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Solução sustentável para o transporte público ferroviário
Sudeco está avançando com os projetos para a ativação dos trens de passageiros entre Brasília-Goiânia e Brasília-Luziânia. A ideia é, para esse último trecho, adotar o VLT
A utilização do trem para o transporte de passageiros entre as cidades de Brasília e Luziânia, bem como Brasília e Goiânia é a solução que vem sendo defendida e encampada pela Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). “Eu tenho uma visão muito clara, enquanto gestor, de que o Brasil está pelo menos um século atrasado em relação à questão da mobilidade urbana e semiurbana e do escoamento da produção de grãos que não acontece sobre os trilhos, mas sobre as rodovias”, argumenta o superintendente da Sudeco, Marcelo Dourado.
Ele acredita que para resolver o problema da mobilidade urbana e semiurbana nas médias e grandes cidades do país deve se seguir na direção de se resolver a questão da logística. Marcelo cita que enquanto no Brasil o pneu é o principal modal de cargas, pelo mundo afora, principalmente nos Estados Unidos, Europa e Ásia, o principal modal é o trilho.
[legenda=VLT fará o trecho de Luziânia-GO à Rodoferroviária de Brasília aproveitando um trilho de quase 80 quilômetros e vai beneficiar cerca de 600 mil pessoas no Goiás e DF]
“Naturalmente tem que se fazer a integração com outros modais que são os ônibus, o automóvel, o hidroviário e assim vai, mas a referência principal para o transporte público de massa não é o pneu, é o trilho”, observa.
Marcelo Dourado conta que ao assumir a Sudeco percebeu que a situação de grandes cidades aqui do Centro-Oeste, principalmente nesse trecho Goiânia-Brasília, está muito grave e caminhando para um caos total de paralisia. Ele afirma que a única forma de resolver isso é através do trilho. “Eu vi que estava praticamente sozinho nessa história. Fui conversar com algumas pessoas, alguns gestores, e os caras tinham outro discurso. Eu consegui a duras penas a assinatura de um acordo tanto para o Brasília-Goiânia como para Brasília-Luziânia para a gente implantar o sistema ferroviário de mobilidade urbana e semiurbana nessa área que é a área estratégica para o Centro-Oeste e para o país”, explica.
Com relação ao projeto do trem de Brasília a Luziânia, Dourado lembra que foi uma “luta impressionante” porque, segundo ele, muita gente se diz a favor do trem, mas na prática não é.
Diante do problema diário enfrentado por mais de um milhão de pessoas que trafegam em ônibus superlotados, que quebram, sem contar com os intermináveis engarrafamentos, a Sudeco se dedicou a viabilizar o aproveitamento de aproximadamente 80 quilômetros de extensão de trilhos. “Hoje a BR-060 em que trafegam pessoas que vem de Luziânia, Valparaíso, Cidade Ocidental todo dia dá mais de um milhão de pessoas. O pessoal vive em condições subumanas de transporte, e essa via é totalmente engarrafada, um colapso todo dia, e você tem um trem que está em perfeitas condições e que passa por essa região”, conta.
Dourado afirma que nos próximos dez dias deve ser anunciado o consórcio vencedor que ficará encarregado de fazer o EVTEA do VLT de Brasília a Luziânia. A expectativa é que as obras possam se iniciar no ano que vem. A previsão de gastos é de R$ 90 milhões e, quando o projeto estiver concluído, a expectativa é de que o trajeto Brasília-Luziânia, hoje feito pela rodovia em cerca de 2h40, possa ser concluído em 50 minutos.
“O VLT vai fazer esse trecho de Luziânia à Rodoferroviária aproveitando um trilho de quase 80 quilômetros e vai beneficiar uma população de quase 600 mil pessoas. A expectativa é também fazer a Saída Norte, saindo da Rodoferroviária, que passaria paralelamente à EPIA e iria para o Noroeste, Sobradinho, Planaltina até chegar em Formosa”, comenta.
INCENTIVADOR
[legenda=Marcelo Dourado: O Brasil está pelo menos um século atrasado no transporte]Segundo o superintendente da Sudeco, o senador federal Rodrigo Rollemberg (PSB) é um parlamentar favorável e incentivador do projeto de uso de trilhos para transporte de passageiros. “É uma questão fundamental e estrutural porque se trata de um transporte mais barato e mais eficiente, e normalmente o grande custo de implantação desses projetos é exatamente o processo de desapropriação dos terrenos do trajeto. No nosso caso já temos uma linha toda pronta, precisaria apenas de algumas adaptações", avalia o senador.
