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Laudo de acidente da ALL indica falha eletro-mecânica
A Comissão Especial da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), criada para apurar as causas do acidente ocorrido dia 19/07 na ponte sobre o rio São João da Serra de Paranaguá, envolvendo a concessionária de ferrovia América Latina Logística (ALL), entende que uma falha eletro-mecânica, no sistema de freio dinâmico da locomotiva comandante, causou a baixa eficiência de atuação desse dispositivo. Essa falha foi motivada pelo funcionamento irregular do disjuntor de comando local da locomotiva. Segundo a comissão, outro ponto foi o descumprimento de instruções referentes à condução do trem e de procedimentos especiais para circulação de composições em descidas de serras, estabelecidas em regulamentos de operação.
Assim, a comissão recomendou à ALL a adoção de algumas medidas, tais como: cumprimento irrestrito da tabela do número de vagões e lotação; aferir os modelos matemáticos empregados para o dimensionamento do trem com a realização de uma ampla instrumentação da composição e da via permanente; aumentar os esforços e recursos de manutenção entre Iguaçu e Paranaguá; e a utilização de simuladores, até mesmo de outras concessionárias, para expor os maquinistas a situações de condução com imprevistos e estresses.
Confira abaixo a íntegra do sumário do laudo:
SUMÁRIO DE LAUDO
APURAÇÃO DOS FATOS RELACIONADOS AO ACIDENTE COM O TREM D-04 DA AMÉRICA LATINA LOGÍSTICA DO BRASIL S.A. – ALL. OCORRIDO DIA 19/07/04, NA PONTE SOBRE O RIO SÃO JOÃO DA SERRA DE PARANAGUÁ.
COMISSÃO ESPECIAL DA ANTT DESIGNADA PELA DELIBERAÇÃO DE DIRETORIA N° 231/04 DE 27/07/2004
1. IDENTIFICAÇÃO
Dia e hora: 19/07/2004 ás 00:01 hora.
Local: Km 62,4 da serra de Paranaguá, entre as estações de Marumbi (LMY) e Véu de Noiva (L VN), sobre a ponte do Rio São João.
Trem: Prefixo D04 com 3 locomotivas G22UB de 1.650 hp total e 45 vagões, totalizando 2.328,31 toneladas úteis e 3.210,51 toneladas brutas.
Mercadorias:
- vagões 1 a 10 com farelo de soja.
- vagões 11 a 14 com açúcar demerara.
- vagões 15 a 37 com milho.
- vagões 38 a 45 com produtos siderúrgicos
Danos Ambientais: contaminação do Rio São João por soja, açúcar e milho proveniente dos 35 vagões que caíram da ponte.
2. RESULTADO
Entende a comissão da ANTT que a causa do acidente foi falha eletro-mecânica no sistema de freio dinâmico da locomotiva comandante n° 4371, causando baixa eficiência de atuação desse freio na composição, motivada pelo funcionamento irregular do disjuntor de: comando local da locomotiva e também, o descumprimento de instruções referentes a condução do trem e de procedimentos especiais para circulação de composições em descidas de serras, estabelecidas em regulamentos de operação.
3. DETERMINAÇÕES DA ANTT PARA A ALL
A Comissão instituída pela ANTT, visando à prevenção de futuras ocorrências e considerando a análise das informações contidas na documentação referente ao acidente em tela, recomendou uma serie de medidas e intervenções no trecho Iguaçu - Paranaguá, abrangendo o seguinte:
Operação dos trens na serra
- Cumprimento irrestrito da tabela do número de vagões e lotação.
- Incluir em seu checklist de revisão anual de vagões critérios adicionais de inspeção dos engates (pára-choques) com o uso de ultra-som.
- Durante o processo de anexação da locomotiva de auxílio, no pátio de Piraquara, estabelecer procedimento de comunicação via rádio entre o maquinista e o eco (ser realizada por supervisor experiente), para trocar informações a respeito da condução padrão, do comportamento da composição e verificação das condições funcionais de todos os sistemas de freio.
Material rodante
- Deve a Concessãonária comprovar a perfeita atualização do quadro de revisão geral dos seus vagões e locomotivas, especialmente quanto aos sistemas de freio e realização de testes de eficiência em todos os disjuntores de comando local do armário eiétrico, sem o que se elevam os riscos da descida da serra pela alteração dos parâmetros do dimensionamento do trem. .
- Aferir os modelos matemáticos empregados para o dimensionamento do trem com a realização de uma ampla instrumentação da composição e da via permanente com base em uma simulação da operação da serra em escala real, com a medição de todos os esforços atuantes, com acompanhamento de técnicos da ANTI.
- Os Computadores de Bordo - CBl instalados na locomotivas devem dispor do registro a respeito do valor da corrente elétrica recuperada pelo acionamento do freio dinâmico (amperagem).
Via permanente
- Aumentar os esforços e recursos de manutenção entre Iguaçu e Paranaguá e no trecho Pinhais - Morretes, devendo rever seus padrões de limites de desgaste para a substituição de trilhos e grampos de fixação, adotando maior rigor na avaliação do desgaste e fadiga destes componentes.
- Tomar as medidas necessárias para a imediata correção de apoios verificados com dormentes deteriorados, como fixações soltas ou sem pressão no patim dos trilhos entre Roça Nova e Morretes. Devem ser intensificadas as revisões da via com a imediata substituição de dormentes, placas de apoio, tirefonds e grampos defeituosos.
- Devem ser intensificadas as revisões em juntas de trilhos, corrigindo-se, de imediato, os defeitos detectados como desnivelamentos, fraturas ou trincas em talas de junção, reaperto ou substituição de parafusos.
- Para os trilhos situados em curvas, deve-se adotar maior rigor nos parâmetros que definem sua substituição por desgaste lateral do trilho externo e achatamento do trilho interno.
- Comunicar de imediato à ANTT o estabelecimento de restrições de velocidade informando local, motivo, velocidade fixada, prazo de normalização, além das providencias tomadas para solucionar problema. Esta exigência se aplica à todas as restrições cujo prazo de reparação seja superior a 07 (sete) dias.
Capacitação técnica de seu pessoal operacional
- Necessidade de conscientização da importância das normas e de que elas exprimem uma avaliação global das limitações técnicas e são embasadas em fundamentos sólidos.
- Deverão ser analisados os registros do CBL de todas as viagens no trecho de serra. Recomenda-se, neste caso, a parametrização eletrônica de índices relevantes que selecionem as viagens com eventuais desvios ou problemas enfrentados para auditoria e providencias relacionadas a reciclagem de treinamento ou outras ações administrativas;
- Necessidade de utilização de simuladores, até mesmo de outras concessionárias, para exposição dos maquinistas a situações de condução com imprevistos e estresses.