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AN vai digitalizar e disponibilizar discos da Era de Ouro do rádio
Uma doação vai possibilitar a digitalização e o acesso a documentos sonoros que contam parte da história radiofônica no Brasil, com registros de rádios como Mayrink Veiga e MEC. São discos de 78 rotações por minuto (RPM), feitos em goma-laca, resina utilizada para fabricar essas cópias ainda na época dos gramofones.
Os discos sob a guarda do Arquivo Nacional foram lançados entre as décadas de 1920 e 1950, antes de o vinil se tornar o material dominante na indústria fonográfica. “Além de ser da chamada ‘Era de Ouro’ do rádio, há chance de parte razoável do acervo estar em domínio público ”, observa Carlos Eduardo Marconi, servidor da Equipe de Processamento Técnico de Documentos Sonoros e Musicais do AN, que enfatiza as diversas possibilidades de uso que o acesso a essas gravações proporciona para pesquisadores e para o público que se interessa pela história da música. “Somente o acervo da Rádio Mayrink Veiga totaliza cinco mil discos, com registros de música popular e erudita”, exemplifica.
Segundo Carlos Eduardo, o que dificultava o acesso às gravações contidas nesses discos era a falta de uma agulha específica que pudesse ser acoplada ao equipamento que faz a captação do som. “Os discos de goma-laca possuem sulcos mais largos, que necessitam de agulha específica, diferente da agulha que lê discos de finil, mais fina ”, explica. A agulha em questão foi doada por meio de uma ação conjunta dos participantes da Oficina de Criação de Filmes Lanterna Mágica , ministrada pela cineasta Alice de Andrade na edição deste ano do Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo . Aos alunos da oficina é incentivado o uso de documentos de arquivo – imagens, sons, documentos escritos, etc. – na produção de curtas-metragens que integram a programação do festival organizado pelo AN, o que contribuiu para a mobilização em torno da aquisição do item.
Como resultado dessa ação, será possível digitalizar as gravações para disponibilizar ao público na Internet, por meio do Sistema de Informações do AN . “Esses discos vão entrar na linha de acervos prioritários para digitalização no Planejamento Estratégico Setorial da instituição ”, informa a Coordenadora-geral de Processamento Técnico e Preservação do Acervo Aluf Elias.
Assim, os usuários dos serviços do AN também terão acesso a cerca de três mil cópias integrantes do acervo de Humberto Franceschi, que inaugurou o recebimento desse tipo de disco na instituição, em 2009. Além desses, há por volta de 700 discos que pertenciam à Rádio MEC, e mais algumas dezenas que fazem parte do acervo da Casa Edison, reconhecida como a primeira gravadora da América do Sul.