Sobre a inclusão da proposta no PAC da Mobilidade, o superintendente da Sudeco conta que já enviou inúmeros ofícios para inclusão da proposta, mas ainda não obteve resposta. Entre as vantagens do VLT, Dourado aponta a ausência de emissão de gases. “Se você comparar um trem com um ônibus ou com um carro, o grande vilão do aquecimento global é a queima do combustível fóssil, o trem é 100% limpo, é elétrico e não há emissão de gases”, observa.
Outra vantagem apontada é a capacidade de transporte. “Um VLT leva de uma vez 900 pessoas. O automóvel não é nem a proporção de um para duas pessoas. Com um VLT você tira imediatamente 500 carros das vias e cerca de 20 ônibus. Não queremos eliminar os ônibus, queremos usá-los como integração com o VLT. A intenção é melhorar a qualidade do transporte”, esclarece.
O superintendente da Sudeco reforça que a referência principal do transporte de massa tem que ser o trilho e não os ônibus, o pneu. “A previsão da Sudeco é que, com o EVTEA pronto, o prazo é de oito a dez meses, a gente licita as obras de engenharia, concessão e operação. O EVTEA vai dizer como é a questão da mobilidade, como é o estudo de demanda, de fluxo, quais estações precisam ser feitas, quais são os melhores locais, quais são as adaptações, e se tem que ser uma linha só ou duas linhas”, ressalta.
Trechos
BRASÍLIA-GOIÂNIA
No último mês de maio foi anunciado que o consórcio EGIS-VEGA/LOGIT/JGP/MMSO venceu a licitação para a execução dos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTEA ) que irá nortear a implantação de serviços de transporte de passageiros e de cargas entre Brasília-Anápolis-Goiânia. O prazo para concluir o trabalho é de 15 meses. “O consórcio já está realizando os estudos que não têm nada a ver com aquela loucura do Expresso Pequi. Trata-se de um trem de média velocidade. Provavelmente em maio ou junho do ano que vem eu estou com o EVTEA na mão e já vou passar para a segunda etapa que tem a licitação para as obras e construção”, destaca.
NOVOS RECURSOS
A Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) anunciou, no último dia 15 de agosto, o início das operações do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO), que já tem disponível R$ 1,4 bilhão para investimentos públicos em infraestrutura e logística na região. “Com esse fundo, ano que vem a Sudeco não vai depender de ninguém para colocar para frente o projeto dos trens de transporte de passageiros entre Brasília e Luziânia e Brasília e Goiânia”, comemora o superintendente Marcelo Dourado.
O Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO) é um fundo de natureza contábil, que tem a finalidade de assegurar recursos para a implantação de projetos de desenvolvimento e a realização de investimentos em infraestrutura, ações e serviços públicos considerados prioritários no Plano Regional de Desenvolvimento do Centro-Oeste.
Audiências vão promover debate da RIDE
A Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) divulgou o cronograma das audiências públicas que serão realizadas sobre mobilidade urbana e semiurbana na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE). Serão seis audiências envolvendo as cidades goianas de Valparaíso, Luziânia, Novo Gama e Alexânia, além das regiões administrativas do DF, Núcleo Bandeirante, Guará e Brasília. A primeira audiência será no próximo dia 25 de setembro, às 18h30, na Câmara de Vereadores de Valparaíso.
O objetivo das audiências, segundo a Sudeco, é debater temas importantes e de interesse coletivo para o desenvolvimento econômico e social da Região. “A população deve participar dessas audiências, dar sugestões e tirar dúvidas sobre a questão da mobilidade urbana. Isso vai nos ajudar e muito nos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental”, comentou o diretor-superintendente da Sudeco, Marcelo Dourado.
As audiências serão articuladas pela Sudeco, em parceria com os órgãos integrantes do Conselho Administrativo da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (COARIDE), o Ministério dos Transportes, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., os governos do estado de Goiás e do Distrito Federal, as prefeituras municipais, as administrações regionais, as Câmaras de Vereadores, a sociedade civil organizada, bem como com outros órgãos e entidades com atuação relevante para o desenvolvimento da mobilidade urbana e semiurbana.
JORNAL DA COMUNIDADE – DF
Edição do dia 07/09/2013