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Coproduções binacionais e film comissions foram alguns dos temas abordados na programação paralela ao Festival do Rio
ANCINE participa de workshops sobre o mercado audiovisual no Rio Market 2017
Considerado um dos principais encontros de negócios e relacionamento do setor audiovisual do país, o Rio Market 2017 – evento paralelo ao Festival do Rio que acontece de 9 a 14 de outubro – teve a presença da ANCINE em sua extensa programação.
Na segunda-feira, dia 9, a assessora Internacional da ANCINE, Ana Julia Cury Cabral, fez uma apresentação no debate “Novos fundos, novos acordos: o que o futuro reserva ao negócio audiovisual entre Brasil e Itália”, no Hotel Royal Tulip, em São Conrado, zona oeste carioca. Também participaram da mesa redonda Roberto Stabile, diretor do Departamento Internacional da Associazione Nazionale Industrie Cinematografiche Audiovisive Multimediali (Anica), Claudia da Natividade, sócia da Zencrane Filmes, além de produtores, promotores e consultores do audiovisual italiano.
Ana Julia falou sobre os esforços da Agência no sentido de aumentar o intercâmbio entre os dois países e explicou como funcionam os acordos de coprodução internacional e os programas de promoção à participação brasileira em eventos estrangeiros.
A assessora internacional comentou sobre a existência de uma versão revisada do acordo existente com a Itália, já aprovada pelo Brasil. Pelo ajuste, a participação minoritária em obras em regime de coprodução entre os dois países é reduzida de 30% para 20%. Para entrar em vigor, porém, o documento ainda aguarda aprovação no parlamento italiano.
Foram lembradas, ainda, as vantagens do acordo para os projetos e filmes oficialmente reconhecidos como coproduções internacionais pela ANCINE, ou seja, a possibilidade de acesso ao Fundo Setorial do Audiovisual – FSA, a redução do valor da Condecine e o cumprimento de cota de tela.
Por fim, a assessora internacional mencionou o número de coproduções entre Brasil e Itália nos últimos onze anos (um total de quatro filmes) e reforçou que a ANCINE seguirá trabalhando para uma expansão dessas parcerias, tendo em vista o potencial histórico de cultural de integração entre os dois países. “Existe uma aproximação cultural entre Brasil e Itália e isso torna mais fácil a coprodução. É um número tímido, mas vamos estimular a criação de novas condições para um maior intercâmbio. Obviamente alavancar recursos em outro país é importante para viabilizar seu projeto, mas a coprodução não se resume a isso. Pelo contrário, a qualificação dos profissionais por meio da troca de expertise é o principal objetivo do acordo bilateral”, destacou Ana Julia.
Film comissions
Na quarta-feira, dia 11 de outubro, foi a vez da diretora presidente em exercício da ANCINE, Debora Ivanov, participar do “Workshop de Film Commissions” do Rio Market. O encontro teve mediação de Steve Solot, diretor Executivo da Rede Brasileira de Film Commissions (Rebrafic), e participação de Luciane Gorgulho, chefe de Departamento da Área de Indústria e Serviços do BNDES, Ana Paula Melo Sylvestre, diretora de Políticas Audiovisuais do Ministério da Cultura, e Luiz Antônio Gerace, presidente do Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual (STIC).
Debora explicou que a ANCINE trabalha junto com a Rebrafic na elaboração de estratégias e ações para contribuir para o crescimento e fortalecimento das film comissions. Ela lamentou que a Agência praticamente não tem recursos para apoio, o que compromete as ações da ANCINE em relação a apoios à capacitação, cinematecas, festivas e comissões cinematográficas.
A diretora-presidente ressaltou, porém, que a Agência busca com o Comitê Gestor do FSA e com a Rebrafic outras formas de colaborar. E citou como exemplo a Linha de Arranjos Regionais. Debora explicou que recentemente houve mudança nas regras, o que permite que os agentes locais tenham mais liberdade na aplicação de recursos.
“A ANCINE estimula a produção local não só com investimento direto, mas através de parcerias com governos locais. Só que esses recursos eram destinados sempre à produção. Mudamos a regra para que o ente local possa investir naquilo que entender que é estratégico. Seja formação de capacitação, de cinema, de film commission ou festival. Dessa forma, temos uma maior diversidade de ação”, afirmou.
Outra ação prevista é o levantamento, pela ANCINE, de informações sobre as film commissions já existentes. A ideia é, num primeiro momento, abrir um processo de credenciamento a fim de mapear as comissões em atividade hoje no país. Após esse mapeamento, a Agência buscará construir uma diretriz de ação sobre o tema.
“A ANCINE é o órgão que é a primeira referência para o estrangeiro. E nessa primeira referência ele terá acesso a quais film comissions estão estruturadas e podem ser procuradas com confiança”, adiantou Debora Ivanov.
Coprodução
Na quinta-feira, 12, Debora Ivanov esteve novamente no Rio Market e participou do painel “Coprodução entre Brasil e Reino Unido”, ao lado de Isabel Davis, diretora internacional do BFI (British Film Institute), e Rosana Alcântara, consultora e advogada do setor audiovisual e ex-diretora da Agência. O encontro, mediado por Alberto Flaksman (ex-assessor internacional da ANCINE e sócio da A.F Produções Artísticas), reuniu as autoridades dos dois países para debater a formalização do acordo internacional de coprodução para cinema e TV entre os territórios, promulgado em março.
A diretora-presidente em exercício da ANCINE destacou que este acordo abre uma série de oportunidades para os produtores brasileiros, uma vez que o Reino Unido tem uma das maiores e mais desenvolvidas indústrias audiovisuais do mundo.
“Importantíssimo que o acordo preveja também em seu escopo as produções voltadas para televisão. Com isso temos potencial para aumentar o volume de negócios entre empresas brasileiras e britânicas do setor audiovisual”, explicou Debora.
Em sua apresentação, a diretora explicou ainda que para uma obra ser considerada coprodução oficial entre Brasil e Reino Unido é necessário ao menos um coprodutor britânico e um brasileiro no projeto, e também que cada país envolvido aporte, no mínimo, 20% da verba de produção e, no máximo, 80%. “As obras que obtiverem reconhecimento definitivo de coprodução passam a receber tratamento idêntico para a concessão de qualquer dos benefícios disponíveis às produções nacionais, permitindo o acesso às ferramentas de fomento dos países envolvidos”, completou.