Cinzas Vulcânicas
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As cinzas vulcânicas também representam grande risco para a aviação, pois podem danificar os motores das aeronaves e reduzir drasticamente a visibilidade.
Fonte: Bom.gov.au
A Cinza vulcânica é composta por partículas vulcânicas vítreas, expelidas pelos vulcões durante uma erupção explosiva. Têm até 2 mm diâmetro.
Essas erupções consistem essencialmente na saída, para a superfície terrestre e para a atmosfera, de magma ou material fluido gerado no interior do vulcão e também na liberação de grande quantidade de gases, que são responsáveis pelos fenômenos explosivos da atividade vulcânica.
Durante o trajeto ascendente, depois da explosão, essas partículas se solidificam e formam uma nuvem.
Fonte: BBC
As nuvens de cinzas podem se manter por vários meses, até mesmo um ano a mais de 18 quilômetros de altitude, podendo ocasionar bloqueio de espaço aéreo ou interrupção de operações em aeroportos, a depender da direção e intensidade dos ventos.
Podem causar também danos às aeronaves em voo e no solo, atrasos, cancelamentos, realinhamento da malha aérea, e necessidade de limpeza de aeroportos e de equipamentos de auxílio à navegação aérea.
Na alta atmosfera, onde circulam as aeronaves comerciais, a cinza vulcânica pode causar avaria no motor, danificar as pás das turbinas ou as sondas eletrônicas de Pitot.
Os aviões comerciais a jato são os que sofrem os danos mais graves, quando voam através de nuvens que contêm detritos e gases produzidos por erupções vulcânicas.
Nos sistemas de propulsão, efetivamente, são três os efeitos que mais contribuem para os danos: erosão dos rotores do compressor, formação de silicatos fundidos nas câmaras de combustão e nas turbinas e a obstrução do sistema de combustível e de resfriamento do motor.
Nas superfícies da aeronave, os danos mais graves podem ocorrer no para-brisas da cabine de comando, com a perda da visibilidade pelos pilotos e a não confiabilidade das informações de velocidade, devido à obstrução do tubo de pitot.
Além disso, as cinzas podem danificar também outros instrumentos no exterior da aeronave, como as antenas de rádio, o que impede a comunicação e o pouso por instrumentos, além de bloquear o sistema de resfriamento ou causar falsos alarmes de incêndio no compartimento de carga.
É importante ressaltar que as nuvens de cinzas vulcânicas não são detectadas pelos radares meteorológicos a bordo de aeronaves.
Nota 7-1
Após atravessar uma nuvem de cinza vulcânica, recomenda-se que seja feita uma verificação completa nos motores da aeronave, para identificar possíveis danos.
De acordo com a Filght Safety Foundation – FSF (1993), durante algumas erupções vulcânicas, os pedaços de rocha e de vidro que são lançados podem ultrapassar 30 mil metros de altitude e, em algumas situações, quando associados às fortes correntes de ar, se afastam do ponto de origem, podendo, em alguns casos, circular o globo terrestre.
Por conta disso, as cinzas vulcânicas podem causar um impacto em grande escala para o tráfego aéreo internacional.
A ameaça das nuvens de cinzas vulcânicas à segurança de voo atraiu a atenção da comunidade aeronáutica, quando várias aeronaves comerciais sofreram danos graves, após se depararem com esse fenômeno.
O caráter imprevisível das erupções vulcânicas torna este fenômeno ainda mais preocupante.
Para informar a aviação internacional sobre a posição e os movimentos destas nuvens de cinzas vulcânicas e proteger aviação internacional desse constante risco, foram instalados “centros de monitoramento de cinzas vulcânicas” em institutos meteorológicos em 9 regiões do mundo. Esses centros monitoram as cinzas, baseados em informações de terra, relatórios de pilotos, imagens de satélites e modelos numéricos de dispersão de cinzas vulcânicas.
O centro mais próximo do Brasil é VAAC da Argentina. Eles estão assim distribuídos pelo mundo:
Anchorage VAAC - Anchorage, AK, United States
Buenos Aires VAAC - Buenos Aires, Argentina
• http://www.smn.gov.ar/vaac/buenosaires/inicio.php?lang=es
Darwin VAAC - Darwin, Australia
• http://www.bom.gov.au/info/vaac/
London VAAC - London, United Kingdom
• http://www.metoffice.gov.uk/aviation/vaac/
Montreal VAAC - Montreal, Canada
• http://meteo.gc.ca/eer/vaac/index_e.html
Tokyo VAAC - Tokyo, Japan
• http://ds.data.jma.go.jp/svd/vaac/data/index.html
Toulouse VAAC - Toulouse, France
Washington VAAC - Washington, DC, United States
• http://www.ospo.noaa.gov/Products/atmosphere/vaac/index.html
• http://www.ssd.noaa.gov/VAAC/messages.html
Wellington VAAC - Wellington, New Zealand
No Brasil, apesar de não existirem vulcões, as nuvens de cinzas vulcânicas oriundas de vulcões da Argentina e do Chile podem influenciar no tráfego aéreo brasileiro.
Um caso recente ocorreu em 2011. O vulcão Puyehue entrou em erupção e lançou rochas, cinzas e gases no espaço aéreo do Chile. A explosão do Puyehue gerou uma coluna de cinzas e gases com 10 Km de altura e com largura de 5 Km, que atingiu rapidamente uma extensão aproximada de 3.300 quilômetros.
A coluna de cinza vulcânica foi transportada pelos ventos para o território argentino, causando queda de grande quantidade de cinzas na cidade vizinha de San Carlos de Bariloche. O material vulcânico transportado pelos ventos chegou até o oceano Atlântico, gerando problemas para a navegação aérea.
A nuvem de cinzas expelida pelo vulcão prejudicou voos de aeroportos na Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. No Brasil, a nuvem causou cancelamentos principalmente no aeroporto de Porto Alegre.
Segundo informações do DECEA, este evento ocasionou considerável impacto operacional, ocasionado atrasos em mais de dez mil voos e o cancelamento de 5.017 voos nacionais e internacionais.
Fonte: NASA
Fonte: NASA
Fonte: NASA
Na fase de planejamento de voo, a ocorrência de cinzas vulcânicas no aeródromo de partida, ao longo da rota ou no aeródromo de destino pode ser identificada através da consulta de boletins meteorológicos.
Clique na imagem para ampliar.
Fonte: World Meteorological Organization
Este fenômeno foi mencionado nos relatórios de investigação dos seguintes acidentes/incidentes:
- B744, en-route, Alaska USA, 1989
-
B742, en-route, Mount Galunggung Indonesia, 1982
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