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AGROTÓXICOS
Entenda o monitoramento de agrotóxicos em alimentos
A Anvisa divulgou, nesta terça-feira (10/12), os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) referentes aos anos de 2017 e 2018.
De acordo com os dados, 99,1% das amostras monitoradas eram seguras para o consumo, sem indicação de risco. Apenas 0,89% das amostras tinham risco agudo para o consumidor. Risco agudo significa a possibilidade de provocar algum efeito negativo ao organismo pelo consumo em um dia.
Entenda abaixo como funciona o Programa e os seus resultados.
Quais foram os alimentos analisados?
Ao todo, foram analisadas 4.616 amostras de 14 alimentos: abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva.
Esses alimentos representam 30,89% do que é consumido pela população brasileira, de acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE.
Os alimentos foram coletados em 77 municípios do Brasil e são uma representação estatística do consumo no país.
Não foram pesquisados alimentos orgânicos.
Confira a íntegra do relatório .
Qual o tamanho de cada amostra?
O tamanho das amostras pode variar de 1 kg a 2 kg, dependendo do tipo do alimento. No caso do alho, o tamanho mínimo da amostra é de 300 g.
Cada amostra também tem uma quantidade mínima de unidades. Exemplo: a amostra mínima da manga é de 2 kg e pelo menos cinco frutas. Isso significa que as 350 amostras de manga analisadas representam pelo menos 700 kg de manga analisados durante este ciclo do programa.
Veja a apresentação dos dados.
Quais foram os resultados das análises?
O relatório destacou cinco pontos entre os resultados.
Inconformidade X risco
Inconformidade é diferente de risco.
A inconformidade está relacionada ao manuseio no campo. As inconformidades possíveis são o uso de agrotóxico não autorizado para uma cultura específica, o uso de agrotóxico não autorizado no país e a aplicação com resíduos acima do permitido.
O risco avalia o potencial de danos à saúde, isto é, as amostras que representam um risco para o consumidor de alimentos tanto em curto como em longo prazo.
A avaliação do risco é o principal objetivo do Para.
Qual o risco detectado nas amostras?
Com o resultado das análises, a Anvisa calculou o risco agudo (curto prazo) e crônico (longo prazo).
O risco agudo é aquele referente ao consumo de uma grande porção de um alimento com nível elevado de resíduo de agrotóxico no período de 24 horas. Isso significa que o risco agudo é baseado na quantidade máxima de agrotóxico que uma pessoa poderia ingerir no prazo de 24 horas. Nesta edição, o risco agudo foi detectado em 0,89% das amostras analisadas.
O risco crônico mede a possibilidade de danos à saúde considerando o consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos ao longo de toda a vida. Esta foi a primeira vez que a Anvisa calculou o risco crônico da ingestão de alimentos com esses resíduos considerando os dados do Programa.
Para fazer esse cálculo, a Anvisa utilizou uma metodologia internacional e aplicou os dados disponíveis do Para desta edição e da edição anterior (2013-2015). De acordo com as análises, não foi encontrado risco crônico para os alimentos de origem vegetal. Os resultados indicaram que a maior parte dos agrotóxicos está presente em quantidade menor que 1% do total que representaria risco crônico.
Quais alimentos tiveram amostras com risco agudo?
Dos 14 alimentos analisados, cinco apresentaram amostras com possibilidade de risco agudo: abacaxi, batata-doce, goiaba, laranja e uva.
A laranja foi o alimento com o maior número de amostras em que foi detectado risco agudo, com um total de 27 amostras entre 382 analisadas, principalmente por causa do agrotóxico carbofurano.
A informação positiva é que estudos apontam que a maior parte desses resíduos na laranja permanecem na casca do alimento, cujo consumo certamente é inferior ao consumo da polpa e do suco.
Qual agrotóxico trouxe mais preocupação?
O carbofurano foi o agrotóxico mais relacionado às amostras de alimentos com risco agudo.
O uso desse agrotóxico está proibido pela Anvisa desde abril de 2018, o que significa que parte das amostras foram colhidas no período em que o produto ainda estava no mercado.
Para quais problemas o relatório aponta?
Os resultados do Para têm apontado para a necessidade de melhor uso dos agrotóxicos no campo e de cuidados com a saúde do trabalhador das lavouras.
Outro ponto de preocupação é com a aplicação de produtos não autorizados para determinadas culturas. Apesar de o resultado atual ter demonstrado um baixo risco potencial, o uso de agrotóxicos em culturas não autorizadas aumenta a possibilidade de que um maior número de resíduos chegue à mesa do consumidor sem a avaliação prévia da Anvisa. Além disso, pode ser indicativo de riscos ao trabalhador do campo, uma vez que não há diretrizes estabelecidas para o uso do agrotóxico nas situações de uso não permitido para a cultura.
Saiba mais sobre os resultados do monitoramento de agrotóxicos.
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