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Semana do Conhecimento: hora de repensar a regulação
“Se o acesso a medicamentos e tratamentos médicos, hoje, é maior, a segurança sanitária precisa ser incomparavelmente melhor que há 10 anos. Como eu posso fazer melhor?”. Essa foi a indagação levantada pelo diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, ao público durante a abertura da VI Semana do Conhecimento.
Jarbas enfatizou o objetivo principal do encontro: repensar o modo de fazer regulação sanitária no Brasil.
Aos olhos do diretor-presidente, a Semana do Conhecimento da Anvisa ressalta o papel da Agência como centro de pensamento e reflexão crítica, oferecendo um período de troca de ideias importante na busca por melhorias das atividades do órgão regulador.
A abertura da VI edição da Semana também contou com as presenças do diretor de Controle e Monitoramento Sanitários da Anvisa, José Carlos Moutinho; do diretor do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Guimarães; do representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Joaquim Molina; do representante da Secretaria de Saúde do DF, Eduardo Filizola; e da coordenadora-geral de Gestão da Informação e do Conhecimento da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Andreia Andrade.
José Carlos Moutinho reconheceu que conhecimento e inovação são essenciais. “Em um mundo complexo e em uma organização do nosso porte, o conhecimento e inovação são fundamentais”, destacou. A coordenadora geral do Enap, Andreia Andrade, complementou afirmando: “inovação é se manter relevante”.
Uma gestão melhor para uma saúde melhor
Para abrir a Semana do Conhecimento, o dr. Drauzio Varella, cancerologista e pioneiro dos estudos sobre a AIDS no Brasil, foi convidado para ministrar a palestra “Conhecimento e Inovação em Saúde”. O diretor-presidente da Anvisa explicou que a escolha do médico se deu pela combinação de seus estudos na saúde com o “aspecto humano”.
Drauzio Varella mostrou uma comparação entre a saúde pública e a privada no Brasil. “Estamos em uma situação complicada. De um lado temos os planos de saúde e de outro temos o SUS. Quando analisamos os investimentos federais, temos 150 milhões de pessoas dependentes do Sistema Único. Os investimentos são de 103 milhões de reais nesse sistema. Do outro lado temos os planos de saúde privados, que comportam 50 milhões de brasileiros que tem condição de arcar com eles. Os investimentos são de pouco mais de 90 milhões de reais. Só de vermos esse quadro, já temos uma grande desigualdade”, ressaltou.
Problemas como o grande corporativismo médico, interferências políticas, financiamento inadequado, corrupção, excesso de judicialização e a falta de conhecimento médico em relação aos medicamentos e exames cobrados foram mencionados por Drauzio como os principais fatores para a crise da saúde no Brasil. Na opinião do médico, o aumento dos recursos financeiros não resolvem esses problemas, que seriam resolvidos com uma melhor gerência. “O SUS precisa de um choque de gestão em todos os níveis. Se não fizermos isso, chegaremos a uma situação ainda mais caótica. Estamos chegando em um momento de reflexão em que nunca vi nada parecido, e talvez possamos melhorar esse quadro. Temos que defender o SUS e defender a Anvisa, pois é ela que define do que a saúde precisa”.
Nesse papel, o cancerologista valoriza o trabalho que a Agência realiza: “A Anvisa tem uma visão fundamental nesse processo e precisa de apoio governamental para definir o que vale ou não vale na saúde. “
Semana do Conhecimento
Contando com uma programação diversificada e interativa entre palestrantes, acadêmicos, servidores e cidadãos, a Anvisa abre importantes canais de diálogos com a Semana do Conhecimento. As atividades continuam ao longo desta semana e a Agência espera por você. Para mais informações, consulte a página oficial do evento: http://portal.anvisa.gov.br/semanadoconhecimento .