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Estudo aponta trens como alternativa para melhorar mobilidade nas grandes cidades
Trânsito parado, carros ocupados por apenas uma ou duas pessoas, ônibus lotados disputando espaços nas mesmas vias utilizadas pelos outros modais de transporte. As cenas são comuns e fazem com que a mobilidade urbana seja um desafi o às grandes cidades brasileiras. Para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), uma das soluções possíveis para reverter o quadro é incentivar o transporte ferroviário de passageiros. O relatório Trens de Passageiros – uma Necessidade que se Impõe, lançado na semana passada, pela ANTT, apresenta resultados de um ano de estudos do grupo de trabalho criado para diagnosticar a situação da malha ferroviária e propor ações para ampliar a participação dos trens no deslocamento de pessoas no Brasil.
O estudo, produzido por seis subgrupos de trabalho, aponta que há estruturas subutilizadas e que “é possível recuperar e reutilizar trechos para transporte de pessoas e de cargas”, disse o diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos. As propostas apresentadas podem servir para a realização de políticas públicas em âmbito federal ou estadual. Exemplo é a plataforma virtual com informações sobre trechos de trilhos, custos fi nanceiros e até o passo a passo de como realizar o estudo de viabilidade exigido pelo Ministério do Planejamento. “Com essas informações, é possível buscar recursos para os projetos”, explicou Francisco Ferreira, um dos pesquisadores.
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Nilson Tadeu Júnior afi rma que 200 milhões de pessoas circulam pelas cidades brasileiras todos os dias, “mas a estrutura é basicamente a mesma de 50 anos atrás.” Ele defende a criação de uma empresa ou órgão para coordenar a política de transporte de passageiros e implementar a Política Nacional dos Transportes Regionais, Metropolitanos e Urbanos, defi nida pelo Ministério dos Transportes. Com trens, o especialista espera redução da poluição e dos problemas de mobilidade urbana.
O grupo de trabalho apresentou outras medidas, como premissas para a Política de Transporte Ferroviário de Pessoas; estudo de normas técnicas; diagnóstico da indústria ferroviária brasileira e das tecnologias de comunicação utilizadas tanto para as operações das empresas quanto para o contato com os usuários do transporte; além da análise da condição de trechos. De acordo com o estudo, em grande parte dos 58 trechos de ferrovias analisados, “é possível, com as reformulações necessárias, o transporte de passageiros e/ou cargas”.
O Brasil possui apenas três serviços regulares de transporte ferroviário regional de passageiros: entre Vitória (ES) e Belo Horizonte (MG); entre Paraupebas (PA) e São Luís (MA), conhecida como Estrada de Ferro Carajás; e de Curitiba (PR) para Paranaguá (PR). Para ampliar a oferta, o grupo propôs que o governo federal amplie os investimentos no setor. De acordo com Bastos, ainda não há previsão de recursos para esse fim no orçamento que vem sendo executadoou mesmo o planejado, para o ano que vem. A ideia é que o relatório embase essa decisão, bem como as que devem ser tomadas pela ANTT.