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Trem Caipira continua fora dos trilhos
Quando o assunto é Trem Caipira - ou Trem da Modernidade, como prefere o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) - ninguém fala a mesma língua. Órgãos e instituições apresentam versões contraditórias sobre o futuro do projeto que deveria desenvolver o turismo no distrito de Engenheiro Schmitt, em Rio Preto. Enquanto a Prefeitura de Rio Preto, idealizadora do projeto, diz que “tudo está andando” e que faltam apenas “detalhes” para que o trem entre nos trilhos, o Ministério do Turismo, gestor do convênio, diz que a parceria foi encerrada e que o município deverá devolver o dinheiro empregado na compra de locomotiva e vagão.
“Isso está superado. Fora de cogitação. Estamos fazendo a reforma da estação e em 20 dias concluímos. A partir daí, aguardamos autorização para fazer a viagem uma vez por mês”, diz o secretário de Desenvolvimento Econômico, Gerson Furquim, que reconhece as dificuldades técnicas e de viabilidade econômica do projeto.
“Se fosse fácil... Não depende só de mim. Se dependesse, já estaria rodando, mas pretendemos colocar (para rodar) uma vez por mês”, afirmou o secretário, que não deu prazo para início das viagens. Na última semana, o Trem Caipira chegou a ser descoberto. Estava prevista sua retirada da Garagem Municipal para teste nos trilhos, mas problemas burocráticos impediram a remoção do veículo. Furquim afirmou que nos próximos dias fará o teste para saber se está tudo em ordem na parte mecânica. “Deverá haver o teste, mas sem data.”
Além das versões da Prefeitura e do Turismo, a concessionária América Latina Logística (ALL), a quem cabe a administração e gerenciamento da malha férrea, e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pela fiscalização, se posicionaram sobre o Trem Caipira. A ALL, por meio de nota, diz que está à disposição da Prefeitura para definir como serão os detalhes do projeto, mas lembra que a ANTT fez determinadas exigência antes de autorizar o funcionamento do trem.
Entre as exigência, diz a assessoria da agência, estão estudos de viabilidade e demanda, certificado de capacitação dos técnicos que vão operar o equipamento, além de apresentação de apólice de seguro para o caso de acidentes. Novas exigência no quesito segurança também foram feitas depois do trágico descarrilamento que matou oito pessoas em Rio Preto no começo de dezembro.
Na nota enviada ao Diário, a ANTT diz ainda que, segundo informações da Prefeitura, o trem operou entre 2009 e 2010, tendo paralizado as atividades em 2011. Na verdade, o trem fez uma única viagem, em dezembro de 2008. Depois, foi encostado e teve equipamentos como rádio e GPS furtados. Desde então, está estacionado sem uso.
Improbidade
No começo de janeiro, o Ministério Público Federal, por intermédio do procurador Svamer Cordeiro, notificou a Caixa Econômica Federal sobre o procedimento para exigir da Prefeitura de Rio Preto a devolução de cerca de R$ 1 milhão aos cofres da União. Na ocasião, o procurador - que investiga suposta improbidade no convênio - deu prazo de 20 dias para a resposta. O Diário tentou ao longo da última semana uma posição de Cordeiro, mas a informação em seu gabinete é que ele está sempre em audiência. A Caixa também não se manifestou sobre o assunto.
Sergio Isso
Desenvolvimento diz que em 20 dias conclui reforma de estação
Projeto tem falhas desde sua concepção
Iniciado na gestão do ex-prefeito Edinho Araújo (PMDB), a implantação do Trem Caipira foi prejudicada por uma série de falhas, a começar pela concepção do próprio modelo escolhido, que em nada se assemelha à alcunha de “caipira.” De visual futurista, o veículo motriz e o vagão não cativam pelo visual. Outro problema enfrentado para a execução do projeto foi a compra do trem antes mesmo de as estações de Schmitt e Rio Preto estarem reformadas, bem como a não conclusão do Museu Caipira que funcionaria no distrito.
O secretário de Desenvolvimento, Gerson Furquim, reconhece ainda que uma viagem por mês é “pouco” e não garante a viabilidade econômica. “Uma vez por mês é muito pouco. Mas vamos cumprir a obrigação da reforma e fazer o passeio.” Como atração, ele diz que pretende levar “eventos” para a estação de Schmitt, como feira de artesanato e atrações musicais.
DIÁRIO WEB - TEMPO REAL
Edição de: 23/02/2014