História da Aviação
Desde a era pré-histórica o ser humano observava pássaros voando e queria imitá-los, porém não tinha poder para fazê-lo. A lógica dizia que se os pequenos músculos dos pássaros poderiam fazê-los levantar no ar e sustentá-los, os músculos maiores do ser humano poderiam duplicar essa proeza. Ninguém tinha conhecimento sobre o complexo entrosamento dos músculos, tendões, coração e sistema respiratório que fazem um pássaro alçar voo. Muitos anos e vidas foram perdidas em tentativas para voar.
A identidade dos primeiros “homens-pássaros” que se adaptaram com asas e saltaram de penhascos em um esforço para voar estão perdidos no tempo, mas cada erro gerou, naqueles que desejavam voar, perguntas a serem respondidas. Como essas asas melindrosas deram errado? Filósofos, cientistas e inventores ofereceram soluções, mas ninguém poderia adicionar asas ao corpo humano e voar como um pássaro. Durante os anos 1500, Leonardo da Vinci encheu páginas de seus cadernos com esboços de propostas de máquinas voadoras, mas a maioria de suas ideias eram falhas porque ele se agarrou à ideia de asas semelhantes às dos pássaros. Em 1655, o matemático, físico e inventor Robert Hooke concluiu que o corpo humano não possuía força para suportar asas artificiais. Ele acreditava que o voo humano precisaria de alguma forma de propulsão artificial.
A busca pelo voo humano levou alguns praticantes a outra direção. Em 1783, o primeiro balão de ar quente tripulado, fabricado por Joseph e Etienne Montgolfier, voou por 23 minutos.
Dez dias depois, o professor Jacques Charles lançou o primeiro balão à gás. A loucura por voo de balão cativou a imaginação do público e por um tempo os entusiastas do voo voltaram suas experiências para a promessa de um voo mais leve que o ar. Mas apesar de toda sua exuberânciax’ no ar, o balão era pouco mais do que um monte de tecido flutuando em uma única direção ao sabor dos ventos.
Os balões resolveram o problema de elevação, mas isso foi apenas um dos problemas do voo humano. A incapacidade de controlar a velocidade e a direção afastou balonistas. A solução para esse problema estava em um brinquedo infantil, a pipa, conhecido no Oriente por 2.000 anos, mas que não havia sido apresentado ao Ocidente até o século 13. As pipas usadas pelos chineses para observação aérea, para testar ventos para navegar, como um dispositivo de sinalização e como um brinquedo, trazia muitas respostas para levantar um dispositivo mais pesado que o ar no ar.
Um dos homens que acreditava que o estudo das pipas desvendaria os segredos do voo com asas foi Sir George Cayley. Nascido na Inglaterra 10 anos antes do voo de balão Mongolfier, Cayley passou seus 84 anos procurando desenvolver um veículo mais pesado que o ar, sustentado por asas na forma de pipa. O “Pai da navegação aérea”, Cayley descobriu os principios básicos em que a ciência moderna da aeronáutica foi fundada, construiu o que ficou reconhecido como o primeiro aeromodelo de sucesso e testou o primeiro avião para transporte de homens em tamanho real na primeira metade do século XIX.
Durante meio século após a morte de Cayley, inúmeros cientistas, entusiastas de voo e inventores trabalharam para construir uma máquina voadora motorizada. Homens como William Samuel Henson, que projetou um enorme monomotor impulsionado por uma máquina a vapor alojada dentro da fuselagem, e Otto Lilienthal, que provou que o voo humano em aeronave mais pesada que o ar era prático, trabalharam em direção ao sonho do voo motorizado.
O inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, em 23 de outubro de 1906, foi a primeira pessoa a levantar voo em um veículo mais pesado que o ar sem ajuda de qualquer objeto propulsor, como uma rampa ou catapulta, para decolar.
Foi em Paris, na França, que aconteceu o primeiro voo do 14. Nessa época, a capital francesa era referência dentre as principais cidades do mundo quando o assunto era desenvolvimento e inovação. O feito do mineiro foi tão importante que durante as semanas seguintes Santos Dumont entrava para a história como um pioneiro da aviação mundial, recebendo o título de "Pai da Aviação".
Embora a contribuição dos irmãos Wright para a aeronáutica seja bem reconhecida, nunca houve evidência sólida do voo que eles realizaram em 17 de dezembro de 1903, sobre a cidade de Kitty Hawk, na Carolina do Norte. Além dos irmãos manterem silêncio sobre suas descobertas, não foram feitos registros fotográficos do voo. A primeira evidência de fato foi apresentada em 1908, já decorridos dois anos do voo que Santos Dumont realizou na França, em Bagatelle. Apesar da polêmica, Dumont foi a primeira pessoa na história a erguer um avião no ar sem a ajuda de nenhum outro meio.
Antes de realizar seu primeiro voo autônomo, o aeroplano 14-Bis de Santos Dumont voava acoplado ao seu balão dirigível número 14. Daí a razão do 14-Bis ter sido batizado com esse nome, fazendo referência ao balão 14 do inventor. Como medida de segurança e com a função de diminuir o peso do avião acoplado, o balão facilitava que o avião levantasse voo. Interessante que na França o 14-Bis era chamado por outro nome pelos franceses: "Oiseau de Proie", que significa "Ave de Rapina".