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Tokarski diz na ABTP que pandemia impactou operação de contêineres nas navegações de cabotagem e interior em 2020
O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, Adalberto Tokarski, participou ontem (16) da videoconferência “Diálogo com as associadas da ABTP” sobre a movimentação portuária e o comportamento das principais cargas. O encontro foi promovido pela Associação Brasileira de Terminais Portuários e reuniu especialistas do setor e representantes dos terminais, como o diretor-presidente da ABTP, Jesualdo Silva, e o presidente do Conselho Deliberativo daquela associação, Clythio Buggenhout.
Em sua apresentação, o diretor da ANTAQ fez um relato dos principais resultados da movimentação portuária brasileira em 2020. Os dados apresentados são do Estatístico Aquaviário, produzido pela Agência, e incluem informações recebidas de 31 portos organizados (portos públicos) e 137 portos privados (terminais privados).
Segundo Tokarski, o sistema portuário nacional movimentou 1,151 bilhão de toneladas de cargas no ano passado, representando crescimento de 4,2% em comparação ao movimentado em 2019. “Esse resultado demonstra a capacidade de reação do setor portuário nacional em meio a uma pandemia que atingiu o mundo”, ressaltou.
O diretor da ANTAQ também falou sobre as cargas que mais influenciaram o crescimento das exportações brasileiras na última década: “As principais cargas foram os granéis agrícolas, especialmente soja e milho. Juntas, as exportações desses granéis cresceram mais de 70 milhões de toneladas, representando um crescimento de 170%”, apontou, destacando ainda as exportações de contêineres, que cresceram 50% em toneladas (16,8 milhões de toneladas) e petróleo e derivados, com crescimento de 35 milhões (167%).
Já entre as principais mercadorias que impactaram negativamente as importações no período 2010/2020, o diretor da ANTAQ citou os produtos químicos inorgânicos, cuja importação caiu 61% (4,1 milhões de toneladas), petróleo e derivados, menos 4,2 milhões de toneladas (-14%) e carvão mineral, que apresentou queda de 3,6 milhões de toneladas (-59%). Outras quedas significativas nas importações, na última década, foram do coque de petróleo (58%), ferro e aço (67%) e cimento (70%).
Em relação ao perfil das cargas movimentadas em 2020, Tokarski informou que granéis sólidos e contêineres apresentaram um pequeno crescimento, +1,2% e +1,1%, respectivamente, enquanto carga geral registrou queda de -0,3%. O destaque foi o granel líquido, que atingiu crescimento de 14,8%.
Já quanto à movimentação por tipo de instalação portuária na década, o diretor da ANTAQ mencionou um crescimento maior para os terminais privados (39%) sobre os portos públicos, com 31%. “Acredito que esse crescimento se deva, em boa parte, à Lei nº 12.815, que retirou a exigência de os TUPs movimentarem preponderantemente carga própria. Até 2013, nós tínhamos cerca de cem TUPs e ETCs, hoje, passamos de duzentos”, explicou.
COVID-19 impactou movimentação de contêineres
Tokarski destacou que a pandemia impactou a movimentação geral de contêineres pela cabotagem e citou que a movimentação dos portos privados, que vinha crescendo acima de 20%, em 2020, cresceu apenas 3,9%, por conta do impacto no par OD Amazonas/São Paulo, que é o principal par de origem/destino da cabotagem brasileira. “O impacto do COVID-19 também derrubou a movimentação de contêineres na navegação interior, fazendo-a cair 7% no ano passado”, disse, acrescentando que, em 2021, essa movimentação deverá ser novamente afetada.
Sobre o peso do agronegócio em relação ao volume de mercadorias movimentadas para exportação nos portos brasileiros, em 2020, Tokarski destacou a participação da soja, que foi de 12% do total. Outros destaques foram o açúcar e o milho, cada uma com 5% de participação do total de cargas movimentadas para exportação, e as carnes, com 1,1% de participação. Considerando as exportações em valores (US$), a soja representou 14% e as carnes 8%.
Outra carga tradicional na pauta de exportações, o milho apresentou queda de 14% na movimentação no ano passado. O diretor da ANTAQ explicou que esse resultado não é tão negativo como pode parecer. Segundo ele, essa queda na movimentação de milho, em 2020, se deveu à menor quantidade exportada do produto. “Mas o motivo é bom, porque a Região Sul, principalmente, passou a consumir mais milho para produzir carne. Ao contrário da soja que tem o preço alto e uma demanda maior do mercado externo, o milho é mais consumido internamente. Contudo, a movimentação de milho vai continuar crescendo, devido à logística que melhorou nos últimos anos, reduzindo o preço interno”, concluiu.