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PARCERIA INTERNACIONAL
Anvisa participa de projeto de farmacovigilância de malária
A Anvisa participou nesta quarta-feira (14/4) da reunião virtual de encerramento do projeto piloto “Fortalecimento da Farmacovigilância e Adesão ao Tratamento da Malária na Região das Américas (VigilADMa)”. Desenvolvida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a iniciativa visa fortalecer a farmacovigilância de malária em vários países das Américas, o que se traduz em ações de monitoramento do uso de medicamentos e de eventos adversos - reações inesperadas ou indesejadas provocadas pelo uso de fármacos.
O Brasil foi o primeiro a implantar e concluir a ação, desenvolvida no município de Manaus, estado do Amazonas, de novembro de 2019 a dezembro de 2020. Além da Anvisa, o projeto da OPAS contou com a participação do Ministério da Saúde, da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas, da Fundação de Medicina Tropical (FMT) e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Manaus.
Durante a reunião, profissionais da Gerência de Farmacovigilância (GFARM), vinculada à Gerência-Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária (GGMON), reforçaram a necessidade da vigilância ativa dos medicamentos usados no tratamento da doença e da promoção de um maior entrosamento entre as equipes de assistência e vigilância, como forma de reduzir a subnotificação de eventos adversos.
Resultado do projeto
A malária é uma enfermidade potencialmente fatal causada por parasitos transmitidos às pessoas pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Para tratamento dessa doença, um dos medicamentos utilizados é a primaquina.
Porém, esse antimalárico possui um composto chamado 8-aminoquinolina, que causa efeitos adversos em quem tem deficiência da enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD). As pessoas com esse quadro de saúde, ao tomarem a primaquina, correm risco de ter hemólise – rompimento da membrana das hemácias, que pode levar à necessidade de transfusões sanguíneas e até mesmo ao óbito.
Ao todo, 1.062 pacientes foram entrevistados por meio de um questionário sobre efeitos adversos, o que permitiu identificar três pessoas com deficiência de G6PD. Em seguida, o esquema de tratamento delas foi alterado e elas puderam se curar da malária sem necessidade de transfusão de sangue ou outro agravamento do quadro.
Para ajudar a fortalecer a farmacovigilância e aumentar a adesão ao tratamento, foi criado um envelope e um vídeo com informações simples sobre o tratamento e efeitos adversos. Quando uma pessoa era diagnosticada com malária, o profissional de saúde entregava o envelope e explicava tudo sobre o tratamento, além de pedir autorização para incluí-lo no projeto.
A partir daí, o paciente passava a receber mensagens de SMS via celular para lembrá-lo de tomar corretamente a medicação e, após três dias do fim do tratamento, ele recebia uma ligação que buscava identificar possíveis eventos adversos e referenciá-lo, se necessário, ao serviço de saúde.
Modelo
A experiência em Manaus servirá de modelo para implementação do VigilADMa em outras localidades do Brasil e em outros países e territórios. Além do país, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, Peru e República Dominicana participam do projeto. A iniciativa conta também com a parceira da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e Fundação Bill & Melinda Gates.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente metade da população mundial (cerca de três bilhões de pessoas) está exposta ao risco de ter malária, especialmente quem vive em condições de maior vulnerabilidade e pobreza. Em 2019, 229 milhões de pessoas foram acometidas pela doença em todo o mundo, com 409 mil mortes.
Com informações da OPAS.