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Setor público e empresas privadas discutiram na ANEEL soluções para combater a infestação do mexilhão dourado
Você já ouviu falar no mexilhão dourado? Ele é uma espécie exótica que tem facilidade em se fixar em estruturas rígidas e assim ocasionar a obstrução de tubulações e equipamentos em instalações hidrelétricas e de abastecimento, causando impactos financeiros. Com o intuito de discutir soluções para combater a infestação da espécie, foi realizado nesta quinta-feira (13/4) um workshop internacional na sede da ANEEL, em Brasília. A Diretora da Agência, Agnes da Costa, abriu o evento e destacou a importância de reunir stakeholders tanto da área privada quanto pública para tratar da questão de controle biotecnológico. Costa apresentou números alarmantes relacionados à infestação do mexilhão. “Já são 30 anos de infestação e nenhum sinal de arrefecimento; mais de 10.000 Km de rios infestados; mais de 60% das bacias hidrográficas infestadas até 2030 e impactos em todas as atividades econômicas de reservatórios multiuso (pesca, navegação, piscicultura, geração de energia e outras)”, afirmou a Diretora. Ela também destacou os impactos para o setor elétrico. “São mais de 40% das usinas atingidas e mais de 50% da capacidade instalada infestada”, pontuou.
O Vice-Presidente de Comercialização da CTG Brasil, Evandro Vasconcelos, elogiou a iniciativa da ANEEL e destacou que o mexilhão avança muito rapidamente e que é preciso um esforço ainda maior para combatê-lo, pois, caso contrário, a operação de grandes usinas pode ficar inviabilizada.
O Diretor Técnico da Tijoá Energia, Newton Lins, elogiou a iniciativa da ANEEL em realizar o workshop e o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento sobre esse tema e destacou que deve haver um plano de articulação conjunto entre interessados e envolvidos para combater o avanço da infestação. O representante da SPIC Brasil, Sunny Jonathan, ressaltou que os programas de P&D fazem parte do planejamento estratégico da empresa e comemorou os avanços já realizados. Reiterou, ainda, que todos os impactados pelo problema devem atuar em conjunto. Já o membro do Conselho de Administração da Cemig, Afonso Henrique Moreira, ressaltou que uma questão ambiental desse porte é muito séria e deve preocupar cada cidadão, cada empresa. Moreira também reiterou que deve haver um trabalho conjunto de todos os envolvidos e não apenas do setor elétrico.
Também participaram do evento representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recuros Naturais Renováveis (IBAMA), da ATGC Genética Ambiental, Bio Bureau, Hubz, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), Cedro Capital, além de representantes dos Estados Unidos (US Bureau of Reclamation) e China (Tsinghua University).
Ao final do evento, o Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética, Paulo Luciano, ressaltou que a realização do workshop é a prova de que o programa está dando frutos e que a divulgação dos resultados é importante, pois mostra para a população o bom investimento dos recursos.
Projeto de P&D da ANEEL
As iniciativas para o combate a infestação do mexilhão fazem parte do programa de P&D da ANEEL. Os principais desafios para desenvolvimento dos projetos relacionados a esse tema são:
• Tecnológico: modificar geneticamente uma espécie para a qual não existia um programa genético formal e nem reprodução em cativeiro. Depois escalonar a produção.
• Regulatório: ser o primeiro controle biotecnológico com base em gene-drive a ser testado no ambiente, no mundo
• Mercadológico: time-to-market elevado. Identificação do cliente econômico para uma solução de benefício difuso
• Social: vencer o preconceito e a desinformação para soluções envolvendo organismos geneticamente modificados
• Financeiro: assegurar o financiamento contínuo dos R$50-100 milhões que podem ser necessários para levar a solução ao mercado
Os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) devem ser orientados para subtemas estratégicos ou prioritários, buscando estimular o desenvolvimento de invenções e inovações tecnológicas relevantes para o Setor Elétrico Brasileiro.
Temas ou subtemas estratégicos são aqueles cujo desenvolvimento é de interesse nacional e de grande relevância para o setor elétrico, envolvendo elevada complexidade em termos científicos e/ou tecnológicos e baixa atratividade para investimento como estratégia empresarial isolada ou individual. Além disso, necessitam esforços conjuntos e coordenados de várias empresas e entidades executoras e grande aporte de recursos financeiros.