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Acervos do Arquivo Nacional inauguram Arquivo Ártico Global
Perto de completar 180 anos e preocupado com a preservação de seu acervo, o Arquivo Nacional (AN) entrou para a história ao se tornar o pioneiro, junto com o Arquivo Nacional do México e o da Noruega, na guarda definitiva de parte de seus acervos digitais no Arquivo Ártico Global.
O local foi inaugurado, no dia 27 de março, por representantes dos governos dos três países. Representando o Brasil, José Ricardo Marques, Diretor-Geral do AN, diz ser um privilégio participar deste momento, ressaltando a oportunidade de armazenar cópias digitais de documentos do acervo da instituição, num local que tem por objetivo reunir as maiores e mais importantes informações do conhecimento humano, onde a segurança e a preservação serão garantidas por milhares de anos.
O Silo Global de Sementes, que já guarda 90% de exemplares das sementes existentes no planeta, foi criado para salvaguardar a biodiversidade das espécies de cultivos que sirvam como alimento para a população mundial em caso de catástrofes. Seu sucesso desertou a necessidade da preservação de dados digitais, com o objetivo de manter conservada a história mundial.
Localizado próximo à Vila de Longyearbyen, na Ilha de Svalbard, a aproximadamente 1120 km ao sul do Pólo Norte, o Arquivo Ártico Global tem como seu vizinho o Silo Global de Sementes. O local, uma antiga mina de carvão, possui as condições climáticas necessárias para a preservação de acervos em formato digital e foi concebido para resistir aos sismos, além de ser localizado a vários metros do nível do mar, evitando inundações.
O solo encontrado no Ártico, chamado de Permafrost, é constituído de terra, gelo e rochas, e permanece congelado o ano inteiro, ajudando na preservação desses acervos por milhares de anos. O arquipélago, onde a ilha é localizada, é considerado desmilitarizado por 42 nações.
O Arquivo Ártico Global é um cofre de segurança nuclear, onde qualquer país ou autoridade poderá armazenar seus dados off-line, nas chamadas “Embaixadas de Dados”, em rolos de filmes, garantindo total segurança e preservação por milhares de anos e eternizando a história da humanidade.
O Arquivo Nacional possui acervos do final do século XVI até as últimas décadas do século XX, com mais de 55 km de documentos textuais, cerca de 2 milhões de fotografias e negativos fotográficos, 75 mil mapas e plantas, 7 mil discos e 2 mil fitas áudio magnéticas, 90 mil filmes e 12 mil fitas vídeo magnéticas, de natureza pública e privada.
A convite do governo da Noruega, alguns dos documentos mais importantes da instituição foram selecionados e digitalizados para comporem a "cápsula do tempo" que foi depositada na mina de Svalbard, com a expectativa de serem preservados por milhares de anos, retratando marcos da História do Brasil. Foram eles: a Lei Áurea; as Constituições de 1824 e a de 1891; o Juramento do Imperador D. Pedro I e da Imperatriz Leopoldina à Constituição de 1824; o Livro do 1º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, de 1594, que registra as primeiras sesmarias da cidade, concedendo terras a portugueses recém-chegados ao Brasil e que se constitui no documento público mais antigo do Arquivo Nacional; fotografias da Família Imperial, de estados como Acre, Rio de Janeiro e São Paulo do final do século XIX e no início do XX e de manifestações contra a Ditadura Militar, nos anos 1960; Discurso do Presidente Getúlio Vargas no dia do trabalhador, em 1940; Lista de passageiros do navio Kasato Maru trazendo os primeiros imigrantes japoneses para o Brasil, em 1908; Partitura da ópera O Guarani, manuscrita pelo próprio Carlos Gomes em 1866; Passaporte de Santos Dumont, de 1919, contendo registro s de suas diversas viagens feitas pelo mundo; e a Carta do Brasil ao Milionésimo, de 1922, primeiro mapa na escala 1:1.000.000 que retrata o território brasileiro, feito em comemoração ao centenário da independência e que recebeu o registro de Memória do Mundo da UNESCO.
Matéria do Fantástico exibida em 23/04/2017
Ascom
abril/2017
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