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Fora dos trilhos
O paraibano Abelardo Jurema, ex-ministro da Justiça de João Goulart, costumava contar histórias dos bastidores da política nacional para deleite de seus muitos amigos. Uma delas dizia respeito à sua indicação para a liderança de Juscelino Kubitschek na Câmara dos Deputados. Juscelino cumprimentou-o e lamentou: “Eu pretendia tê-lo como meu líder há mais tempo, mas você é de uma bancada pequena e, assim mesmo, brigada entre si”.
Passados todos esses anos a bancada aumentou e, com ela, a briga interna, a ponto de a pequena e sofrida Paraíba passar ao largo de grandes projetos nacionais cuja execução exija a união e o empenho de seus congressistas.
Será assim com o projeto dos trens regionais de passageiros que volta à pauta dos governos federal e estaduais depois de décadas de abandono. Os planos, já em fase avançada de estudos, preveem a construção de 21 ramais ferroviários que, levados adiante, ofertarão mais de 3,3 mil quilômetros de trilhos a 14 Estados, até 2020. Bahia, Pernambuco, Sergipe, Maranhão e Piauí, cinco Estados nordestinos, estão contemplados com esse projeto destinado, sem dúvida, a modificar o sistema de transporte de gente cuja matriz repousa, enormemente, no lombo de estradas congestionadas, violentas e inseguras.
Maranhão e Piauí aparecem nesse plano com o trecho Codó, Terezina e Altos. Em Sergipe, a linha se estenderá por São Cristóvão, Aracaju e Laranjeiras. As cidades de Conceição de Feira, Salvador e Alagoinha compõem o projeto baiano, enquanto Pernambuco prepara-se para interligar por via férrea Recife e Caruaru. Não é preciso lembrar que tais percursos se farão, ainda, em benefício de cidades menores situadas às margens dos trilhos. Torna-se desnecessário, também, observar que projeto de tamanha envergadura requer tantas paternidades quanto possíveis. Não é briga para um só agente político, mas para uma bancada inteira que, se desunida, ficará a ver o trem passar em terreiro alheio.
Fazer da malha paraibana uma costela da Transnordestina (para o transporte de cargas) é empreitada para cuja realização nossos agentes políticos também deveriam unir esforços. Não há como admitir a sobreposição de conflitos pessoais ou partidários aos interesses coletivos. Pensem nisso, também, os eleitores.
Fonte: Jornal da Paraíba - PB