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Longa "Cinema novo" é eleito o melhor documentário do festival. Curta "A moça que dançou com o diabo" ganha menção especial do júri
Filmes brasileiros voltam premiados do Festival de Cannes
O cinema brasileiro tem muito a comemorar o resultado da 69ª edição do Festival de Cannes . Na Competição Oficial de Curtas-Metragens, "A moça que dançou com o diabo", de João Paulo Miranda Maria, ganhou menção especial do júri oficial. O prêmio foi anunciado na cerimônia de premiação na noite de domingo. Na véspera, o longa "Cinema novo", de Eryk Rocha, exibido na mostra Cannes Classics, recebeu o prêmio L'Oeil D'Or (Olho de ouro), honraria entregue ao melhor documentário entre as obras exibidas em todas as seções do festival.
Rodado no município de Rio Claro (SP) e produzido ao custo de R$ 500, "A moça que dançou com o diabo" é uma releitura contemporânea de uma lenda centenária do interior paulista. Na adaptação, uma menina vive o conflito entre a religião e suas descobertas da adolescência. O diretor João Paulo Miranda Maria já havia exibido o curta "Command Action" na Semana da Crítica do Festival de Cannes em 2015. A Palma de Outo de melhor curta-metragem ficou com o espanhol "Timecode", de Juanjo Gimenez.
Vencedor do prêmio Olho de ouro, o documentário "Cinema novo", de Eryk Rocha, é um ensaio poético com cenas e depoimentos de grandes nomes do movimento cinematográfico brasileiro que dá nome ao filme, como Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade, e Glauber Rocha, pai do diretor. "Cinema novo" recebeu investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual em sua produção.
O diretor-presidente da ANCINE, Manoel Rangel, parabenizou o diretor Eryk Rocha e sua equipe: "No filme vemos eclodir a poesia, a contundência e a lucidez do Cinema Novo em seu tempo. São planos e sequências dos filmes do cinema novo de muita força, delicadamente articulados às falas dos jovens realizadores, tudo marcado pela ânsia do futuro e do Brasil. Filme que fala ao Brasil de hoje", apontou ele, que representou a ANCINE no festival, ao lado do assessor internacional da Agência, Eduardo Valente.
Nosso representante na disputa pela Palma de Ouro entre os longas-metragens, "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, voltou sem prêmios mas com um saldo bastante positivo na bagagem. O longa teve sessões muito aplaudidas e recebeu críticas positivas da grande maioria da imprensa especializada internacional.
Para o jornal britânico The Guardian, o filme é uma "rica e misteriosa história brasileira sobre desintegração social". O português Público definiu o longa como " “um filme sensualíssimo, sereno e sinistro sobre a memória ameaçada”. Já para a revista especializada Variety, “Aquarius é um estudo de personagem, bem como uma meditação perspicaz sobre a transitoriedade desnecessária de um local e como o espaço físico define nossa identidade”. Por sua vez, a crítica da publicação britânica The Telegraph chamou atenção para a atuação de Sônia Braga: "Aquarius possui o momento exato em que você enxerga Sonia Braga sendo indicada ao Oscar". Segundo Kleber Mendonça Filho, "Aquarius" sai de Cannes com exibição garantida em 18 países. A Palma de Ouro ficou com o drama britânico "I, Daniel Blake", de Ken Loach.
“Cinema Novo”, “A moça que dançou com o diabo” e “Aquarius”, assim como nossos outros dois representantes na Croisette ("O delírio é a redenção dos aflitos", de Fellipe Fernandes, na Semana da Crítica; e “Abigail”, de Isabel Penoni e Valentina Homem, na Quinzena dos Realizadores), receberam o auxílio do Programa de Apoio à Participação de Filmes Brasileiros em Festivais Internacionais e de Projetos de Obras Audiovisuais Brasileiras em Laboratórios e Workshops Internacionais da ANCINE .