, segundo Suzana, está na raiz do movimento pró-creche na cidade de São Paulo.
Sua estreia no cinema de ficção aconteceu de forma brilhante em 1985, com a adaptação cinematográfica da obra-prima literária de Clarice Lispector A hora da estrela. O longa-metragem homônimo, exibido em mais de 25 países, foi sucesso de crítica e ganhou vários prêmios nacionais e internacionais – no Festival de Brasília, em Havana e no Festival de Berlim, onde recebeu o Prêmio da Crítica para Suzana Amaral e o Urso de Prata de Melhor Atriz para Marcélia Cartaxo. Sua obra é marcada pelo encontro da literatura com o cinema, seus dois últimos longas Uma vida em segredo (2001) e Hotel Atlântico (2009) foram “transmutações” – conceito desenvolvido pela própria cineasta para explicar a recriação de livros em filmes – dos romances de Autran Dourado e João Gilberto Noll, respectivamente.
Em 2009, o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB) restaurou o filme A hora da estrela, que se encontrava em estado de deterioração. O projeto para recuperação do material fílmico, patrocinado pela Petrobras BR e incentivado pelo Ministério da Cultura, contou com uma equipe coordenada pelo restaurador Francisco Sérgio Moreira (1952-2016) e pode, finalmente, voltar às telas. Uma cópia do filme restaurado pelo CPCB integra o acervo do Arquivo Nacional. Sua restauração torna possível a exibição do longa durante a programação do Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo 2020 e contribui, de sobremaneira, para a preservação de nossa cinematografia.
Suzana Amaral faleceu em junho de 2020 aos 88 anos, deixando um grande legado fílmico produzido ao longo de mais de 50 anos de carreira. Nesse ano de tantas perdas, o Arquivo em Cartaz homenageia esse grande nome do cinema brasileiro.
O Arquivo em Cartaz - Festival Internacional de Cinema de Arquivo começa no dia 23 de novembro de 2020, em formato virtual. O objetivo do festival é destacar a importância da preservação e do acesso aos acervos audiovisuais e sonoros, assim como incentivar o uso destes arquivos em novas produções. Este ano o festival também mira o presente em suas diversas iniciativas: oficinas, exibições de filmes, debates e trocas de experiências sobre preservação, pesquisa e produção audiovisual com material de arquivo serão realizadas on-line e terão interações em tempo real.