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Projeto de atualização tecnológica do parque exibidor integra o Programa Cinema Perto de Você
MinC, ANCINE e BNDES anunciam investimento de R$ 146 milhões na digitalização das salas de cinema
Em cerimônia realizada na tarde desta quinta-feira, 31 de janeiro, na Sala Funarte/Sidney Miller, no Rio de Janeiro, foi anunciada a criação de uma linha financeira do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA voltada para a digitalização das salas de cinema administradas por empresas brasileiras, no valor de R$ 140 milhões. Em ação complementar, um apoio não-reembolsável de até R$ 6 milhões será destinado à digitalização das salas de pequenos grupos exibidores. Participaram do evento a ministra da Cultura, Marta Suplicy, o diretor-presidente da ANCINE, Manoel Rangel, o diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES Julio Ramundo e o presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas – FENEEC, Paulo Lui. O secretário do Audiovisual, Leopoldo Nunes, também compôs a mesa.
Representando os exibidores, Paulo Lui manifestou enorme satisfação com o lançamento da linha de digitalização do FSA: “Entendo que o cinema se sustenta em quatro pilares: a produção, a distribuição, a exibição e a regulação governamental, sendo essa última, além de fomentadora, é o fiel da balança para que a atividade cresça e se desenvolva cada vez mais. Os produtores e exibidores já tinham um justo e merecido apoio governamental, mas a exibição, que é quem estabelece a grande relação com o público, também precisava de incentivo. Felizmente, nos últimos anos várias iniciativas governamentais atenderam ao setor, como o Procult, o Prêmio Adicional de Renda e o Programa Cinema Perto de Você, mas o lançamento de uma linha de apoio à digitalização é fundamental para sustentar o crescimento da atividade, pois o montante necessário para se abrir novas salas de cinema será cada vez maior. O Brasil cresce, e o cinema também precisa crescer. Trabalhando juntos, viabilizaremos esse crescimento.”
Em seguida, o diretor-presidente da ANCINE fez uma
apresentação detalhada
da forma de operação da nova linha financeira do FSA, destacando que o papel da política pública é criar as condições para que o mercado se desenvolva, mas que esse desafio só será vencido com o empenho e o empreendedorismo dos agentes econômicos do setor audiovisual:
“O processo de digitalização das salas de cinema já está adiantado no mundo inteiro, mas ainda há uma defasagem grande na América Latina e, em particular, no Brasil, onde apenas 30% das salas já estão digitalizadas. Precisamos nos inserir nessa realidade. A digitalização reduz os custos de copiagem e transporte e modifica a economia do cinema, beneficiando produtores e distribuidores e trazendo novas oportunidades para os exibidores, como a inclusão de mais salas no circuito de lançamentos e a multiprogramação, com a oferta de novos conteúdos que podem aumentar a freqüência das salas. Além disso, a tecnologia 3D gerou na prática um novo circuito de exibição, e o filme brasileiro também precisa disputar seu espaço nesse mercado. Por outro lado, como em breve não haverá mais distribuição regular de filmes em 35 milímetros, os custos elevados da modernização podem representar uma ameaça à própria sobrevivência do negócio, para muitos exibidores. Daí a importância de um modelo de financiamento que tem como diretrizes a idéia de que nenhuma sala de cinema pode fechar em função da transição tecnológica e a convicção de que o fortalecimento do mercado interno de cinema deve ser a alavanca para a indústria e sua inserção internacional.”
Manoel Rangel explicou também que todos os recursos da linha de crédito serão destinados à compra e instalação de projetores digitais e equipamentos acessórios, e que a linha de crédito ficará disponível por 24 meses, ou até o esgotamento dos recursos disponíveis, o que acontecer primeiro:
“A meta é digitalizar 1.400 salas em um prazo de 18 meses. Associado às medidas de desoneração tributária do RECINE e às linhas de crédito e investimento para abertura de salas do Programa Cinema Perto de Você, o lançamento dessa linha de digitalização reflete a atenção especial da política pública do audiovisual para a atividade de exibição. Quanto mais salas de cinema o país tiver, mais a sociedade brasileira será atendida por esse serviço cultural, e mais espaço haverá no mercado para o filme nacional.”
O BNDES será o agente financeiro responsável pelo enquadramento, análise e aprovação das propostas. Em sua apresentação, o diretor do banco Julio Ramundo lembrou que a parceria com a ANCINE já está rendendo frutos, como a abertura de mais de 150 novas salas de cinema por meio do Programa Cinema Perto de Você – o que reflete a importância crescente que a instituição financeira vem dando à economia criativa e à indústria audiovisual em particular:
“Além de ser um vetor do desenvolvimento, por apresentar um crescimento muito dinâmico, a economia criativa, ao proporcionar mais acesso a bens e serviços culturais, é uma ferramenta importante de afirmação da cidadania. A diversidade da cultura brasileira é um ativo importante, motivo de orgulho para a sociedade brasileira e objeto de reconhecimento internacional. Por tudo isso a cultura é hoje uma das prioridades do BNDES. Mas ainda existem entraves e um caminho enorme a percorrer. Precisamos atender a todas as salas, com capilaridade, de forma a garantir a toda a sociedade brasileira o acesso ao cinema. O importante é que, ao criarmos essa nova linha de crédito, transformamos um risco de aniquilamento de pequenos exibidores numa enorme oportunidade de crescimento. Mas este é só o início do trabalho.”
Concluindo a cerimônia, a ministra Marta Suplicy elogiou o trabalho conduzido pela ANCINE no fomento ao cinema e ao audiovisual brasileiro e destacou a parceria do BNDES com o Ministério da Cultura em diferentes programas:
“Está cada vez mais claro para todos que a Era de Gutenberg acabou, e que já estamos na Info-Era. Com essa iniciativa, que alavancará o cinema brasileiro, começamos finalmente a entrar no século 21. Há pouco tempo comecei a entender o conceito de “soft power”, o esforço estratégico que os países fazem para difundir uma imagem positiva no mundo. Foi isso que fizeram os Estados Unidos com os filmes de Hollywood, que tiveram uma enorme influência colonizadora. Com sua diversidade cultural gigantesca, o Brasil tem tudo para ‘arrebentar’ no exterior, e o cinema é o veículo perfeito para essa inserção internacional.”
Na plateia, além de representantes de empresas exibidoras e outros agentes econômicos do audiovisual, estavam presentes os diretores da ANCINE Glauber Piva e Vera Zaverucha, a superintendente executiva e futura diretora da Agência Rosana Alcântara, os deputados Benedita da Silva, Edson Santos e Jandira Feghali e o presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim.
- Veja a apresentação do diretor-presidente da ANCINE, Manoel Rangel, no evento
- Saiba mais sobre o eixo Digitalização do Programa Cinema Perto de Você