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Profissionais do Festival de Cannes e da Quinzena dos Realizadores participaram do evento na Maison de France no Rio de Janeiro
Programa “Encontros com o Cinema Brasileiro” é concluído com mesa redonda
No âmbito do programa Encontros com o Cinema Brasileiro, a ANCINE realizou na última sexta-feira, 15 de março, um mesa redonda de debate, em parceria com o Consulado-Geral da França no Rio de Janeiro e o programa Cinema do Brasil.
O evento trouxe como convidados o francês Manuel Moutier, membro do Comitê de Seleção do Festival de Cannes, que acontece no mês de maio, e o argentino Diego Lerer, delegado da América Latina da Quinzena de Realizadores, evento paralelo ao Festival de Cannes. A gerente-executiva do programa Cinema do Brasil, Ana Letícia Fialho, conduziu a conversa, que lotou a Biblioteca do Espaço Cultural da Maison de France, no centro do Rio.
Na abertura da palestra o assessor internacional da ANCINE, Adam Jayme Muniz, destacou a importância dos programas de incentivo e de apoio ao cinema nacional geridos pela ANCINE. “Esses programas têm a finalidade de dar maior visibilidade ao cinema brasileiro mundo afora, proporcionando, no caso do programa ‘Encontros’, um momento de total imersão no cinema nacional aos programadores convidados”.
Questionado sobre a seleção do Festival de Cannes e seus critérios, Manuel Moutier explicou que o evento não procura por nada que seja difícil de alcançar: “A busca não é por nada muito difícil. Cinema reflete a sociedade, é importante ter atenção para o que acontece no mundo, na política. Se pudesse escolher uma palavra, escolheria ‘qualidade’”.
Para Diego Lerer é importante se ter diversidade nos filmes exibidos. “Cinema que se consome nos festivais geralmente vem de processos de laboratório. O festival aceita qualquer nível de produção, são todos aceitos. Só no ano passado, recebemos mais de 3.000 filmes”, disse ele.
Os profissionais explicaram que o trabalho de curadoria funciona em equipe. “Cada representante em seu país faz uma pré-seleção. Não existe filme bom que não circule. Se ele foi visto em um festival, será comentado o ano inteiro”, explicou Manuel. A divisão dos filmes entre os selecionadores da Quinzena também se dá de forma parecida. “Todos os filmes são vistos por, pelo menos, duas pessoas: um delegado e um membro do Comitê. Quanto mais interessante, mais ele será visto”, concluiu Diego Lerer.
Sobre a cinematografia brasileira, os dois curadores foram unânimes em afirmar a singularidade da produção nacional. “O cinema brasileiro é muito peculiar e funciona no seu próprio ritmo. A cultura estética brasileira sempre surpreende, é imprevisível e incomoda no bom sentido. O cinema brasileiro é muito abrangente”, afirmou Diego Lerer. Manuel Moutier destacou ainda o fato de não haver limites geográficos: “Existe uma liberdade no tom dos filmes, existe a certeza de que nunca irá se ver duas vezes a mesma coisa, uma característica regional muito forte, sejam dos filmes rodados no Rio de Janeiro ou no Nordeste”. Para ele há muita riqueza nas produções nacionais e vontade de ter esses filmes exibidos em festivais: “Existe vontade em selecionar filmes brasileiros. Somos como garimpeiros de ouro”.