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ANS debate em seminário a assistência hospitalar
A busca da qualidade na assistência hospitalar é um movimento global, daí a necessidade de se investir cada vez mais na capacitação e gestão. A constatação foi feita por Carlos Figueiredo, gerente de Relações com Prestadores de Serviços da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), após o primeiro dos seis painéis do Seminário de Desenvolvimento Setorial, promovido pela Agência de 1 a 3 de dezembro, no Rio de Janeiro. O encontro reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros no Hotel Rio Othon Palace, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
O diretor interino da Diretoria de Desenvolvimento Setorial da ANS, Leandro Reis Tavares, abriu o evento e anunciou a formação da primeira mesa, que teve como tema o Desempenho dos Prestadores Hospitalares nos Sistemas de Saúde no Mundo – Sistemas de Avaliação e Impacto do Monitoramento. O representante da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAPH), Henrique Salvador, chamou a atenção, em sua palestra, para a “necessidade de gestão do risco nos hospitais”, salientando que foi isso que originou o manual da entidade sobre “Melhores Práticas Clínicas”. Ele adiantou que a ANAPH está com 13 projetos em andamento, que deverão ser consolidados para difundir conhecimento para o setor.
O alemão Nikolas Matthes descreveu o IQI Project que, nos últimos 15 anos, estabeleceu parcerias na Europa, Ásia e América Latina. Destacou, sobretudo, o trabalho desenvolvido em Taiwan na questão das mensurações para a acreditação de hospitais. Matthes ressaltou, nessa parceria, a necessidade de reuniões anuais, com o intercâmbio de dados, para melhorar a qualidade através da comparação da prática assistencial.
Ao abordar o “Sistema de Saúde Francês”, Etienne Mineville discorreu sobre o COMPAQH, que nada mais é do que um amplo projeto que abrange mais de 3 mil hospitais da França, onde, anualmente, todos são avaliados em até 82 critérios. Mineville observou que a grandiosidade do setor na França, se comparado ao Brasil, ainda enfrenta alguns desafios, apesar de o governo investir na busca de uma boa performance e na constante pressão da imprensa francesa. Mesmo assim, Mineville afirmou que ainda se espera, muitas vezes, até quatro horas para ser atendido numa emergência em seu país.
Ainda no primeiro dia, foi discutida a experiência dos dois países, França e Estados Unidos, a partir do Impacto da Transparência para a Escolha do Usuário na Saúde Suplementar. A gerente da área de saúde da Towers, Perrin, Fosters & Crosby Ltda, Laís Perazo, discorreu sobre as Expectativas das Entidades Patronais no Brasil.
As Tendências para o Sistema Suplementar na Perspectiva do Paciente no Centro do Cuidado foi discutida num talk show que teve como moderador o representante da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC), Wilson Scholnik, que conversou com a assessora da Superintendência Corporativa e gerente médica do Hospital Sírio-Libanês, Laura Schiesari.
Para Carlos Figueiredo, o “objetivo principal do seminário foi conhecer e discutir as experiências desenvolvidas por outros países e analisar junto com o setor o que pode ser trazido para a implantação da qualificação dos prestadores da saúde suplementar no Brasil”.
Avaliação da Qualidade, Segurança do Paciente e Modelos de Remuneração
O segundo dia de evento foi aberto com uma conferência sobre os Indicadores Assistenciais na Avaliação da Qualidade e Segurança do Paciente proferida por Marcos Bosi Ferraz, do Grupo Fleury. Ainda no período da manhã, uma mesa redonda moderada por Denise Schout, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), debateu o Sistema de Medição de Desempenho dos Prestadores com Foco nos Resultados Assistenciais com a apresentação de quatro cases: do Hospital Mãe de Deus, pela gerente de Pacientes, Elenara Ribas; do COMPAQH, pelo diretor de Pesquisa em Economia e Administração no Centro Nacional Francês para Pesquisa, Etienne Mineville; dos Hospitais do IQI Project, por Nikolas Matthes, e do Hospital Pró-cardíaco, pelo diretor clínico do Hospital, Evandro Tinoco.
A quarta mesa redonda discutiu Modelos de Remuneração e foi moderada por Antônio Carlos Endrigo, gerente-geral de Integração Setorial da ANS. Em sua participação, Afonso Matos, da Planisa, ao abordar os modelos atuais e suas distorções questionou como surgiram os preços hospitalares e discorreu sobre uma boa qualidade e um bom custo. Já o diretor executivo da Impacto Tecnologias Gerenciais em Saúde, César Abicalaffe, que discorreu sobre Pagamento por Performance, disse categoricamente que consulta bonificada não é pagamento por performance e que o modelo a ser adotado deve estar centrado no paciente.
Para Sérgio Vieira, da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), a solução está na gestão do conhecimento e o médico deve ser incentivado a racionalizar os custos. O representante do Hospital Samaritano de São Paulo, Sérgio Bento, ressaltou como os hospitais devem se preparar para a qualificação e, como exemplo, mostrou o Modelo de Avaliação do Samaritano.
O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge Curi, questionou qual o papel do médico e quanto o médico deve receber, aproveitando para relembrar a dedicação da categoria desde a faculdade até o cotidiano do exercício da medicina com a interferência das operadoras. Essa mesa contou ainda com a participação de Walter Valle, da Fundação Brasileira de Hospitais e Unidas.
O talk show desse dia apresentou os Avanços nas Formas de Integração do Sistema de Saúde visando à Sustentabilidade pelo presidente do Sindicato dos Hospitais do Rio de Janeiro, Josier Marques Vilar, e foi moderado por Arlindo Almeida, da Abramge.
Contratualização e TUSS
Na sexta-feira, último dia do seminário, as discussões giraram em torno da contratualização do ponto de vista das operadoras e dos prestadores. Foi moderada pelo gerente de Planejamento e Orçamento da ANS, João Luiz Barroca, e debatida por Paulo Webster, da Unimed do Brasil, Sandro Leal Alves, da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), e Eduardo Oliveira, da Federação Brasileira de Hospitais (FBH). A última mesa discutiu a Terminologia Unificada em Saúde Suplementar (TUSS) com a apresentação de quatro cases: pela Abramge, Luiz De Biase; pelo Grupo Fleury, José Roberto Araújo; pela Unimed, Anízio Rodrigues Neto; pela Bradesco Saúde, Sônia Bastos. A mesa foi moderada pela gerente de Padronização e Interoperabilidade da ANS, Marizélia Leão.