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Primeiro dia do Segurança em Foco no Rio reúne profissionais do setor aéreo
Segurança em Foco
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) deu início nesta terça-feira, 7 de junho, ao Segurança em Foco, no Rio de Janeiro. O evento aconteceu de forma presencial, após dois anos sendo realizado virtualmente. O primeiro ciclo de palestras abordou aspectos de segurança relacionados a fatores externos à aviação como fauna e risco baloeiro, além de apresentar o panorama das ocorrências aeronáuticas e o guia de boas práticas. Ainda terão mais dois dias de apresentações sobre segurança na aviação.
Ocorrências Aeronáuticas
A primeira palestra apresentou um “Panorama estatístico da área do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA), ocorrências aeronáuticas e os Fatores Contribuintes que mais surgiram e suas recomendações de segurança operacional”. O tenente coronel aviador chefe do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA III), Flávio Cardoso Abadie, abordou os principais conceitos que envolvem os SERIPAs, o movimento nos principais aeroportos brasileiros, as recomendações de segurança, além de fazer o histórico das ocorrências aeronáuticas e indicar os dados e as estatísticas.
Segundo Abadie, houve uma queda no número de ocorrências aeronáuticas nos últimos dez anos. Nesse tempo, os principais registros foram falha de motor em voo e perda de controle em voo. Em relação aos fatores contribuintes que mais tiveram presentes nas ocorrências relacionadas ao fator humano, houve o aspecto médico, aspecto psicológico e ergonômico. Já no fator material, houve aspecto de fabricação, aspecto de manuseio do material e aspecto do projeto. Quanto ao fator operacional, houve desempenho técnico do ser humano, infraestrutura aeroportuária e infraestrutura do tráfego aéreo.
Balonismo x Risco Baloeiro
A sargento do destacamento de controle do espaço aéreo do Aeroporto do Galeão, Mariane Baiense Silva de Lima, palestrou sobre “Os estragos que um balão clandestino pode causar a aviação”. Ela conceituou e caracterizou o balonismo, sendo regulamentado para aviação geral e para fim puramente desportivo. Já o risco baloeiro, definiu como crime ambiental, uma atividade não regulamentada e que oferece risco à aviação e consiste na soltura de balão não tripulado.
Segundo Mariane, estima-se que sejam soltos cerca de 100 mil balões por ano no Brasil. Os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo são os que mais relatam avistamentos de balões não tripulados. A sargento explicou que o balão clandestino prejudica a aviação, porque é incontrolável, não é detectado pelos radares (apenas pela observação), desvio de atenção (aumento de carga de trabalho e do nível do estresse dos pilotos), desvio da trajetória, manobra evasiva brusca, paralização das operações nos aeródromos, atrasos e colisão.
Um balão clandestino pode causar danos à aviação tanto no ar quanto no solo. De acordo com a palestrante, ao sobrevoar centros urbanos, o balão, dependendo de como foi construído, pode ser sugado pelo motor da aeronave ou até mesmo danificar alguma parte da estrutura do avião, no momento do impacto. A maior parte dos registros, conforme explicou a sargento Mariane, é de avistamento e não de colisão e em baixas altitudes.
Assim que um balão é avistado, o primeiro passo é comunicar a aviação e órgãos operacionais adjacentes para auxiliar e prevenir problemas. Em seguida, essa informação é adicionada ao Serviço Automático de Informação Terminal (SAIT, do inglês Automatic Terminal Information Service – ATIS), transmissão contínua com as mensagens mais relevantes do aeroporto para o piloto.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) tem uma Ficha de Notificação de Ocorrência com Balão (clique no link para acessar). O registro de quedas e avistamentos de balões auxilia no mapeamento das áreas de risco.
Gerenciamento de Risco de Fauna
Na palestra sobre o “Gerenciamento de Risco de Fauna”, a gerente de sustentabilidade do Aeroporto Internacional do Galeão, Milena Maria Martorelli, apresentou as principais diretrizes e regulações da legislação federal, como o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil n° 153, o Manual de Gerenciamento de Risco da Fauna e a Resolução n° 466 de 5 de fevereiro de 2015 (clique nos links para acessar). Martolelli também explicou o sistema integrado de gestão ambiental, a identificação do perigo da fauna, o plano de gerenciamento do risco da fauna, o plano de manejo da fauna e o manual de indicadores.
Segundo a gerente, a partir de vistorias contínuas, é feita uma análise do ambiente aeroportuário e do entorno para verificar a fauna presente. O objetivo é tentar prever e evitar a colisão de aeronaves com animais. Martolelli explicou que não se trata de eliminar risco de fauna, tampouco abater as espécies, mas sim trazer o equilíbrio entre a operação e o meio ambiente. Caso o evento de colisão aconteça, tem uma série de processos a serem realizados por vários profissionais que são continuamente capacitados.
Barreiras físicas ou sonoras são utilizadas para realizar um controle de forma ecológica e cumprir normas ambientais que devem ser seguidas, conforme informou Martolelli. Ela esclareceu que, com a identificação do risco da presença de alguma espécie no aeródromo ou nas proximidades, é realizado um manejo de habitat, que tem o objetivo de deixar o ambiente desconfortável para os animais. Por exemplo, instalação de cerca, corte de grama, e alimentação. Alguns dos animais mais comuns são o quero-quero, o urubu, o carcará e a fragata.
Guia de Boas Práticas
A gestora de segurança operacional do Aeroporto Internacional do Galeão, Estela Geremias de Andrade, falou sobre o “Guia de Boas Práticas para uso do espaço aéreo em torno do aeroporto”. As práticas são adotadas pelo aeroporto, sendo relevantes para a segurança da aviação.
Estela apresentou os riscos externos à aviação, como drones, risco baloeiro e apresentou o tema Objeto Projetado no Espaço Aéreo (OPEA), destacando que, quando do uso temporário de equipamentos como grua ou guindastes, dentro do sítio aeroportuário, deve ser solicitada a deliberação do Comando da Aeronáutica (COMAER), visto que objetos não contemplados no Plano Básico de Zona de Proteção do Aeródromo (PBZPA) podem trazer riscos às operações aéreas. Para todos esses casos, há procedimentos de segurança operacional, para salvaguardar a segurança da aviação. “Aos aeroportos, cabe a atividade de prevenção, que é realizada a partir do ensino de crianças, por meio de trabalho de conscientização. Às autoridades, fica a responsabilidade pela punição”, alegou Estela, no que diz respeito à soltura de balões e uso irregular de drones.
Assessoria de Comunicação Social da ANAC