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22 de junho: Dia do Aeroviário
Nacionalmente, é comemorado, em 22 de junho, o dia dos profissionais aeroviários - todos aqueles que trabalham no serviço da aviação em solo, ou seja, serviços de check-in, no embarque e desembarque de bagagens, nas manutenções dos aviões, operações de equipamentos, controladores de tráfego aéreo, entre outras funções.
Ser aeroviário é contribuir para a eficiência do transporte aéreo no País por meio de atividades essenciais.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) parabeniza todos os aeroviários do Brasil pelo seu dia e reconhece a inestimável importância desses profissionais para o transporte aéreo!
Saiba um pouco mais sobre a atividade dos aeroviários pelas palavras de uma das aeroviárias do Aeroporto Internacional de Brasília:
Nome: Shize Szervinsks
Função: Agente aeroportuário – atua na área desde 2009
Como é o dia a dia do aeroviário?
O aeroviário tem uma característica de entrega, eu acho que não é igual um trabalho que você coloque um sapato, uma calça jeans e vai para um escritório. Você precisa ter todo um planejamento antes de se compor como um aeroviário porque, desde o momento que você acorda, até o momento que você sai da sua casa, você tem que se preparar para receber o cliente, prepara a sua auto motivação. É fazer uma bela maquiagem, estar sempre com as características do aeroporto, porque cada empresa possui o seu manual de apresentação pessoal.
Então, o aeroviário tem um perfil diferente. Além do mais, a gente trabalha com pressão, temos que nos preparar psicologicamente para vir trabalhar. Ao mesmo tempo que a gente recebe o cliente, atrás das “coxias”, digamos assim, a gente tá sendo pressionado a tirar um voo no horário, a receber uma máxima assistência da melhor forma, dar o seu melhor todos os dias. Isso é um diferencial muito grande do perfil do aeroviário. Ele não se entrega só de corpo, mas também de alma. Desde o momento que você sai de casa, até o momento que você recebe o cliente com um sorriso, até o “tchau, boa viagem”.
Quais são os momentos mais difíceis que vocês passam durante o dia a dia?
É o momento o qual a gente chama de contingência: atraso de voo, cancelamento, aeronave em manutenção. Esses são os momentos mais críticos do nosso trabalho, que é o momento que a gente tem que cuidar de acomodações, ligar para outras companhias para ajudarem. Acho que esse é o momento de maior pressão.
Quando foi que surgiu o seu interesse de trabalhar na área?
Na verdade, eu era auditora fiscal de uma ONG chamada “alfabetização solidária” e eu viaja demais, visitei demais o nordeste inteiro. Nessa experiência, eu me apaixonei com o cuidado das comissárias, do piloto e de toda a estrutura terrestre. Como eu sou de Brasília e morei muito tempo no nordeste porque eu viajava sempre para lá como auditora, eu vi o cuidado que as pessoas tinham com o próximo. Quantas vezes eu viajei e tinham duas ou três comissárias que ficavam próximas porque eu sempre tinha crise no ouvido? Eu me perguntava “Em que setor eu vou conseguir isso? Ter um elo de proximidade tão grande com os funcionários.” .
Até pela criação que eu tive. Meus pais sempre me falaram “sempre se coloque no lugar do outro”. Então a profissão que mais me proporcionou isso foi no ramo da aviação que é um perfil totalmente diferente. A nossa profissão exige ser mais próximo, mais humano e de trazer do mercado da aviação ou até fora do mercado da aviação os melhores, os que cuidam das pessoas.
Como é a preparação para virar um agente aeroportuário?
Primeiramente, é preciso saber uma língua além do português, isso é um diferencial muito grande, conhecer muito bem a geografia do Brasil, ter uma boa dicção, possuir uma boa ortografia e um raciocínio-lógico legal.
Como é um trabalho de muita pressão, é necessário muitas fazer um cálculo de cabeça. Tudo isso, as empresas aéreas exigem. Alguns aspectos são muito particulares da profissão do aeroviário e o que me preparou para tudo isso foi o meu curso de Comunicação Social. Então, eu achei mais tranquilo do que uma pessoa que não tenha o costume de falar em público ou escrever, por exemplo. Existem cursos preparatórios para fazer, mas não são obrigatórios. Eu gosto muito de lembrar que o que te prepara para o mercado da aviação não é o curso que você divide em dez vezes, é a sua busca por ser um profissional melhor. Não é um diferencial competitivo, mas é bom para você como ser humano saber “será que aviação é isso mesmo?’’. A visão de um cliente que viaja é totalmente diferente de um cliente que vai fazer um curso como esse.
Tem algum fato curioso, divertido ou atípico que tenha acontecido contigo alo longo dos seus sete anos de profissão?
Em 2010, atendemos um grupo de pesquisadores da UnB que iam transportar fezes de macaco. Foi uma situação muito atípica. Segundo regulamentações, você tem que abrir a caixa e verificar o conteúdo. Quando eu falei com os pesquisadores, eles falaram que não precisava abrir e eu disse que infelizmente teria que abrir a caixa porque é um procedimento de segurança. Perguntei várias vezes “qual é o conteúdo da caixa?”, e eles me falaram bem baixinho “são fezes”, eu disse “moço, isso é cocô?”. Não pode transportar sangue, nem nada nada similar pode ser transportado como bagagem. Tem algumas empresas que a legislação permite, mas não a que eu trabalhava na época.
Qual o recado você daria para as pessoas que estão se preparando para essa profissão?
Eu auxilio muito o gerente da base com seleção de candidatos e costumamos dizer que aqui somos um tipo de “caça-talentos”. Temos um perfil muito diferente que é você pegar uma pessoa que esteja acostumada a trabalhar com pessoas. Em uma seleção de 50, passam 12. Porque elas não se preparam para coisas como fazer uma redação, conhecer capitais e estados, executar cálculos simples. As vezes são pessoas muito boas que fizeram programas de voluntariados, só que não conseguem passar.
Então a dica que eu dou é que venha com o coração, pois é um segmento muito diferenciado. Tem que lidar com pessoas, com vários tipos de público. Esses é que sabem o quanto é importante você saber lidar com uma pessoa que tem uma prerrogativa de cargo, uma pessoa que nunca viajou, uma pessoa que já é um executivo, então são vários perfis. Também tem que se preparar para as provas que são eliminatórias, venham com o coração e com objetivo de servir, e servir com o amor.
Assessoria de Comunicação Social da ANAC