O Ministério dos Transportes divulgou recentemente o estudo de viabilidade do Trem Pé-Vermelho, cujo projeto prevê a ligação entre Ibiporã e Paiçandu, nas regiões de Londrina e Maringá, respectivamente. O trecho de 122 quilômetros vai passar por 11 cidades. A novidade é a possível aproveitamento das linhas atuais para transporte de passageiros. A medida resolveria um problema antigo das cidades: linhas férreas que cruzam a área urbana dos municípios e são usadas para transporte de cargas. O estudo foi realizado pelo Laboratório de Transporte e Logística (LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e apontou que a região possui viabilidade técnica e econômica para a implantação do projeto do Trem Pé-Vermelho. De acordo com o coordenador da equipe da LabTrans, Rodolfo Carlos Nicolazzi Philippi, os veículos leves sobre trilhos (VLT) passariam a transitar pelas antigas linhas férreas, facilitando a instalação de estações mais próximas das áreas urbanas para atendimentos dos passageiros. "Essa é uma solução técnica do estudo, que passará pela consulta pública aberta no último dia 12 pelo Ministério dos Transportes", esclareceu Philippi. "O maior problema é a linha de carga que cruza os principais centros urbanos da região. Em vista disso, os municípios envolvidos estão se mobilizando no sentido de procurar uma solução. Como já mencionado, a cidade de Londrina 'resolveu' o problema parcialmente, uma vez que a linha de carga ainda corta a cidade. Maringá resolveu-o com o apoio do governo federal e Apucarana encontra-se em processo de minimização das interferências com a área urbana", aponta o estudo. Segundo o levantamento, os problemas mais graves são registrados em Cambé, Rolândia, Apucarana e Arapongas, que "possuem dezenas de ruas e avenidas cruzadas por grandes e lentos trens de carga". Philippi esclarece que tarifas foram estipuladas no estudo, mas afirmou que os valores serão definidos apenas após o início da operação pelo administrador do serviço. No entanto, ele ressaltou que as tarifas devem concorrer com os valores do transporte rodoviário. Os preços variam conforme o trajeto, tempo de viagem e número de paradas até o destino final. "Se a tarifa fica muito abaixo do que é realizado pelos ônibus, o transporte ferroviário não se torna atrativo para o operador. Por outro lado, se o valor da passagem é muito alto, afasta os usuários", explicou Philippi. Segundo ele, um dos principais atrativos para os passageiros deve ser o tempo de viagem nos vagões com velocidade média entre 40 km/h e 60 km/h e linha exclusiva para o transporte ferroviário sem interferência de outros veículos, principal problema nas pistas das rodovias e vias urbanas. A velocidade dos trens alcança até 80 km/h em condições ideais. O estudo ainda apresenta opções de diferentes veículos para transporte de 48 até 208 passageiros sentados ou de 179 a 766 de capacidade total. Rafael Fantin Equipe Bonde |