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Cientista apresenta benefícios do uso de dados na APS
A Agência Nacional de Saúde suplementar (ANS) realizou, no dia 22/06, a #Live “Atenção Primária Baseada em Dados e Centrada na Pessoa”. O evento faz parte da série Seminários Avançados de Atenção Primária em Saúde, um espaço de discussão e reflexão dos principais pilares do projeto Cuidado Integral à Saúde desenvolvido pela ANS em parceria com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), o Institute for Healtahcare Improvement (IHI) e a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).
Na abertura do encontro, a gerente de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial Substituta da ANS, Rosana Vieira das Neves, lembrou que, em 2018, a reguladora instituiu o Programa de Certificação em Boas Práticas em Atenção à Saúde para certificar as operadoras que desenvolvem projetos relacionados à melhoria do acesso à rede de prestadores, à qualidade da atenção à saúde e à experiência dos beneficiários de planos de saúde. A Certificação em Atenção Primária à Saúde foi a primeira do programa, que já conta com quatro operadoras certificadas. Rosana explicou que, “para a Agência, falar de APS é falar de um sistema estruturante, que se contrapõe à ideia de fragmentação em saúde que observamos hoje”.
Dando sequência ao encontro, o médico do HAOC e integrante da coordenação do projeto Cuidado Integral à Saúde, Eno Filho, comandou o programa de entrevista, que teve como convidado o médico e cientista de dados Gregório Rodrigues. O cientista falou sobre o uso do big data como ferramenta para a Atenção Primária à Saúde (APS). Ele destacou o papel da ciência de dados no apoio ao autocuidado e a importância do uso de dados em larga escala para a melhoria dos eventos de saúde. “É impensável achar que vamos fazer uma saúde integral sem que ela seja baseada em dados. Ser baseada em dados é ser centrada nas pessoas, uma vez que os dados são, de certa forma, uma representação digital do itinerário terapêutico do paciente”, afirmou.
Segundo Rodrigues, estudos científicos demonstram os benefícios da APS orientada por dados (data driven), mas essas vantagens não são percebidas para a maioria dos serviços por falta de clareza dos dados. “Muitas vezes, os modelos de atenção primária são ultrapassados, e já não davam conta de resolver os problemas da época em que foram criados. Esses mecanismos precisam de mais sofisticação para dar conta dos problemas do século XXI e não do século passado. Essas questões são ligadas à atenção primária de alta performance”, explicou.
Um dos primeiros passos para desenvolver soluções mais inteligentes é compreender os tipos de dados disponíveis. “Normalmente, em nossas atividades cotidianas, nós lidamos basicamente com dados clínicos apenas. Mas o paciente percorre um trajeto que vai deixando ´pegadas’ digitais. Esses dados estão dispersos no sistema e, se correlacionados com os dados clínicos do paciente, possibilitam uma melhor experiência no cuidado, com otimização de custos e redução de desperdícios", analisou Rodrigues.
Sobre o projeto Cuidado Integral à Saúde
O projeto Cuidado Integral à Saúde faz parte do Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde e é uma fase preparatória para a solicitação, pelas operadoras de planos de saúde, da certificação em APS. O objetivo é subsidiar a implantação de projetos-piloto em APS na saúde suplementar.
O projeto conta com 20 operadoras selecionadas por meio de processo seletivo realizado pela ANS. As operadoras são capacitadas por meio de um curso de formação em APS, ministrado pela SBMFC em conjunto com a Faculdade de Educação em Ciências da Saúde do HAOC.