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Estudo apresenta nível de preparação dos portos para receber embarcações de baixo carbono
Brasília, 31/10/2024 - A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) divulgou, nesta quinta-feira (31), o estudo “Diagnóstico de Descarbonização, Infraestrutura e aplicações do Hidrogênio nos Portos”, elaborado em parceria com o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).
A Agência firmou com a GIZ, em setembro de 2023, um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que prevê a elaboração de projeto dividido em três eixos. O primeiro foi uma revisão da experiência internacional, análise de documentos, artigos técnicos e científicos e estudos sobre transição energética, descarbonização no transporte marítimo e nos portos e potenciais relacionados ao hidrogênio verde e derivados, como amônia e metanol.
O Eixo 2 foi a entrega desse estudo de descarbonização e aplicações de hidrogênio verde nos portos. Por fim, o terceiro eixo, que está em fase de elaboração pela ANTAQ, é um estudo de caso para fazer um levantamento das iniciativas estabelecidas de transição energética nos portos do Açu (RJ), Itaqui (MA), Paranaguá (PR), Pecém (CE) e Santos (SP) - a maioria dessas instalações já contam com iniciativas voltadas para a utilização de hidrogênio de baixo carbono.
O diretor-geral da ANTAQ, Eduardo Nery, elogiou as entregas desse acordo e garantiu que “a terceira etapa vai trazer mais evidências, conclusões e endereçamentos para o setor sobre esse assunto, que é um dos mais importantes da agenda de infraestrutura portuária".
A apresentação do levantamento foi feita na Frente Parlamentar Mista de Porto e Aeroportos (FPPA) pelo superintendente de Estudos e Projetos Hidroviários da ANTAQ, Bruno Pinheiro, e pelo assessor técnico da GIZ, Carlos Divino.
O estudo foi feito no âmbito do projeto H2Uppp (International Hydrogen Ramp-Up Programme), financiado pelo Ministério da Economia e Ação Climática (BMWK) da Alemanha, que promove projetos e o desenvolvimento do mercado do hidrogênio verde em países selecionados como parte da Estratégia Nacional para o Hidrogênio.
O levantamento teve como objetivo verificar como as infraestruturas portuárias brasileiras (públicas e privadas) estão se preparando para o recebimento de embarcações com combustível verde, eletrificação de equipamentos portuários e sistemas Onshore Power Supply (OPS) e projetos de hidrogênio verde e derivados (PtX).
Uma das pautas de maior importância na ANTAQ é a sustentabilidade, levando isso em consideração, o diagnóstico vai permitir que a Agência elabore orientações e diretrizes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa por navios em portos e viabilizar a descarbonização da infraestrutura portuária e dos serviços portuários prestados.
Iniciativas avançadas
O estudo apontou quais iniciativas se destacaram pelo estágio mais avançado em comparação com as demais. Entre elas, estão o fornecimento de combustíveis menos poluentes e o planejamento e implementação de medidas de eficiência energética.
Os sistemas inteligentes de gerenciamento da logística portuária, a geração de energia renovável para atividades operacionais e administrativas, os incentivos econômico-financeiros para embarcações menos poluentes e a eletrificação de equipamentos operacionais também estão entre as ações mais avançadas nos portos brasileiros.
Combustíveis usados
No levantamento foi observado a predominância do uso de combustíveis fósseis, como o diesel marítimo, o bunker convencional (também conhecido como óleo combustível marítimo) e o bunker com baixo teor de enxofre.
Segundo o estudo, combustíveis com baixo teor de carbono, como o biodiesel e o Gás Natural Liquefeito (GNL) são pouco comuns nas instalações portuárias.
Levando isso em consideração, a Agência também perguntou sobre o interesse de utilização de hidrogênio de baixo carbono por parte das instalações portuárias. Entre os portos públicos, 63% vê potencial na produção e exportação do hidrogênio verde, abastecimento de embarcações com esse combustível ou derivados, ou na criação de hubs de hidrogênio de baixo carbono e derivados. Nos terminais privados esse engajamento é mais baixo chegando a 19%.
Entre as vocações portuárias para a aplicação do hidrogênio verde e derivados está a importação de equipamentos, como eletrolizadores e compressores; a formação de hubs de hidrogênio para a indústria; a utilização em combustíveis como a amônia e o metanol e consequente criação de um corredor verde de embarcações; o aumento na exportação de fertilizantes e amônia; e utilização como combustível em empilhadeiras, caminhões e portêineres.
