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Base de Dados sobre imigrantes
O Arquivo Nacional (AN) lançou a sua nova Base de Dados “Entrada de Estrangeiros no Brasil: As relações de passageiros desembarcados no porto do Rio de Janeiro”, projeto desenvolvido com apoio da ACAN (Associação Cultural do Arquivo nacional) e recursos do BNDES.
Parte do evento “Brasil de Todas as Gentes”, o projeto facilitará a busca de brasileiros, descendentes de estrangeiros, no acesso a informações de seus antepassados que desembarcaram no porto do Rio de janeiro, entre o final do século XIX e início do século XX.
Na abertura do evento, o Diretor-Geral do AN, José Ricardo Marques, agradeceu a todos os envolvidos no projeto e ressaltou sua importância social e histórica: “Tenho muito orgulho de estar à frente desta instituição. Esse acervo é muito importante, é um dos mais consultados no AN. Este é um novo mundo envolvido por aqueles que fizeram a história do nosso país. Aqueles que com a sua coragem e bravura decidiram criar e elaborar esse Brasil de tantas histórias, que passa pela vida de muitos imigrantes que aqui chegaram, com suas memórias, suas origens, seus filhos e netos, a história do seu passado”. Marques finalizou falando sobre o apoio do Ministro da Justiça e Segurança pública ao projeto: “Quero trazer aqui um abraço do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Osmar Serraglio, que apoiou esse lançamento fundamental para o país e pertence a uma família de imigrantes. Trazer dele o apoio para que nos possamos avançar nesse e em outros projetos. Ele falou que quer encontrar e parabenizar pessoalmente a professora Ismênia e todos àqueles do AN que participaram desse extraordinário trabalho e, se possível, falar e parabenizar o BNDES por essa iniciativa”.
Ismênia de Lima Martins, professora da Universidade Federal fluminense, especialista em História do Brasil e idealizadora e coordenadora do projeto, ressaltou a importância da iniciativa: “Esse projeto tem uma grande importância acadêmica para a pesquisa histórica, para todos os estudiosos, da democracia histórica, para a história social, política e econômica, que poderão, não apenas sentir o movimento dessas populações, mas todas as especificidades desse processo. Ele é de grande importância do ponto de vista social, o que foi fundamental para obter apoio do BNDES. O AN não é apenas uma instituição que guarda documentos, mas que está a serviço da sociedade. Essa documentação está a serviço da pesquisa probatória, que vai subsidiar a obtenção de direitos individuais, de família, de propriedade e de cidadania”.
Durante o evento o professor Fernando de Souza, do CEPESE , de Portugal, especialista em mobilidades geográficas mencionou que: “A nossa Base de Dados, Remessa, estará agora extraordinariamente enriquecida com esta Base de Dados com todos os estrangeiros que entraram no Brasil na chamada Grande Vaga Migratória”. Já Ana Silvia Scott, da UNICAMP, especialista em movimentos populacionais, comentou que “esse Banco de Dados é o “sonho de consumo” de todos que trabalhamos com essa temática. Tem informação com mais um milhão e trezentas mil entradas e que pode ser acessada por diversas categorias: nome, idade, nacionalidade, profissão, religião, etc. Temos acesso à informação para analisar o fenômeno de forma quantitativa, agregada, qualitativa e chegar ao individuo, a informação nominativa, podendo recompor vínculos familiares, de amizade, de homens e mulheres, jovens, velhos e crianças que fizeram a travessia no Atlântico. Outro fato importante é cruzar esses dados para saber o impacto das politicas migratórias nesse processo”.
A representante do BNDES falou sobre a prioridade que o banco tem dado, há mais de vinte anos, ao apoio no campo cultural, ao patrimônio histórico. “É difícil dar visibilidade a um papel histórico guardado numa gaveta, no entanto esse documento histórico é tão ou mais relevante do que diversas outras iniciativas e atividades culturais dentro do nosso país. Foi muito importante ter dado essa visibilidade de que essa grande massa documental é relevante historicamente e merece o apoio como objeto cultural e o BNDES com isso espera estar contribuindo para que todo o acervo memorial brasileiro possa ser recuperado, higienizado, catalogado, documentado e, se possível, digitalizado e disponibilizado em rede para que possa ser mais divulgado e pesquisado, como possa contribuir para gerar diversos desdobramentos como temos observado”.
Presente na cerimônia, Mauro Domingues, que durante quase todo o período do projeto foi Coordenado-Geral de Processamento e Preservação de Acervo, agradeceu à professora Ismênia e a convivência com os jovens estagiários, que foram fundamentais em todo o processo. Já Mauro Lerner, que foi Coordenador de Documentos Escritos, falou da dificuldade que foi trabalhar na primeira fase do projeto, onde os manuscritos estavam com a leitura bem difícil e com estado físico ruim. Disse que a finalização do trabalho e a facilidade atual da pesquisa facilitarão o trabalho na Sala de Consultas e a vida do cidadão que, com a crise atual do país, triplicou a procura na emissão de certidão de imigrantes para conseguir a dupla cidadania.
A Base de Dados foi apresentada durante o evento pelo servidor da casa, Sátiro Nunes, Supervisor da Equipe do Executivo e legislativo, que apresentou todas as possibilidades de consultas e explicou a participação dos estagiários na transposição do conteúdo das Relações de Vapores para a Base. “No inicio foi problemático, até porque era uma leitura paleográfica, onde tivemos que fazer a transposição dessas informações numa linguagem que fosse palatável. Tivemos dificuldades com a leitura dos nomes originais, mas foi um aprendizado”.
Os representantes dos Comandos da Aeronáutica e Marinha, Coronel Leite e Almirante Mathias, respectivamente, também ressaltaram a importância do projeto, lembrando que vários militares são oriundos da imigração. “As forças armadas tem esse caráter democrático de inserção, até pelo próprio sistema de admissão”, lembrou Cel. Leite. Já Alte. Mathias falou que para a Marinha “a Base é muito importante, tanto para o nosso arquivo da Marinha, que tem dados a respeito disso, quanto para o nosso Museu do Imigrante, na Ilha das Flores, que por lá passaram boa parte desses imigrantes que chegaram pelo porto do Rio de janeiro. A Marinha se sente parte integrante desse projeto e quer participar e colaborar cada vez”.
Os participantes também assistiram a um vídeo com explicações sobre a Base e depoimentos de imigrantes e descendentes. Também foi apresentada uma dança paraguaia com dançarinos vestidos a caráter.
ASCOM
27/abril/2017