O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, Adalberto Tokarski, participou hoje (4) da reunião de encerramento do ano da Comissão de Direito Marítimo e portuário da Ordem dos Advogados, seção de Santa Catarina – OAB/SC.
O evento, realizado por videoconferência, reuniu ainda representantes das outras agências reguladoras de transportes – ANTT (transportes terrestres) e ANAC (aviação civil) -, e teve como tema a
Multimodalidade para busca da eficiência logística (infraestrutura e transportes de carga
). A reunião também serviu como um “esquenta” para o IX Congresso Nacional de Direito Marítimo, Portuário e Aduaneiro da OAB, que será realizado nos dias 26 e 27 de agosto de 2021, em Balneário Camboriú – SC.
Em sua apresentação, o diretor da ANTAQ destacou a importância do acesso ferroviário aos portos, pois “não há porto eficiente sem um excelente acesso ferroviário”. Tokaski informou que vai propor ao novo diretor-geral da Agência, Eduardo Nery, um novo acordo de cooperação com a ANTT no sentido de revisitar todos os acessos ferroviários dos portos brasileiros. “Se nós solucionarmos esses gargalos na chegada da ferrovia, onde normalmente tem problema, vai ganhar a ferrovia e vão ganhar os portos”, afirmou. O diretor da ANTAQ também se comprometeu em fazer um diagnóstico apontando os problemas e soluções dos portos que possuem acesso ferroviário para discussão em um futuro debate.
Sobre multimodalidade, Tokarski lembrou a defesa intransigente que fez da hidrovia Tietê-Paraná, em razão da importância do modal para se chegar com a carga ao Porto de Santos com menor custo de transporte. Pelo modal rodoviário vai-se até São Simão, pelo hidroviário, até Pederneiras, em São Paulo, e daí por trem até o Porto de Santos. Lá funciona a multimodalidade. Direto de caminhão até Santos, o transporte fica pelo menos 20% mais caro”, observou.
De acordo com Tokarski, muitos portos brasileiros têm problemas de acessos ferroviários. Ele lembrou que desde que assumiu como diretor da ANTAQ vem procurando diagnosticar gargalos e encontrar saídas para melhorar a logística portuária. Tokarski explicou que a competência sobre a ferrovia que está dentro do porto é da ANTAQ, mas ressaltou que existe um acordo de cooperação com a ANTT para atuação conjunta no caso dessas ferrovias.
“Logo na primeira visita oficial que fiz como diretor a um porto, o Porto de Paranaguá, encontrei gargalos em relação ao modal ferroviário. Colocamos o foco no acesso ferroviário e atuamos junto à concessionária e à autoridade portuária para resolver os problemas encontrados”, lembrou.
Tokarski também lembrou que, ao assumir a diretoria-geral da Agência, em 2017, uma de suas principais prioridades foi a chegada das cargas ao Porto de Santos. O foco foi o acesso ferroviário dentro do porto, que, na época, era um dos principais gargalos.
“Convidei um diretor da ANTT, o Marcelo Vinaud (que hoje é o diretor-geral daquela agência) para fazer uma visita. Inicialmente, fomos por água, depois seguimos pelos terminais de carro, e pegamos uma locomotiva e andamos 15km dentro do porto, conhecendo os problemas e buscando soluções para a ferrovia”, apontou.
Segundo Tokarski, outros portos também têm gargalos de acessos ferroviários. “No Porto de Rio Grande, por exemplo, a ferrovia cruza uma rodovia, e como não há uma alça para manobra o trem fica travando uma rodovia federal, o que é um absurdo”, afirmou.
Visando uma logística de transportes mais eficiente, o diretor da ANTAQ defendeu uma atenção especial na análise do Tramo Sul. De acordo com o diretor da ANTAQ, trechos ferroviários no Sul do Brasil foram preteridos, causando enorme prejuízos a vários portos, mas a ANTT está atuando para solucionar o problema.
Tokarski também falou sobre o levantamento dos gargalos dos portos do Nordeste, que apresentou no evento Brasil Export Nordeste, realizado no final do mês passado.
”Em Suape, o acesso já existe, assim como em Pecém, onde a ferrovia já transporta em determinado trecho, mas se a Transnordestina avançar vai ser muito melhor. A mesma coisa se dá no Porto de Aratu, na Bahia. Lá tem acesso ferroviário, mas ainda é preciso fazer uma interligação com outra ferrovia. Enfim, se queremos pensar grande com o porto, temos que pensar da forma mais eficiente utilizando a ferrovia”, concluiu.