Preparação para transição
A presença de um inventário de emissão de carbono e de metas de redução de emissões também foram mapeadas entre os portos brasileiros. Nos dois casos o percentual de adesão ainda é baixo.
Em relação ao inventário, os Terminais de Uso Privado (TUPs) têm o maior percentual em comparação com o porto público. Os motivos apontados pelos terminais foram pressão de mercado, políticas corporativas e o Índice de Desempenho Ambiental (IDA).
O índice permite que a ANTAQ, que foi precursora na aplicação dessa metodologia, avalie a eficiência e a qualidade da gestão ambiental dos portos brasileiros. Esse projeto garante a melhora dos níveis de sustentabilidade no setor portuário.
Sobre as metas de redução de emissões, os respondentes apontaram que um dos principais desafios para não conseguirem definir esse percentual é a ausência de inventário. Destacaram ainda que, entre as instalações com metas definidas, os reportes desses dados são feitos em sua maioria em relatórios de sustentabilidade.
Nesse sentido, a ANTAQ deve implementar em breve o inventário de emissão de carbono do setor aquaviário, com o intuito de fazer um levantamento dessas emissões em todos os portos brasileiros.
Desafios
A Agência também buscou entender quais os principais desafios das instalações portuárias para iniciar a transição energética e pontos como falta de capacitação, como será feita a coleta de dados, equipe insuficiente e falta de recursos financeiros foram apontados.
Robustez tecnológica e o custo de implementação dessa tecnologia também são respostas frequentes, principalmente para medidas ligadas à produção e exportação de hidrogênio de baixo carbono e seus derivados, nos sistemas OPS (On-Shore Power Supply), medidas de eficiência energética e eletrificação.
Desafios mercadológicos sobre o fornecimento de combustíveis menos poluentes e a necessidade de clareza das demandas do mercado, complexidade burocrática e aspectos regulatórios também são citados.
Tendo em vista esses desafios mapeados, a Agência fez algumas sugestões com soluções eficazes para garantir mais celeridade na transição energética no setor, como o desenvolvimento do inventário setorial de emissões.
Além disso, também se recomenda a incorporação de mais questões sobre descarbonização no formulário do IDA, a definição de mecanismos indutores para a implantação de Sistema OPS e a estruturação de fórum nacional de discussão que articule as diversas redes que tratam da descarbonização.
Outros tópicos são: fazer um programa de conscientização para a elaboração de inventários e estratégias de descarbonização, desenvolver a trajetória de emissões setoriais com levantamento de projetos e construção da análise de custo-benefício e a regulamentação que promova a utilização de combustíveis alternativos em embarcações, em articulação com o Ministério de Minas e Energia.
Assessoria de Comunicação Social
Study Presents Ports' Readiness Level for Receiving Green Vessels — National Waterway Transportation Agency (ANTAQ)
The National Agency for Waterway Transportation (ANTAQ) released the study titled “Decarbonization Diagnostics, Infrastructure, and Hydrogen Applications in Ports” this Thursday (31), developed in partnership with the Ministry of Ports and Airports (MPor) and the Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).
In September 2023, the Agency signed a Technical Cooperation Agreement (TCA) with GIZ to carry out a project divided into three main pillars. The first pillar included a review of international experience, analysis of documents, technical and scientific articles, and studies on energy transition, decarbonization in maritime transportation and ports, and potentials related to green hydrogen and its derivatives, such as ammonia and methanol.
The second pillar was the delivery of this study on decarbonization and green hydrogen applications in ports. Finally, the third pillar, currently being developed by ANTAQ, is a case study to identify established energy transition initiatives in the ports of Açu (Rio de Janeiro), Itaqui (Maranhão), Paranaguá (Paraná), Pecém (Ceará), and Santos (São Paulo) — most of these facilities already feature initiatives aimed at the use of low-carbon/green hydrogen.
ANTAQ's Director-General, Eduardo Nery, praised the outcomes of this agreement and assured that “the third stage will provide more evidence, conclusions, and directions for the sector on this topic, which is one of the most important on the port infrastructure agenda."
