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Jornalismo de saúde no Brasil é tema de palestra
A relação entre veículos de imprensa e Anvisa ganhou relevância na mesa redonda da Semana do Conhecimento desta quarta-feira (26/10). As jornalistas Marcela Buscato, colunista de saúde da revista Época, e Johanna Nublat, repórter da Folha de São Paulo, abordaram os desafios do jornalismo de saúde no Brasil. A moderação da palestra ficou a cargo de André Falcão, da TV Senado.
Com o tema “Conhecimento científico, conhecimento popular e a mídia como agente social de saúde”, as convidadas apresentaram o trabalho de produção, pesquisa e edição de notícias especializadas, contextualizando a realidade dos grandes veículos jornalísticos em que trabalham.
Nos trabalhos de apuração, Marcela Buscato abordou que a falta de conhecimento do processo científico, a dificuldade de analisar evidências, a falta de interpretação dos dados governamentais e a carência de porta vozes que dialoguem com a imprensa dificultam o exercício jornalístico. “Precisamos atrair os leitores e sermos fieis ao conhecimento científico ao mesmo tempo. Não podemos ser científicos demais, senão nossa matéria não será interessante ao leitor”.
Outra ressalva apresentada por ambas as jornalistas foi a importância da clareza e agilidade de pareceres institucionais: técnicos e analistas de órgãos públicos são importantes interlocutores com os meios de comunicação, uma vez que contextualizam dados e informações específicas. “É importante que os técnicos tenham paciência com os jornalistas. Nem sempre eles estão inteiramente por dentro de um assunto, até mesmo pela própria realidade do nosso trabalho” afirmou Nublat.
A liberação do canabidiol, um dos exemplos citados por Johanna, trouxe à tona essa dificuldade: “Em 2014, estávamos discutindo a liberação do canabidiol na Anvisa, e todos falavam que seria liberado. Na hora, o uso não foi liberado e me pegou de surpresa. Se nosso dialogo fosse maior, saberíamos com mais antecedência sobre isso”.
Prestação de serviços para a sociedade
O moderador André Falcão indagou se os valores notícia, apresentados pelas jornalistas, seriam de interesse público ou privado de um determinado veículo. Marcela disse que novidades de produtos médicos não mais chamam tanto a atenção do leitor quanto serviços públicos de saúde. “Hoje o leitor está muito mais crítico. As pessoas estão interessadas nas condições de atendimento e se o plano de saúde cobrirá o medicamento que ela precisa.”
Os medicamentos das indústrias farmacêuticas são o principal trabalho realizado pela Anvisa, e consequentemente, o serviço mais demandado pela sociedade, e a necessidade de um efetivo serviço técnico por parte da Agência é essencial para que ela obtenha resposta às suas demandas. Jarbas Babosa, diretor-residente da Agência, elogiou a visibilidade que a imprensa tem dado à essas questões: “A minha tendência de observação é que os veículos buscarão fontes novas. Temos uma pressão social para que divulguemos informações com agilidade, segurança e eficácia. É bom que a imprensa critique, pois fazem a diferença no nosso trabalho”, concluiu.