Notícias
Painéis do Exposibram 2024 discutem fechamento de mina, mudanças climáticas e minerais nucleares
Roger Cabral, diretor da ANM, participando do painel “Indicadores e Critérios de Sustentabilidade para o Fechamento de Mina"
O diretor da ANM Roger Cabral participou do painel “Indicadores e Critérios de Sustentabilidade para o Fechamento de Mina", que abordou aspectos como segurança, estabilidade de estruturas e recuperação ambiental, além dos impactos socioeconômicos e da diversificação econômica como peças fundamentais para o desenvolvimento sustentável dos territórios com mineração.
No painel foram lançados os novos Guias de Indicadores para Planejamento e de Critérios de Sustentabilidade para o Fechamento de Mina, elaborado pelo Ibram, que abordam diversas boas práticas de gestão e governança a serem seguidas pelas empresas de mineração. Também foram discutidos os vários aspectos multidisciplinares que envolvem o fechamento de uma mina, com ênfase na necessidade do plano ser um instrumento interativo, que deve ser iniciado ainda na fase de pesquisa e aprimorado ao longo do ciclo de vida da mina, culminando com o fechamento adequado, deixando um legado positivo nas áreas pós-mineração, e que envolvem esforços de empresas, órgãos reguladores e comunidades afetadas.
Durante sua apresentação, o diretor Roger Cabral pontuou que “A ANM vem trabalhando para atualizar o arcabouço regulatório referente ao tema no Brasil, considerando vários critérios e indicadores de sucesso para o Fechamento de Mina. Dentre os quais destaca-se a estabilidade física e química, aspectos ambientais em parceria com os órgãos competentes, aspectos socioeconômicos, além das questões de monitoramento pós-fechamento e uso futuro”. Ainda segundo Cabral “Os principais critérios de sucesso devem ser realistas e mensuráveis, abranger uma visão holística do empreendimento minerário, de modo que sejam incorporados no planejamento estratégico dos empreendimentos, onde o planejamento do desenvolvimento da mina seja pensado, contemplando a visão do fechamento tanto do ponto de vista técnico, como econômico, de modo que o fechamento progressivo é a melhor opção. Nesse sentido, ocorrerá uma diluição dos custos de fechamento durante a fase ativa da mina, minimizando os riscos de abandono de minas, trazendo mais sustentabilidade ao setor”.
Tal visão vai ao encontro com o que foi abordado pelos outros especialistas que participaram do painel, como profissionais de empresas e órgãos ambientais, e se alinha com as melhores prática adotadas no mundo.
Mudanças Climáticas nas estruturas de mineração
O superintendente de Segurança de Barragens de Mineração, Luiz Paniago, participou do painel “Prevenção aos efeitos das mudanças climáticas nas estruturas de mineração”, que teve como foco a identificação, avaliação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas nas estruturas de mineração, em especial barragens e pilhas de mineração, e a promoção de práticas sustentáveis e resilientes.
O painel trouxe uma contextualização sobre a necessidade de adaptações das estruturas de mineração às mudanças climáticas, considerando-se as variabilidades atuais para estratégia de adaptações em projeções futuras de eventos extremos de maior magnitude e mais frequentes. Do ponto de vista da Agência Nacional de Mineração, Luiz Paniago destaca “A Resolução ANM nº 95/2022 é uma norma em contínuo alinhamento às melhores práticas internacionais em segurança de barragens, passando por atualizações e revisões, sempre que necessário”. Além disso, o painelista da ANM sinalizou que a Resolução nº 95/2022 traz uma abordagem alinhada a princípios de adaptação climática ao prever:
- a atualização frequente de estudos hidrológicos, analisando-se as séries hidrológicas no máximo a cada 3 anos para barragens classificadas com DPA alto;
- a obrigatoriedade de obras de readequação caso os estudos atualizados indiquem insuficiência da capacidade de vertimento dos dispositivos existentes nas estruturas de mineração; e
- critérios para extravasores de barragens com DPA alto, de forma a considerar o cenário mais desfavorável à segurança da estrutura.
Por fim, foi ressaltada a importância da incorporação de incertezas climáticas na hidrologia desde a fase de concepção dos projetos de engenharia, resultando em soluções mais robustas e flexíveis aos cenários de eventos climáticos extremos.
Luiz Paniago, superintendente de Segurança de Barragens de Mineração, participando do painel “Prevenção aos efeitos das mudanças climáticas nas estruturas de mineração” no Exposibram 2024
Minerais Nucleares
O assessor do diretor-geral da ANM e ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), José Mauro Esteves dos Santos, participou como moderador do painel “Discussão sobre minerais nucleares e a legislação no Brasil”, que abordou como a legislação para explorar minerais nucleares no Brasil vem evoluindo e pode colocar o país no cenário internacional como destaque relevante. Além disso, trouxe os projetos que o Brasil está desenvolvendo, desde pesquisa mineral a produção.
De acordo com o painelista da ANM, “Com a transição energética para economias de baixo carbono, os minerais nucleares vivem hoje um dos momentos de maior destaque de sua história. O urânio, em particular, tem sido cada vez mais procurado no mundo mineral para abastecer 437 usinas nucleares em operação e as mais de 60 usinas em construção, além da decisão de 25 países, tomada na COP 28, de triplicar a participação nuclear em suas matrizes energéticas. Esse novo panorama da energia nuclear abre para o Brasil uma oportunidade imensa de negócios. Detentor de uma das maiores reservas de urânio do mundo, espalhadas por todo o território nacional, o Brasil, com menos de 30% de sua área prospectada, tem um potencial imenso de participar da transição energética, com fração crescente no mercado mineral brasileiro.”
O debate trouxe questões sensíveis, como um arcabouço legal e regulatório que dificulta até os próprios entes estatais brasileiros a realizarem a prospecção, o processamento e a exportação dos minerais nucleares, o que acaba por prejudicar também a atração de investidores privados. Segundo José Mauro, “É urgente a simplificação de nosso sistema legal, para garantirmos a necessária segurança jurídica para atrairmos investidores privados para o mercado de minerais nucleares. A segurança jurídica na sociedade é a própria razão da existência do estado e um dos pilares fundamentais para o funcionamento da democracia. Dessa forma, para desenvolvermos uma indústria mineral nuclear, é preciso removermos obstáculos legais desnecessários e criarmos um marco legal baseado na sustentabilidade para solucionar os desafios estratégicos que se impõem sobre a sociedade brasileira”.
Também estiveram presentes no painel o Presidente da Indústrias Nucleares do Brasil, Adauto Seixas, o Deputado Federal Júlio Lopes (PP / RJ) e Hugo de Oliveira Polo, do Serviço Geológico do Brasil.
José Mauro dos Santos durante apresentação do painel sobre minerais nucleares no Exposibram 2024