The study was presented in the Mixed Parliamentary Front on Ports and Airports (FPPA) by ANTAQ's Superintendent of Waterway Studies and Projects, Bruno Pinheiro, and GIZ Technical Advisor, Carlos Divino.
The study was conducted as part of the H2Uppp project (International Hydrogen Ramp-Up Programme), funded by Germany’s Ministry for Economic Affairs and Climate Action (BMWK), which promotes projects and market development for green hydrogen in selected countries as part of the National Hydrogen Strategy.
The survey aimed to assess how Brazilian port infrastructures (both public and private) are preparing to receive vessels with green fuel, to implement the electrification of port equipment, Onshore Power Supply (OPS) systems, and green hydrogen and derivatives (PtX) projects.
One of ANTAQ’s major priorities is sustainability, and with that in mind, the diagnostics will enable the Agency to create guidelines and directives to reduce greenhouse gas emissions from ships in ports, to facilitate decarbonization of port infrastructure and services.
Advanced Initiatives
The study highlighted initiatives that stand out for being at a more advanced stage compared to others. Among them are the supply of less polluting fuels and the planning and implementation of energy efficiency measures.
Other advanced actions at Brazilian ports include intelligent smart port logistics management systems, renewable energy generation for operational and administrative activities, economic and financial incentives for less polluting vessels, and electrification of operational equipment.
Fuels Used
The survey noted the predominance of fossil fuels, such as marine diesel, conventional bunker fuel (also known as marine fuel oil), and low-sulfur bunker fuel.
According to the study, low-carbon fuels, such as biodiesel and Liquefied Natural Gas (LNG), are uncommon in port facilities.
Considering this, the Agency also inquired about the interest of port facilities in using low-carbon hydrogen. Among public ports, 63% see potential in producing and exporting green hydrogen, supplying vessels with this fuel or its derivatives, or creating low-carbon hydrogen hubs. Engagement is lower in private terminals, reaching 19%.
Port vocations for the application of green hydrogen and its derivatives include importing equipment, such as electrolyzers and compressors; establishing hydrogen hubs for industry; using fuels like ammonia and methanol and subsequently creating a green corridor for vessels; increasing the export of fertilizers and ammonia; and using hydrogen as fuel in forklifts, trucks, and container cranes.
Preparing for Transition
An inventory of carbon emissions and emission reduction targets were also mapped among Brazilian ports. In both cases, the adoption rate remains low.
Regarding the inventory, Private Use Terminals (TUPs) have a higher adoption rate compared to public ports. Reasons cited by terminals include market pressure, corporate policies, and the Environmental Performance Index (IDA, in portuguese).
This index allows ANTAQ, a pioneer in applying this methodology, to assess the efficiency and quality of environmental management at Brazilian ports, ensuring improved sustainability standards in the port sector.
For emission reduction targets, respondents noted that a lack of inventory is one of the main challenges preventing the establishment of such targets. They also mentioned that among the facilities with defined targets, data reporting is mostly done through sustainability reports.
In this context, ANTAQ is expected to soon implement a carbon emission inventory for the waterway sector, aiming to measure these emissions across all Brazilian ports.
Challenges
The Agency also sought to understand the main challenges port facilities face in initiating energy transition. Key issues included lack of training, data collection methods, insufficient staffing, and lack of financial resources.
Technological robustness and the cost of implementing this technology were also frequent responses, especially for measures related to the production and export of low-carbon/green hydrogen and its derivatives, OPS (Onshore Power Supply) systems, energy efficiency measures, and electrification.
Market challenges around the supply of less polluting fuels, the need for clear market demands, bureaucratic complexity, and regulatory aspects were also cited.
Considering these mapped challenges, the Agency made several recommendations for effective solutions to accelerate energy transition in the sector, such as developing a sectoral emissions inventory.
Additionally, it is recommended to incorporate more decarbonization-related questions in the IDA form, establish mechanisms to encourage OPS implementation, and set up a national forum for discussion to connect various networks addressing decarbonization.
Other suggestions include creating an awareness program for inventory development and decarbonization strategies, developing an emissions trajectory with project surveys and cost-benefit analysis, and implementing regulations that promote the use of alternative fuels in vessels, in coordination with the Ministry of Mines and Energy.
*Tradução feita pela GIZ