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Estado acelera trem regional após o congelamento do TAV
Governo federal adia leilão em mais um ano e SP prevê edital para o mês que vem
Leito ferroviário da antiga Fepasa no Centro de Campinas: projetos do Estado prometem retomar o transporte de passageiros na região, ligando a cidade à Capital e ao Litoral
Com mais um adiamento do leilão do trem de alta velocidade (TAV), desta vez em mais um ano, o governo do Estado corre para licitar o projeto executivo do trem intercidades — 431 quilômetros de ferrovia que ligarão Americana a Santos, Taubaté a Sorocaba e que se cruzarão em São Paulo. O edital, segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), será publicado no mês que vem e o governo trabalha com a possibilidade de iniciar as obras em 2014 para circular trens a uma velocidade média de 120km/hora, podendo atingir até 160km/hora.
Segundo uma fonte, o adiamento do TAV está motivando o governo estadual a acelerar os procedimentos internos para colocar a licitação dos trens intercidades na rua, porque, na avaliação do Estado, é um projeto mais viável que o TAV e irá atrair investidores. O dia da entrega das propostas das empresas interessadas em participar da licitação do trem de alta velocidade estava marcado para a próxima quinta-feira. Embora empresas de pelo menos sete países tenham mostrado interesse em fornecer tecnologia e serem operadoras do trem-bala, entre elas Japão, Alemanha, França e Coreia do Sul, o governo recebeu um pedido formal de adiamento de grupos da Espanha e da Alemanha, que querem mais tempo para fechar parcerias.
A Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional, que coordena a parceria público-privada para viabilizar o projeto do trem intercidades, informou que está trabalhando na modelagem financeira do programa, com previsão de concluir até o próximo mês, para então licitar o projeto executivo. Pelas regras da parceria, assim que a modelagem for aprovada pelo Conselho Gestor, o projeto inicia o processo de licitação, com a submissão do modelo e da minuta do edital a audiência e consultas públicas. Após essas etapas, são feitos os ajustes considerados necessários e só a partir deste ponto é finalizada a licitação, com o recebimento das propostas, abertura e julgamento e assinatura do contrato.
O custo previsto para interligar a macrometrópole formada pelas quatro regiões metropolitanas do Estado — Campinas, Vale do Paraíba, São Paulo e Santos — está estimado em R$ 20 bilhões, sendo R$ 4 bilhões de recursos públicos.
Paralelo a esse projeto, o governo estadual trabalha no projeto do trem regional, que ligará São Paulo a Jundiaí e a proposta é, se o trem intercidades se viabilizar, oferecer o regional como contrapartida do Estado à parceria público-privada que será adotada para levar esse trem até Campinas e Americana.
As regiões metropolitanas de Campinas, São Paulo, Santos e São José dos Campos, somada à cidade de Sorocaba respondem por 53% da frota estadual de veículos e 63% de toda a população do Estado. Essas regiões possuem fluxo contínuo entre elas.
No cronograma do governo do Estado, a previsão é iniciar em 2014, o trecho de 25,4 quilômetros ligando o ABC, para que comece a operar em 2016. O segundo trecho serão os 90 quilômetros ligando a Campinas, cuja construção está prevista para iniciar em 2015 e ser concluída em 2018. As outras ligações começarão na sequência, até a conclusão final em 2020.
Segundo o edital de chamamento público publicado no ano passado, as extensões operacionais Campinas-Americana e São José dos Campos-Taubaté deveriam ser estudadas quanto à sua viabilidade e poderão ser implantadas antes de a rede chegar nessas cidades, caso essas linhas possuam demanda local. Em função dos traçados conectando Campinas e São José dos Campos à Região Metropolitana de São Paulo estarem próximos dos aeroportos de Viracopos e Guarulhos, respectivamente, e por agregarem uma demanda potencial, deverá ser avaliada a implantação de estações dos trens regionais nesses dois aeroportos.
Investidor propõe corredores ferroviários
Dos 13 grupos empresariais que apresentaram manifestação de interesse no início do ano para fazer o estudo de viabilidade, apenas um, formado pelo banco de investimentos BTG-Pactual e a Estação da Luz Participações (EDLP), entregou ao governo do Estado os estudos para os trens intercidades. O projeto apresentado inclui dois corredores ferroviários de passageiros — um, entre as cidades de Americana e Santos, passando por Campinas, Jundiaí, São Paulo, São Caetano do Sul, Santo André, Mauá e Cubatão; e outro, entre Sorocaba e Pindamonhangaba, passando por São Roque, São Paulo, Jacareí, São José dos Campos e Taubaté. A conexão dos dois corredores será em uma estação no Centro de São Paulo, a ser construída. Estimado em
R$ 20 bilhões, é o maior empreendimento privado em estudo no País. A proposta do consórcio é ligar as quatro regiões metropolitanas do Estado que formam a chamada Macrometrópole Paulista, com as regiões de Campinas, São Paulo, Santos e Vale do Paraíba, onde estão 153 cidades de 30 milhões de pessoas. Essa macrometrópole gera 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e reúne 72% da população e 80% de toda a riqueza gerada no Estado.
O governo do Estado tem alguns projetos para atender à demanda de tráfego na macrometrópole, como o Expresso ABC, uma linha de trem que reduzirá de 16 para três o número de paradas entre a Capital paulista e as cidades da região, reduzindo o tempo de viagem pela metade. Outra solução é o metrô, que deverá ser levado até o centro de Guarulhos e o Aeroporto Internacional de Cumbica, projeto para ser concluído até a Copa de 2014.
Maria Teresa Costa
CORREIO POPULAR
Edição do dia 13/08/2013 - 08h01