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A representatividade da mulher nos acervos do Arquivo Nacional
Integrantes da Federação Brasileira para o Progresso Feminino – FBPF, 1930. Arquivo Nacional. Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. BR_RJANRIO_Q0_ADM_CPA_VFE_FOT_0023
A vida e a obra de mulheres e suas instituições também fazem parte da memória a que se pode ter acesso por meio dos arquivos, e têm sido objeto de pesquisa no acervo sob a guarda do Arquivo Nacional.
No seminário on-line “Arquivos de Mulheres: memória e representatividade”, servidoras do AN apresentaram visões resultantes de suas pesquisas e da experiência no tratamento técnico dos documentos, no que diz respeito à presença feminina e como ela é representada nesses arquivos.
Renata Barbatho abordou a presença de mulheres sob a perspectiva dos arquivos privados custodiados no AN, que, apesar de ter o recolhimento de acervos da administração pública federal como missão primária, também pode receber documentos de entes privados ou mesmo pessoas físicas, desde que tenham seu interesse público avaliado e recomendado por comissão do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq). Renata, que atualmente lidera a Coordenação de Documentos Escritos, analisou o histórico de aquisições de conjuntos documentais privados e observou que, dos mais de 300 acervos recebidos na instituição, apenas 31 tinham mulheres entre os titulares. Em alguns casos, ressaltou ela, a decisão de receber tais documentos decorria eminentemente do fato de que se tratava da esposa de um homem de grande relevância no cenário nacional.
Entretanto a servidora destacou alguns dos acervos de mulheres que estão no AN e que podem demonstrar a luta de mulheres por um papel mais representativo na sociedade: os arquivos da Fundação Brasileira para o Progresso Feminino (1922-1986); o acervo da professora e ex-presa política Lúcia Velloso Maurício ; e os registros da Campanha da Mulher pela Democracia (1962).
Ana Carolina Reyes, que supervisiona a equipe de processamento técnico de documentos audiovisuais, sonoros e musicais no AN, contou, em sua apresentação, algumas experiências não somente no tratamento do acervo, mas também no atendimento ao público. Segundo ela, há grupos que realizam pesquisas em registros, existentes na instituição, dos processos vivenciados pelas mulheres na história, como aqueles que relatam a escravização.
Dentre os acervos que destacou, estão o do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher , criado, em 1985, com a finalidade de promover, em âmbito nacional, políticas para eliminar a discriminação contra as mulheres. Esses arquivos incluem quase 500 documentos audiovisuais que contam mais de 30 anos de funcionamento da entidade.
Segundo aponta Ana Carolina, um conjunto de muito interesse para traçar a busca por representatividade feminina na política é o de Maria da Conceição da Costa Neves , custodiado na sede do AN. São documentos que contam parte da trajetória da deputada que iniciou a carreira profissional como atriz de teatro, e sofreu com o preconceito e o machismo num meio dominado por homens ao longo de três mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
O próximo encontro da Rede Arquivos de Mulheres, uma parceria do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), com o Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo (IEB/USP), será organizado com a participação do AN. Acompanhe nossas mídias sociais para saber mais .
E, para conhecer mais sobre os acervos citados aqui, acesse o Sistema de Informações do AN (Sian) . Seguem os códigos de referência para auxiliar na busca:
- Federação Brasileira pelo Progresso Feminino: BR RJANRIO Q0
- Lúcia Velloso Maurício: BR RJANRIO GL
- Campanha da Mulher pela Democracia: BR RJANRIO PE
- Conselho Nacional dos Direitos da Mulher: BR RJANRIO EZ
- Maria da Conceição da Costa Neves: BR RJANRIO CCN