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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Anvisa promove encontro para apresentar suas estratégias no uso de dados e IA
Inteligência de dados e Jornada da IA na Anvisa
Nesta quarta-feira (25/9), em sua sede em Brasília (DF), a Anvisa realizou o evento "Estratégia de Dados e IA: a Jornada da Anvisa". Durante o encontro, a Agência apresentou um panorama de iniciativas que vem realizando para promover uma cultura focada em dados e inteligência artificial (IA), com o objetivo de melhorar a análise de dados e aumentar a eficiência operacional, a transparência e a colaboratividade.
De acordo com o titular da Gerência-Geral de Conhecimento, Inovação e Pesquisa (GGCIP), Artur Iuri Alves de Sousa, que abriu e mediou o evento, o uso da IA pela Anvisa busca, por exemplo, otimizar as atividades cotidianas, permitindo que seja dedicado mais tempo à resolução de problemas mais complexos.
Em sua apresentação, ele mencionou que o mundo atual vive um cenário de “explosão de dados”: cerca de 2,5 quintilhões de bytes de dados são gerados por dia – 250 vezes mais bytes do que estrelas na Via Láctea. Existe, ainda, a previsão de 175 zettabytes armazenados globalmente até 2025 (sendo 1 zettabyte equivalente a 1 trilhão de gigabytes).
Nesse contexto de produção diária de grande volume de dados, mais de 70% das empresas de todo o mundo já utilizam IA. Na Anvisa, isso já é uma realidade, sempre em apoio à missão da Agência, que é a proteção e a promoção da saúde da população a partir do controle de riscos de produtos e serviços sob vigilância sanitária, em colaboração com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Governança de dados em prol da saúde da população
O coordenador da Coordenação de Governança, Ciência e Inteligência de Dados (CGINT), Anderson da Mota Ribeiro, abordou a Política de Governança, Ciência e Inteligência de Dados da Anvisa, uma sistematização recente que orienta o conjunto de processos e procedimentos que garantem o uso adequado de dados na Agência. Publicada em junho deste ano, a política ainda está em fase de implementação e destaca questões como a gestão e o tratamento de dados, a qualidade de dados e metadados, além de dados como princípios estratégicos.
Sobre a IA generativa (uma categoria de inteligência artificial que pode criar novos textos, imagens, vídeos, áudios ou códigos), o coordenador explicou que é vedado o uso de dados não públicos da Anvisa em ferramentas gratuitas. O objetivo é proteger a segurança e a privacidade das informações, considerando que estes ambientes digitais são de caráter privado, embora abertos ao uso.
Entre os projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento pela Agência no âmbito da IA e do uso de dados em prol da saúde pública, foram apresentados durante o encontro os seguintes:
- Painel da Sala de Situação
Fruto de uma parceria entre a GGCIP e a Assessoria de Planejamento (Aplan), com a participação de diversas unidades organizacionais da Anvisa, o Painel da Sala de Situação é um projeto inovador que visa fornecer uma visão integrada dos indicadores-chave de desempenho (key performance indicators – KPIs) da Agência. A ferramenta centraliza dados e métricas críticas relacionadas a diversos processos da cadeia de valor, permitindo o acompanhamento contínuo das metas e resultados estratégicos.
- Bot Doc Anvisa
É uma ferramenta versátil, que oferece uma gama de funcionalidades para facilitar a criação, o treinamento e a integração de modelos de chatbot (assistente virtual que usa inteligência artificial e programação para se comunicar por texto com usuários). Com o Bot Doc Anvisa, é possível criar chatbots personalizados e seguros, treinados a partir de documentos PDF, ou fazer perguntas e receber respostas instantâneas sobre o conteúdo dos documentos – e com a possibilidade de integração entre os chatbots criados.
Desenvolvido pela equipe da CGINT/GGCIP com tecnologia de código aberto e instalado na infraestrutura da Anvisa, sem o uso de modelos públicos de IA generativa, cada chatbot é único e exclusivo, treinado apenas com os documentos carregados no momento. Tudo em prol da segurança e da confidencialidade da informação utilizada.
- Epinet
A Epinet, sigla que significa Exclusão de Produtos Irregulares na Internet, é uma ferramenta de IA criada em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A proposta desse projeto é fiscalizar produtos irregulares comercializados na internet.
A ferramenta foi desenvolvida devido à constatação de que a oferta de produtos sujeitos à vigilância sanitária era alta e a busca manual pouco eficiente. Desse modo, a partir de uma atuação proativa, foi criada uma IA baseada no aprendizado de máquina, capaz de rastrear termos de interesse da Anvisa 24 horas por dia e sete dias por semana.
Em 2021, a Agência realizou 1.060 ações de fiscalização na internet, enquanto em 2022, após o uso da IA, mais de 85 mil notificações para derrubada de sites foram enviadas, com uma taxa de 98% de sucesso nas solicitações atendidas.
- Especialização em Ciência de Dados e IA
A Anvisa e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), por meio de sua Diretoria Executiva de Sustentabilidade e Responsabilidade Social e da Faculdade de Educação em Ciências da Saúde, em parceria com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde, lançaram um Curso de Especialização em Ciência de Dados e Inteligência Artificial - Lato sensu, nas modalidades presencial e híbrida. O objetivo da iniciativa é aumentar o número de profissionais qualificados nessas áreas, reconhecendo que a educação e a formação continuada são fundamentais. Hoje, a Agência estuda maneiras de prosseguir a oferta da especialização, tendo em vista a grande procura e sua relevância nos tempos atuais.
O aprendizado não tem resposta pronta
Para encerrar a manhã de conversas, o gerente-geral da GGCIP informou ao público que a Anvisa está em um processo contínuo de crescimento e amadurecimento, buscando cada vez mais novas tecnologias para reduzir o tempo de resposta nas decisões que garantem a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. Iuri Alves de Sousa acrescentou que o aprendizado não tem uma resposta pronta, mas que é um processo, um caminho que a Agência já está percorrendo, e que fortalece cada vez mais uma cultura orientada por dados.