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Confirmada viabilidade do trem regional de passageiros
A viabilidade no trem regional de passageiros foi confirmada nesta quinta-feira (28), em audiência pública no anfiteatro do Instituo Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Campus Rio Grande. Na ocasião foi apresentado o resultado do estudo de viabilidade técnica, econômica, financeira, social e ambiental do sistema. Participaram da reunião autoridades do município-sede, além de Pelotas, Capão do Leão e São José do Norte.
O trem de passageiros entre as regiões de Capão do Leão e Rio Grande é um debate antigo em todos os municípios. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi contratada pelo Ministério dos Transportes para realizar estudos em diversos pontos do país como as ligações de Caxias do Sul e Bento Gonçalves e Londrina-Maringá. Segundo o representante da Universidade, Rodolfo Philippi, o estudo realizado cria uma via independente para passageiros à já existente linha de cargas. "Não há no contrato de concessão da linha com a ALL condições para trem de passageiros e não seria interessante fazer essa utilização compartilhada", garante.
De acordo com o estudo, o custo total do empreendimento que compreende os sistemas de segurança, apoio, material rolante e outros itens seria de R$ 7.867.092 por quilômetro de linha. "Não é barato mas está dentro dos padrões dessas obras", afirma Philippi.
O projeto apresentado pela Universidade faz um traçado entre os três municípios de 99,285 quilômetros sendo o maior trecho entre Capão e Rio Grande. Os dois outros trechos são localizados em Rio Grande e ligam a via até o Balneário Cassino e outro seria um sistema interno para o município.
No traçado são previstas dez passarelas de pedestres, 43 estações ferroviárias (seis em Capão, seis em Pelotas, 31 em Rio Grande), 20 pontes e três viadutos. Os tempos de viagem para o maior trecho entre ida e volta chega a duas horas e 40 minutos. Cada parada em estação pode levar cerca de dois minutos e no ponto final de oito minutos.
Para entender como a região se comportaria com um trem de passageiros foram entrevistadas 12 mil pessoas nos diferentes modais para entender quais deles migrariam para a ferrovia. A expectativa da Universidade é que logo no primeiro ano sejam 11 milhões de usuários. Ao final dos 30 anos de concessão da ferrovia, ideal para garantir a viabilidade do empreendimento, seriam 26 milhões de usuários.
Com relação as questões ambientais, a Universidade afirma que a parte mais sensível é aquela em que o projeto teria que ser feito do zero. "91% do projeto está em área já desgastada o que não gera um impacto tão grande. O cuidado maior é onde terá que ser construída a ferrovia", afirma ele.
Tarifa
Para garantia de um sistema funcional viável economicamente, o projeto apresentou que 22 carros são suficientes para linha ativa e reserva. Cada vagão pode receber 48 pessoas sentadas e 131 quando cabinado e, 56 sentadas e 140 em pé quando não houver cabine no vagão. A tarifa depende de diversas variáveis, como o aporte de recursos do governo na implantação do sistema. A UFSC entende como viável uma passagem com custos entre R$ 3,10 e R$ 3,40.
Os trens de passageiros produzidos no Brasil podem chegar a uma velocidade de 120 quilômetros por hora. O estudo revelou que uma velocidade ideal para linha longa é de 80 quilômetros por hora e para distâncias curtas de 70 quilômetros por hora. "Com o trânsito que tem atualmente, quando o transporte coletivo chega a 25 quilômetros por hora já é uma velocidade considerada elevada. A velocidade do trem faz reduzir tempo e custo", garante Philippi.
Traçado
Como não há possibilidade de utilizar a linha de cargas, a sugestão da empresa é que a construção ocorra na mesma faixa de domínio, o que facilitaria o processo. Para isso uma questão jurídica deveria ser resolvida entre o concedente da área e quem detém a concessão que seria compartilhada. "Montamos o traçado histórico dessa linha com algumas modificações. Criamos além da ligação entre Capão e Rio Grande uma via interna na área da península.
Entraves
Um dos entraves apresentados ao traçado é a desocupação da faixa de domínio em cerca de dois quilômetros no centro de Rio Grande. Além disso já foram identificadas 165 casas que teriam que ser desapropriadas nesse processo e ainda está em fase de quantificação de outras residências.
Futuro
A entrega deste estudo é mais um dos passos que deve ser percorrido para que o trem de passageiros possa ser licitado e implantado. O estudo será entregue ao Ministério dos Transportes que agora seguirá uma agenda de passos, entre eles, o estudo de mercado para a implantação do projeto. Não há previsão ainda para que o trem de passageiros ganhe contornos mais próximos de entrar em operação.